Review: maquininha de Cartões iZettle Reader

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Quem pensou em comprar uma das conhecidas “máquinas de cartão” provavelmente já deu de cara com a marca iZettle. Focada em oferecer aparelhos mais modernos e compactos do que aqueles “trambolhos” tão comuns de encontrar nas lojas, a empresa acabou ganhando a atenção do público com seu curioso iZettle Lite – que, inclusive, foi bastante elogiada por nós alguns anos atrás.

Agora, a empresa chega com uma nova proposta através de seu iZettle Reader. No lugar de um aparelho focado em ser o mais econômico e compacto possível, o assim chamado “Maquinão iZettle” é um pouco mais próximo do iZettle Pro em seu funcionamento e design, sendo mais um meio-termo entre funcionalidade e tamanho.

Mesmo assim, a ideia principal continua a mesma de toda a linha iZettle: trazer um aparelho eficiente focado nos pequenos comerciantes, incapazes de arcar com os altos preços de um modelo mais robusto – que muitas vezes é bem mais caro ou vem de companhias que cobram taxas altíssimas nas vendas.

Será que a empresa conseguiu equilibrar eficiência, facilidade de uso e versatilidade ainda mantendo o custo em um valor aceitável? Continue lendo para descobrir.

Praticidade é a alma do negócio

O primeiro contato que você tem com o iZettle logo que o tira da caixa pode ser um pouco... Decepcionante, digamos assim. O motivo? Seu design extremamente simples e compacto, que passa longe da elegância do iZettle Pro, faz com que ele mais pareça um “brinquedo” do tipo que poderia quebrar facilmente; é mal acabado ou tem funções limitadas.

Por falar no iZettle Pro, o Reader segue praticamente a mesma configuração em seu design. Na parte inferior, há uma entrada para cartões com chip; já na parte superior fica um leitor magnético para cartões um pouco mais antigos. O teclado numérico continua (embora os botões quadrados tenham sido trocados por versões redondas e menores), assim como a pequena tela monocromática.

De tão pequeno e simples, o iZettle Reader mais parece ser um brinquedo, a primeira vista

Felizmente, é só começar a usá-lo para que isso mude por completo. Dá para notar a atenção dada pela empresa aos mínimos detalhes: toda a carcaça traz um acabamento aveludado que é bem agradável ao toque, enquanto a parte traseira do aparelho tem um visual colorido que o deixa menos apagado em contraste com a frente branca e sem sal. Além disso, o formato da máquina a torna bastante confortável de segurar, e seu tamanho faz com que ela caiba certinho na palma da mão.

Apesar do visual um pouco "sem graça", o iZettle Reader compensa com um tamanho confortável para as mãos e uma carcaça que parece pronta para aguentar quedas e outros acidentes

Por falar em tamanho, está aí outro ponto digno de vários elogios. Apesar do apelido carinhoso de “Maquinão iZettle” dado pela empresa, o iZettle Reader é incrivelmente pequeno – quase tanto quanto sua versão Lite – e leve, do tipo que você pode levar no bolso discretamente sem muitos problemas. Mesmo assim, o aparelho não parece minimamente frágil, com uma construção robusta que tem cara de estar pronta para qualquer acidente.

Outra boa notícia é que, seguindo o caminho do iZettle Lite, o Maquinão iZettle conta com uma bateria interna que pode ser facilmente recarregada via cabo USB. Mas a melhor mudança certamente foi o abandono do cabo P2 para se conectar ao celular, dando lugar a uma conexão Bluetooth, bem como a adição de um leitor de cartões por proximidade via NFC.

Funcional e eficiente ao extremo

Ficou impressionado com o que descrevi do iZettle Reader até aqui? Isso porque não falei do instante em que se começa a usá-lo. Em primeiro lugar, o aparelho é incrivelmente rápido para entrar em operação: como prometido pela empresa, o leitor leva apenas três segundos (às vezes até menos) para ligar e se conectar ao seu celular a partir do momento em que você o liga. Não dá para ser muito mais rápido do que isso.

Toda essa eficiência também ficou bastante evidente na hora de realizar os pagamentos. Em meus testes, o processo foi praticamente instantâneo e, mesmo nos raros casos em que demorou mais, não levou mais do que três segundos, independente do valor, bandeira ou tipo de pagamento.

Igualmente digno de elogios é o app da iZettle. Disponível para download tanto na Google Play quanto no iTunes, o aplicativo pede apenas um breve login com sua conta no serviço da empresa e, de maneira geral, é bastante intuitivo. Com uma interface descomplicada, o software permite que catalogar todos os produtos (ou serviços) que você disponibiliza para uma rápida seleção na hora da venda – ou mesmo inserir um valor manual para a compra.

Ele também ganha pontos nesse sentido por permitir que você cheque recibos e relatórios dos pagamentos diários e mensais, facilitando a vida de quem quer gerenciar seu lucro de maneira cuidadosa. Vale notar que o app pode ser até usado para pagamentos em dinheiro, caso em que ele apenas registra o para facilitar os cálculos.

Preparação tão fácil quanto possível

Antes de conseguir tirar proveito de todo esse poder, no entanto, você ainda deve passar por uma parte que sempre desanima muita gente: configurar o aparelho para uso.

A boa notícia é que, como nos dispositivos anteriores da iZettle, fazer isso continua extremamente fácil. Basta acessar este link para efetuar o cadastro de seus dados e, em instantes, você já está quase pronto para usar o Maquinão.

Cadastrar sua conta não é mais difícil do que em praticamente qualquer serviço online

Tudo o que resta é abrir o app no celular, fazer o login em sua conta e parear a máquina com seu celular. O processo é praticamente o mesmo que você faria com um dispositivo Bluetooth comum, com a diferença de que, por motivos óbvios, é necessário inserir um código de segurança para garantir que a sincronização não foi feita com o dispositivo errado.

Não é para todos

Feitos todos os elogios, precisamos falar sobre uma “fraqueza” do iZettle Reader. Ou melhor: de algo que é praticamente padrão para as maquininhas Bluetooth, e sua falta pode afastar muitos interessados no aparelho. Estamos falando, é claro, da falta de um impressor de comprovantes, que está sempre presente nas máquinas de cartão comuns.

Para “compensar” essa fraqueza, o aplicativo do iZettle permite que você envie esses dados ao cliente via email ou SMS, mas isso raramente satisfaz aqueles que pedem esses comprovantes. Da mesma forma, é possível imprimir a notinha também pelo app, mas isso pede o investimento extra em uma impressora – o que vai de contra à proposta da empresa em mirar no público-alvo de baixo poder aquisitivo.

A falta de uma impressora ainda é o maior impecilho para todo o gênero das 'maquininhas' ganhar maior adoção no Brasil

Diferente das limitações de compatibilidade que haviam em seus antecessores, porém, o Maquinão se destaca por funcionar com absolutamente qualquer dispositivo Android ou iOS do mercado. De fato, a iZettle está tão confiante nisso que se compromete a devolver seu dinheiro no prazo de 30 dias corridos caso seu celular ou tablet seja uma exceção. Não há como negar que esse é um dos melhores passos para frente que a companhia já deu com seus dispositivos.

Preparado para o futuro. Ou quase isso.

Ainda nos “problemas” do Maquinão iZettle, a questão dos pagamentos de proximidade também foi bastante decepcionante. O motivo? Simples: o aparelho não foi feito para utilizar aplicativos de pagamento via NFC, como o Android Pay, o Apple Pay ou o Samsung Pay.

Para que a ferramenta foi feita, nesse caso? Para ser usada em cartões de crédito com chip NFC. Não se culpe se nem souber do que estamos falando, pois essa tecnologia é raríssima por aqui, fazendo parte de tantas daquelas ideias que simplesmente “não vingaram” no Brasil.

Por que dar prioridade aos raros cartões NFC a ter suporte a apps de pagamento? Nós simplesmente não sabemos. Mas definitivamente não aprovamos a decisão

Por que dar prioridade a esse tipo de tecnologia, que é rara mesmo lá fora, a ficar com os aplicativos de pagamento que têm uma base instalada maior e cujo acesso é relativamente fácil para boa parte dos donos de smartphones? Nós simplesmente não sabemos. Mas definitivamente não aprovamos a decisão da iZettle.

“E as taxas?”

Chegou a hora de responder a essa pergunta que já deve estar na cabeça de muitos. Para começar, uma boa notícia: o iZettle é um dos diversos serviços que aboliram o pagamento de mensalidades pelo aparelho em si e o uso de sua conta. Só isso já promete ajudar bastante na sua carteira.

No lugar disso, tudo o que você paga é uma porcentagem de cada compra feita. O valor varia de acordo com o tipo de pagamento escolhido: no débito, a iZettle fica com apenas 2,39%, enquanto no crédito, à vista, a fatia sobe para 4,99%. Quer comprar em vezes? Então é só adicionar 1,99% para cada parcela.

Em comparação à maioria das máquinas mais robustas do mercado, o iZettle Reader se mostra muito mais atraente por causa de seus baixos preços. Já lado a lado com seus dois maiores competidores aqui no Brasil – leia-se, o MercadoPago Point H e a PagSeguro Minizinha –, a diferença é um pouco menor. Basicamente, as taxas do Maquinão ficam bem no meio; ambos os acessórios da concorrência, porém, são mais baratos, com o aparelho de taxas maiores chegando pela metade do valor do Reader.

Em compensação, o iZettle Reader se destaca por ter uma maior velocidade no depósito do valor das compras, pagando em apenas 2 dias úteis mesmo nas compras feitas em múltiplas vezes. É uma diferença brutal, considerando que vários serviços semelhantes têm tempos de espera que vão de 30 a 90 dias, cobram taxas extras para o recebimento antecipado e fazem o depósito diretamente na conta corrente, no lugar de uma carteira virtual.

O ponto em que o iZettle Reader realmente perde para essas máquinas é com relação aos cartões aceitos. Enquanto este aceita apenas as bandeiras Visa, Visa Electron, Mastercard e Maestro, seus dois maiores concorrentes aceitam também Elo, Hypercard, American Express e Diners Club. Felizmente, isso provavelmente vai mudar com o passar do tempo, mas no momento ainda é uma desvantagem considerável.

Vale a Pena?

iZettle Reader (ou “Maquinão iZettle”, como você preferir chamar) é um exemplo interessante de como as tecnologias estão evoluindo e aprendendo a tirar o melhor proveito possível de seu smartphone. Graças ao fato de ele concentrar toda a parte do software em um app mobile, a empresa foi capaz de oferecer um dispositivo incrivelmente leve, amigável, fácil de usar e barato, custando bem menos do que leitores de cartão maiores.

Dito isso, o iZettle Reader acaba sim perdendo, por pouco, para outros modelos “mini” disponíveis em uma simples relação de custo-benefício. Isso porque as taxas dele são ligeiramente maiores do que seus principais competidores, como dito antes, e o custo de R$ 238,80 à vista para comprar o acessório em sua loja oficial é um tanto maior do que o desses aparelhos, que estão abaixo dos R$ 200.

Em compensação, o iZettle Reader se destaca por oferecer uma utilização superior em troca de seu preço um pouco mais elevado. Além de ser menor, ele é provavelmente o leitor de cartões mais rápido do mercado, e a adição de um sensor de proximidade para pagamentos por cartão com NFC pode deixar você bem mais preparado para o futuro – embora tenhamos sim nos decepcionado com a falta de suporte para pagamentos também via apps NFC. Ou seja: ele é mais caro, mas traz mais.

É claro que a falta de um visual mais arrojado pode ser um pouco decepcionante para alguns. Mas convenhamos que, para um aparelho desenvolvido para fazer pagamentos, isso pouco importa – até porque, fora isso, o iZettle Reader é veloz, fácil de usar e as taxas por seu serviço são bastante razoáveis em comparação às de outras máquinas maiores (mesmo que perca para modelos semelhantes, como falei acima).

O Maquinão iZettle pode ter um custo um pouco maior, mas compensa fazendo mais

Infelizmente, não podemos deixar de levar em conta a falta de um impressor de comprovantes, que é padrão nas maquininhas Bluetooth. Este foi um problema que encontrei após conversar com vendedores, autônomos e donos de pequenos negócios dos mais variados: a ausência de um impressor os fez não apenas darem um passo para trás com o iZettle Reader, como também com a proposta de acessórios semelhantes como um todo, simplesmente porque muitos clientes insistem em ter seus comprovantes impressos à mão e com rapidez.

Se isso impede o iZettle Reader de ser um bom aparelho? Nem de longe. Como falei antes, sua única verdadeira fraqueza é simples resultado da proposta do “Maquinão” e, dentro disso, o dispositivo se saiu incrivelmente bem. Assim, por mais que não seja feito para qualquer dono de loja, ele ainda é uma boa opção para investir em um leitor de cartões versátil, compacto e barato.

Atualizado [10/05/2017]

Após publicarmos nossa análise, a iZettle nos contatou com esclarecimentos sobre o sistema de pagamento por proximidade. Diferente do que haviam nos informado anteriormente, o Maquinão possui sim compatibilidade com apps de pagamento via NFC; no entanto, a ferramenta ainda não foi disponibilizada para o público brasileiro, visto que ela ainda aguarda homologação da Anatel.

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