A Noite dos OVNIs no Brasil: o que aconteceu em 19 de maio de 1986?

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Na noite de 19 de maio de 1986, o céu brasileiro foi palco de um dos episódios mais intrigantes da história da aviação nacional, que ficou conhecido como a Noite dos OVNIs. Em um evento sem precedentes, controladores de voo, pilotos da Força Aérea Brasileira (FAB) e observadores em terra testemunharam fenômenos luminosos inexplicáveis que desafiaram os conhecimentos científicos e tecnológicos da época.

Relatado como um dos encontros mais documentados com objetos voadores não identificados no mundo, o caso continua a gerar fascínio e questionamentos até hoje. Mas o que realmente ocorreu neste dia?

Os anos 1980 foram marcados por um crescimento significativo dos estudos e relatos sobre fenômenos aéreos não identificados, tanto no Brasil quanto no mundo. O avanço das tecnologias de radares e aviação permitia uma observação e um controle mais preciso do espaço aéreo, ao mesmo tempo que o interesse sobre a existência de vida extraterrestre se popularizavam na cultura global.

Cada uma das 4 regiões do CINDACTA no Brasil.
Cada uma das 4 regiões do CINDACTA no Brasil. (Fonte: Wikimedia Commons)

Na noite de 19 de maio, por volta das 20h, os radares do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta I), com sede em Brasília, começaram a registrar objetos luminosos desconhecidos sobre os céus de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Paraná. Luzes intensas, de cores variadas e com movimentos erráticos foram avistadas por pilotos comerciais, militares e pessoas no solo, o que chamou a atenção das autoridades.

Diante da situação, a FAB mobilizou uma operação aérea de grande escala, decidindo enviar cinco caças para investigar e, se possível, interceptar os objetos. Entre os pilotos destacados estava o então capitão Armindo Sousa Viriato, que, ao tentar se aproximar de um dos objetos, relatou que este acelerou abruptamente, desaparecendo de sua vista.

Outro piloto, o tenente Kleber Caldas Marinho, afirmou ter perseguido um objeto que se movia em alta velocidade e realizava manobras impossíveis para qualquer aeronave conhecida.

Caças F-5 da FAB utilizados no acompanhamento das ÓVNIs.
Caças F-5 da FAB utilizados no acompanhamento dos OVNIs. (Fonte: FAB)

Os objetos avistados apresentavam comportamentos altamente anômalos. Relatórios posteriores indicaram que os pontos luminosos atingiam velocidades superiores a 1.000 km/h, realizavam mudanças de direção abruptas e pairavam no ar sem qualquer meio de sustentação visível. Além disso, variavam de altitude rapidamente, deslocando-se entre 1.500 e 12.000 metros em questão de segundos.

Os radares do Cindacta registraram até 21 objetos simultaneamente, alguns dos quais desapareciam e reapareciam em diferentes posições, sugerindo a capacidade de se moverem com extrema rapidez ou até mesmo de se tornarem invisíveis momentaneamente aos sistemas de detecção.

Exemplo de avistamento de um fenômeno aéreo não identificado (UAP, da sigla em inglês) nos Estados Unidos.
Exemplo de avistamento de um fenômeno aéreo não identificado (UAP, da sigla em inglês) nos Estados Unidos. (Fonte: Getty Images)

No dia seguinte ao incidente, o então ministro da Aeronáutica, brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima, concedeu uma entrevista coletiva reconhecendo a ocorrência dos fatos. Ele afirmou que os fenômenos observados eram “sólidos e refletem, de certa forma, inteligência”, mas que sua origem permanecia desconhecida. A FAB conduziu uma investigação oficial, cujo relatório final foi divulgado meses depois.

"O documento confirmou os avistamentos e a detecção dos objetos por múltiplos radares, mas não apresentou conclusões definitivas sobre a natureza ou procedência dos óvnis."

Apesar dos registros técnicos e relatos das testemunhas, diversas explicações alternativas foram propostas. Alguns cientistas sugeriram que os objetos poderiam ser fenômenos atmosféricos raros, como plasmas de alta energia ou descargas elétricas incomuns, capazes de gerar luzes no céu.

Outra hipótese envolve testes de tecnologias militares avançadas, embora nenhum país tenha reivindicado a autoria dos fenômenos.

Raio-bola, fenômeno atmosférico raro comumente confundido com OVNIs.
Raio-bola, fenômeno atmosférico raro comumente confundido com OVNIs. (Fonte: O Tempo)

A ausência de dados concretos sobre a natureza dos objetos e a dificuldade em reproduzir as condições observadas impedem uma explicação definitiva. Do ponto de vista físico e aerodinâmico, a capacidade de aceleração e as manobras descritas nos relatos desafiam os entendimentos comuns da mecânica clássica e geram mais perguntas do que respostas.

Seja como for, embora não tenhamos respostas definitivas sobre a Noite dos OVNIs de 1986, o evento simboliza quantas coisas existem que ainda desafiam nosso entendimento, seja como fenômenos naturais desconhecidos, alguma forma tecnologia ou até mesmo algo além de nossa imaginação. Este é um mistério que, por enquanto, permanece sem solução.

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