Ciência

Maior tempestade solar já registrada atingiu a Terra há mais de 14 mil anos

Pesquisadores descobriram que a maior tempestade solar que atingiu a Terra aconteceu há mais de 14 mil anos, durante a última era glacial.

Avatar do(a) autor(a): Lucas Vinicius Santos

19/05/2025, às 16:30

A atividade solar libera constantemente explosões tão intensas que podem gerar tempestades solares; esses eventos lançam partículas que viajam pelo espaço e podem atingir a Terra. Agora, um grupo de pesquisadores afirma ter encontrado evidências da tempestade solar mais poderosa que já atingiu o nosso planeta, há cerca de 14 mil anos.

Com o uso de um modelo químico-climático desenvolvido especialmente para esse tipo de estudo, os pesquisadores conseguiram simular tempestades de partículas solares ocorridas no passado da Terra. Os resultados indicam que o evento solar mais intenso já registrado no planeta ocorreu em 12.350 a.C., ou seja, há cerca de 14.300 anos.

De acordo com um artigo publicado na revista científica Earth and Planetary Science Letters, o modelo indica que essa foi a tempestade de partículas solares mais intensa já registrada na Terra. Inclusive, ela foi cerca de 18% mais poderosa que o evento que ocupava o primeiro lugar até então, ocorrido no ano 775.

Para realizar a pesquisa, eles analisaram amostras de madeiras coletadas nos Alpes Franceses. Ambos os eventos foram identificados por meio de variações nos níveis de radiocarbono nessas madeiras, um isótopo que pode ser utilizado para analisar diferentes períodos do clima e do campo magnético da Terra.

“O antigo evento de 12.350 a.C. é o único evento extremo de partículas solares conhecido fora da época do Holoceno, os últimos ~12.000 anos de clima quente estável. Nosso novo modelo elimina a limitação existente ao Holoceno e amplia nossa capacidade de analisar dados de radiocarbono mesmo para condições climáticas glaciais”, disse uma das pesquisadores do estudo, Kseniia Golubenko, em comunicado oficial.

Maior tempestade solar na Terra

As árvores registram os níveis de radiocarbono ao longo do tempo, isso permite que os cientistas analisem diferentes períodos da história da Terra. Com amostras de madeira datadas de mais de 14 mil anos, os pesquisadores identificaram um pico incomum na concentração de radiocarbono daquela época.

Por exemplo, esse tipo de dado já foi usado para datar com precisão regiões onde os vikings viveram.

a-ilustração-representa-o-sol
A tempestade solar que ocorreu há mais de 14 mil anos foi mais de 500 vezes mais intensa que a primeira registrada por equipamentos modernos, em 2005. (Fonte: NASA)

Os resultados também permitiram que os pesquisadores conseguissem estimar a intensidade, o momento e os efeitos dessas partículas na Terra. Além de aumentar a produção do isótopo radiocarbono, esse tipo de tempestade solar emite uma alta quantidade de partículas de alta energia no planeta — pior do que o evento Carrington, que aconteceu em 1859.

O novo modelo, chamado SOCOL:14C-Ex, representa um avanço importante na análise do radiocarbono em diferentes períodos da história da Terra. Os próximos planos dos pesquisadores envolvem investigar outras grandes tempestades solares que ocorreram entre 9.201 anos atrás e o ano 994.

A intensa liberação de partículas solares pode gerar efeitos que vão além dos campos magnéticos e da atmosfera. Quer saber mais? Entenda como tempestades solares podem ser a causa dos terremotos na Terra. Até a próxima!


Avatar do(a) autor(a): Lucas Vinicius Santos

Por Lucas Vinicius Santos

Especialista em Redator

Lucas Guimarães escreve sobre ciência e tecnologia há mais de dez anos.