Uma data impensável há alguns anos, o primeiro dia sem gelo no Oceano Ártico está mais próximo do que pensamos, e pode ocorrer já em 2027. Essa é uma previsão feita por climatologistas das universidades do Colorado em Boulder, nos EUA, e de Gotemburgo (GU), na Suécia. É a primeira vez que esse tipo de previsão é feita com base em modelos computacionais.
Dados do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo (NSIDC) e da NASA mostram que a região está perdendo o seu escudo a assustadores 12,4% por década, devido às emissões excessivas de gases de efeito estufa.
No estudo, publicado na Nature Communications, o conceito “livre de gelo” implica na redução da área de gelo marinho a 1 milhão de quilômetros quadrados ou menos. De qualquer forma, esse derretimento pode desencadear uma reação em cadeia de danos, desde a interrupção dos padrões climáticos globais até uma potencial devastação dos ecossistemas árticos.
O que o primeiro sem gelo no Ártico irá causar?
"O primeiro dia sem gelo no Ártico não mudará as coisas drasticamente", afirma a coautora Alexandra Jahn, professora da CU Boulder. No entanto, alerta a climatologista em um release, isso é uma prova clara de como "alteramos fundamentalmente uma das características definidoras do ambiente natural no Oceano Ártico, [...] por meio de emissões de gases de efeito estufa".
O mínimo de gelo marinho registrado no Ártico neste ano pelo NSIDC foi 4,28 milhões de quilômetros quadrados, valor que não é o menor de todos os tempos, mas está muito longe da cobertura média de 6,85 milhões de quilômetros quadrados observada entre 1979 e 1992.
Como esse primeiro dia sem gelo ocorrerá, provavelmente, antes do primeiro mês sem gelo, "queremos estar preparados", diz a primeira autora do estudo, Céline Heuzé, da GU. As autoras apresentarão os resultados deste estudo no dia 9 de dezembro, na reunião da União Geofísica Americana (AGU), que será realizada neste ano em Washington, DC.
Como foi projetado o primeiro dia sem gelo?
Jahn e Heuzé projetaram o primeiro dia sem gelo no Ártico usando resultados de mais de 300 simulações de computador. A maioria dos modelos previu que essa data crítica poderia acontecer dentro de nove a 20 anos após 2023, independentemente de os humanos reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa.
No entanto, nove simulações sugeriram que um dia sem gelo poderia ocorrer em três a seis anos. As pesquisadoras consideraram esse cenário, mesmo sendo pouco provável, devido ao alto risco que ele representa.
Elas descobriram que uma série de eventos climáticos extremos poderia derreter dois milhões de quilômetros quadrados ou mais de gelo marinho em um curto tempo. Para isso, bastaria um outono, inverno e primavera excepcionalmente quentes, para que o primeiro dia gelo ocorra já no final do verão seguinte, concluíram as autoras.
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