Erro 404: evangelhos das grandes marcas

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Era uma vez um universo cheio de marcas supercompetitivas cheias de tecnologia de ponta. No início era o Atari, somente o Atari e, desde então, a produção de eletrônicos, computadores, video games e telefones nunca mais foi a mesma. Depois veio o Lisa e, pouco tempo depois, o raio de sol que batia na janela de Bill Gates anunciava a guerra que estava por vir.

Em pouco tempo, a unidade de marcas, sentimentos e até mesmo o status que cada uma delas  proporcionava já não era mais o mesmo. Foi quase como a ruína da Torre de Babel. De repente, a discórdia se espalha no reino e a convivência fica pesada – quase palpável. Agora, querido leitor, o Baixaki convida a conhecer os clãs desse mundo para que você entenda como a história foi e ainda será.

Acompanha a batalha do Vale do Silício!

As terras do Vale do Silício já foram muito mais pacíficas. Lembro-me dos dias em que Maçãs, Janelas e Pinguins não disputavam de maneira tão voraz. Cada qual tinha o seu território, seus seguidores – seu séquito de fiéis seguidores. Assim como padrões de xadrez dos escoceses, cada um deles tem seu código visual e seu modo de agir...

CRÔNICAS DE APPLELAND

Rei Steve caminhava tranquilamente na sua sala. Logo seus mensageiros viriam trazer uma mensagem importante. Ele já havia sido comunicado de que algo grande aconteceria naquela data. Em poucos instantes, Rei Steve acompanhava os gráficos das vendas dos seus computadores com um sorriso de satisfação no canto dos lábios.

Macheads e a sua soberba!O número de Macheads – seguidores de Rei Steve e habitantes da Appleland – se multiplicava a olhos vistos. Poucas coisas eram tão graciosas quanto o movimento de subida das linhas naquele plano cartesiano. Aquilo era a garantia da perpetuação de um estilo de vida, uma cultura que ele jamais gostaria de ver extinta.

Boa parte dos produtos Apple já conseguiu um lugar ao Sol e o que mais importa: trouxe alguns Winbits para estas terras. O estilo de vida de um Machead é algo que vai além da usabilidade. São milhões de terminais brancos ou de alumínio espalhados pelo mundo de maneira que as maçãs sejam códigos de identificação entre os iguais.

Para um Machead, não há lugar melhor que o Templo de Vidro. É como se fosse Meca, para os muçulmanos, um local de peregrinação. Tudo o que entra ou sai dali transcende – ter a marca da maçã é sinal de vida eterna para qualquer um dos seguidores do Rei Steve. Mesmo que todos tenham, possuir um Mac é pensar diferente para eles.

“Temos os computadores e os celulares mais bonitos, mais rápidos e eficientes”, eles dizem. “Nunca teremos telas azuis, terminais para linhas de comando e instalações intermináveis”, eles esnobam. Talvez o maior pecado de um Machead seja a soberba. Mas quem se importa? Para qualquer Machead, beleza se põe à mesa, sim.

Fora do Éden

Enquanto as maçãs nascem nos galhos frondosos de Appleland, muita coisa acontece fora das belas pradarias e planícies do reino de Steve Jobs. Coisas essas que o Rei parece ignorar e seus súditos parecem repetir a ação. Existem falhas, sempre há uma maçã podre. E aquilo que deveria ser o golpe de misericórdia nos outros clãs acabou rendendo alguma dor de cabeça.

iPad. A novidade que prometia colocar a Apple no ramo dos tablets acabou como um enorme iPhone – dizem os Winbits. Ao perceber que um dos seus mais novos pilares estaria vulnerável, os magos de Appleland vedaram o sistema operacional do tablet contra a influência de softwares de multimídia externos. Novamente, a vulnerabilidade e o número de comentários aumentou.

Nada pior para um Machead do que se ver rodeado por Winbits e Linuxtrolls comentando a respeito da sua Tábua de Mandamentos.

MINAS WINBING

“Aceitamos todo e qualquer EXE”, lia-se na placa fixada a um dos pilares enegrecidos de Minas Winbing. Desde o dia em que os Portões de Bill foram abertos pelos Winbits, a quantidade de jogos, jogos e jogos que foram feitos para entreter nunca mais parou. “Entretenha-nos!” clamava um deles. Uma das principais necessidades de quem aceitou o Windows nos seus computadores é jogar.

As Minas Winbing tomam boa parte do território do Vale do Silício – afinal o Império de Bill se estende por milhares de gigabytes. Termos como “compatibilidade”, “entretenimento” ou então sentenças do tipo “estamos em maior número” já são velhos hinos de batalha dos Winbits. Mesmo que o desempenho de um PC comprado pronto não chegue a impressionar, eles permanecem em pé.

Passei boa parte da minha infância nas Minas Winbing. Logo que comecei a dar meus primeiros passos, recebi uma enxurrada de jogos. Lembro-me de ouvir outros falando a respeito de como o país mudaria. Era época de nova versão. Estávamos saindo dos anos estáveis do XP e entrando em um mundo novo com o partido Vista.

Conheça o Winbit!

Ainda que chegue o dia da Tela Azul Final, um Winbit que se preze nunca vai admitir que poderia tentar imigrar para Appleland ou para as Montanhas Tux. Quem vive nas Minas Winbing tem muito o que fazer durante o seu tempo de vida. Atualizações, downloads de Service Packs, diagnósticos do funcionamento e ainda continuar reafirmando a estabilidade e a tranquilidade do seu país.

Grande parte dos moradores de Minas Winbing jamais teve contato com qualquer estrangeiro – quer ele seja das planícies de Appleland ou das Montanhas Tux. Apesar de ter praticamente tudo de que os Winbits precisam, o regime político é um pouco castrador para quem vê de fora. Fazer o quê? É fácil, é acessível e barato! Já vem com o meu computador!

Os Portões de Bill

Chegar aos Portões de Bill é uma das aventuras mais ousadas que um jovem Winbit pode se permitir. Começar a explorar as Minas Winbing é algo diferente, porém muita gente já tentou e sempre se deparou com as mesmas coisas. Quem já percorreu a trilha, dá as dicas, ensina os caminhos, mas são poucos aqueles que conseguem encontrar algo que realmente tire o fôlego.

Sempre que algo novo começa a esboçar no horizonte das Minas Winbing, os Portões de Bill oferecem resistência e novos pacotes de permissões e atualizações precisam ser trazidos às pressas. As verdades dessas terras às vezes podem ser um pouco frustrantes, mas é aquela que nós, Winbits, conhecemos.

Se algum dia os Portões caírem e as luzes se apagarem, todo Winbit vivo e capaz de lutar deve estar preparado para usar as principais armas – Ctrl, Alt e Del.

MONTANHAS TUX

Em um lugar nem um pouco parecido com a umidade das Minas Winbing ou os superconceituais edifícios de Appleland, um terceiro clã constrói sua dinastia. Eles podem ser chamados de “Cavaleiros do Código Livre” e existe apenas uma coisa acima da sua honra: a liberdade dos seus sistemas e softwares.

Os Cavaleiros do Código Livre!Apesar de parecerem bastante antiquados quando são comparados com os outros dois clãs, os Linuxtrolls têm algo que poucos são capazes de compreender: a vida em uma sociedade compartilhada. Tudo lá é grátis e não obriga ninguém a comprar licenças ou qualquer coisa do tipo. É uma terra em que não se depende de dinheiro para nada.

É obrigação dos governantes oferecer as plataformas de criação de novos programas e toda a infinidade de coisas que os Linuxtrolls precisam. Para isso, eles organizam milhares de conferências, convidando representantes dos clãs rivais. Toda a conversa sobre a gratuidade das coisas e o modelo colaborativo só serviram para irritar muitos Macheads e Winbits.

Ao notar que nada convenceria os outros, os Linuxtrolls decidiram agir de maneira hostil. Implantaram suas tecnologias de maneira muito visível. A grande prova disso é a compatibilidade desses recursos em qualquer uma das regiões. Apesar de não existir nenhuma política de rejeição por parte dos clãs estrangeiros, os Linuxtrolls exibem suas Raposas de Fogo, Pássaros do Trovão e outros.

A principal característica de um Cavaleiro do Código Livre é defender a liberdade. Nesse ponto, eles se assemelham muito aos monges e outros sujeitos barbudos que anunciam o fim dos tempos toda vez que um novo dispositivo é lançado. É muito fácil identificar um Linuxtroll em meio à multidão. Eles serão sempre aquele grupo de rapazes de óculos fundo de garrafa, camisas de mangas curtas e cabelos impecavelmente penteados para o lado.

Os terminais do pinguim

Você conhece algum Linuxtroll?Usar linhas de comando não é algo exatamente desejável por quem precisa ter algo ágil para trabalhar. Normalmente, a escolha parte apenas de quem é realmente um entusiasta ou, em alguns casos, um maluco por saber as entranhas de um sistema. Os Cavaleiros do Código Livre levantam a bandeira do Pinguim de maneira pacífica.

Porém, quando é hora de argumentar a respeito dos sistemas existentes, o Linuxtroll vai transformar a sua vida em um inferno só porque você prefere contar com sistemas que ofereçam alguma garantia e praticidade.

Todo Linuxtroll tem como objetivo maior tentar provar que o código livre é a melhor opção sempre. Não interessa se você pretende usar programas de empresas incrivelmente competentes e capazes de oferecer bons produtos. Assim, é só esperar que um extremista do software livre comece a doutrinar sobre as (des)vantagens de se usar qualquer uma das milhares de versões do Linux.

A ILHA

Não muito longe do continente onde encontramos o Vale do Silício, há um pedaço de terra repleto de nativos tão hostis entre si quanto as mais terríveis tribos das florestas tropicais. No total, são três tribos bem divididas e diferentes em vários aspectos. Os Sonystas têm como seu principal deus o Playstation. Depois vêm as entidades menores como o PSP e as versões antigas do console principal.

Totalmente avessos são os Caixistas. Os adeptos do Xbox são quase tão doutrinadores quanto os Winbits quando se trata de defender a Microsoft e os seus produtos. “Para que tentar cadastrar algo na Playstation Network, se nós temos a LIVE?”.

É exatamente esse o lema dessa tribo. A conversa sobre desbloqueio e jogos a preços mais acessíveis também faz com que todo caixista seja insuportável aos olhos dos sonystas. No rastro desses dois, vêm os nintendistas.

Os partidários da empresa que já foi a maior do ramo dos games hoje já costumam tremer nas bases quando é preciso encontrar algum argumento. É fato que o Wii é um dos video games mais divertidos, mas há de se admitir que muita besteira foi feita ali.

Entretanto, um nintendista nunca vai admitir tal fato. Um nintendista que se preze agarra-se às boas memórias do tempo de Mario e suas intermináveis sagas. Assim, como você já deve ter percebido, na Ilha as regras são diferentes. Nada daquele clima quase épico de uma terra separada por clãs. O que vale na ilha é a batalha pela força bruta.

Assim, veja agora uma lista de como proceder diante de um...

...sonysta:

  • Diga que Kratos é uma mocinha na TPM;
  • Apele para o fato de que os jogos são muito caros;
  • Ser egoísta. Todos os consoles atuais aceitam jogos de suas outras gerações, menos o PS3 na versão Slim;
  • Usa a mesma tipografia do Homem-Aranha.

Você é sonysta?

Preparado para as 3RL?

...caixista:

  • Apenas mencione as Luzes Vermelhas da Morte;
  • Ainda assiste a filmes em DVD... Tão década passada!;
  • Microsoft é sinônimo de Tela Azul;
  • Paga-se por mês para o video game durar um mês (Luzes Vermelhas).

...nintendista:

  • Sempre que os concorrentes anunciam algo novo, a Nintendo faz um jogo do Mario;
  • O Wii sempre será visto como um video game para crianças;
  • Os jogos para Wii são superficiais, cheios de minigames e gráficos feios;
  • Admita, ficar sacudindo um controle em pé e na sala é estranho!

E o Mario?

A VERDADE

Não fique nervoso!

Ora, ora, ora, leitor do Baixaki! Não fique nervoso, se você gosta de Mac e Playstation, o problema é seu! A mesma coisa vale para quem prefere Windows e Xbox 360 ou então Linux e Nintendo! A diversão de verdade está em descobrir as vantagens e desvantagens daquela opção que você fez. Portanto, não fique tão nervoso se algum Machead ou Winbit disser algo!

Você tem todo o direito de replicar e, se quiser, usar uma das dicas que o Baixaki apresentou através da pequena história acima! O importante mesmo é saber levar as brincadeiras na esportiva e retrucar aquelas que cutucaram a sua alma, de tão irritantes!

Semana que vem tem mais do Error 404!

Até lá!

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