Responsáveis por aprisionar o calor na atmosfera e causar taxas recordes de aquecimento global em todo o planeta, os gases de efeito estufa são frequentemente apresentados como os grandes vilões da história. No entanto, eles são uma parte natural e essencial do sistema climático da Terra.
Sem o efeito estufa natural, a temperatura ideal para manter a Terra habitável (cerca de 15 °C) cairia para -18 °C. Porém, ao aumentar artificialmente as concentrações de alguns desses gases na atmosfera, em especial o dióxido de carbono, as atividades humanas têm potencializado o efeito estufa natural, causando um aquecimento global sem precedentes.
Veja abaixo os gases mais importantes que, adicionados à atmosfera, agravam o desafio de lidar com as mudanças climáticas.
Dióxido de carbono: o poderoso chefão
O CO2 pode permanecer na atmosfera por séculos.Fonte: Getty Images
Embora não seja o mais poderoso, não há como falar em gases de efeito estufa sem citar o seu campeão, pelo menos em quantidade de emissões: só no ano passado, as atividades humanas liberaram 37,4 bilhões de toneladas CO2 em nossa atmosfera. As maiores fontes foram: usinas de energia, transportes e atividades industriais,
Além disso, ele é o gás de efeito estufa que mais emitimos (até enquanto escrevemos ou lemos) e também o mais significativo quando se trata de permanência na atmosfera. A parte dele que não é absorvida no ciclo de carbono (oceanos, florestas ou outros ecossistemas) pode afetar a camada protetora da Terra por séculos.
Metano: fogo na chapa
Hoje há satélites rastreando vazamentos de metano na atmosfera, por empresas de petróleo e gás.Fonte: Getty Images
Enquanto o CO2 está presente na atmosfera em cerca de 419 partes por milhão (ppm), o metano está em torno de 1,9 ppm. Mas, embora 220 vezes menos concentrado, ele representa cerca de 30% do aquecimento que experimentamos atualmente, o que dá uma ideia da sua capacidade de reter calor.
De vida mais curta, ele tem uma vida útil entre 10 e 12 anos, mas nesse curto período provoca 80 vezes mais estragos em termos de aquecimento global do que o CO2. Quem nos faz esse delivery asfixiante são: a indústria de combustíveis fósseis, a agricultura e os resíduos orgânicos e sólidos urbanos.
Óxido nitroso: está rindo de quê?
O óxido nitroso é liberado pela decomposição e queima de fertilizantes.Fonte: Getty Images
Embora de uso restrito no Brasil, o óxido nitroso, famoso como gás hilariante, é usado em muitos consultórios odontológicos do mundo para relaxar pacientes ansiosos em tratamentos que não requeiram anestesia muito forte.
Terceiro gás de efeito estufa de longa duração, o N2O é uma substância que esgota substancialmente o ozônio estratosférico, e representa cerca de 6% do aquecimento até o momento.
- Entenda também: Grande Evento de Oxidação da Terra demorou 200 milhões de anos
Mas não culpe os pacientes medrosos por isso. A maioria das emissões do gás, que pode reter 200 vezes mais calor que o CO2, vem quase totalmente da agricultura. É que certos adubos à base de nitrogênio liberam o óxido nitroso, quando bactérias quebram as moléculas do produto durante a decomposição dos fertilizantes no solo.
Gases fluorados: os gigantes furtivos
Os CFCs foram substituídos pelos no Protocolo de Montreal.Fonte: Getty Images
O grupo dos fluorados engloba alguns dos gases de efeito estufa mais poderosos que emitimos atualmente. Na classificação, estão incluídos os hidrofluorcarbonetos (HFCs), perfluorocarbonos (PFCs) e o hexafluoreto de enxofre (SF6).
Cada um desses gases é pelo menos 10 mil vezes mais potentes no efeito estufa do que o CO2 (o SF6 chega a 23,5 mil vezes). Além disso, chegam a durar milênios na atmosfera. Os HFCs são refrigerantes, usados em condicionadores de ar, geladeiras e aparelhos similares, á os PFCs vêm das indústrias de alumínio e fabricação de chips de computadores, enquanto o SF6 é usado em equipamentos de energia de alta tensão.
A boa notícia é que um de seus componentes mais perigosos (porque abria buracos na camada de ozônio), os clorofluorcarbonos (CFCs) foram eliminados e substituídos pelos HFCs pelo Protocolo de Montreal, assinado em 1987.
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