A órbita planetária caótica de 'O Problema dos 3 Corpos' poderia existir?

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Imagem: ESO/Davide De Martin

A trilogia de livros do escritor Liu Cixin, 'O Problema dos 3 Corpos', foi adaptada para TV e conquistou a atenção de milhares de espectadores em todo o mundo. Além de ser um ótimo entretenimento visual, a franquia aborda um problema real que físicos e astrônomos estão tentando resolver há bastante tempo. Na série, uma raça alienígena vive em um planeta no centro de um sistema estelar com três estrelas, mas será que isso realmente poderia acontecer?

Em um artigo publicado no site The Conversation, o professor de física Peter Watson, da Universidade Carleton, no Canadá, discorre sobre a possibilidade real da órbita planetária dos alienígenas em 'O Problema dos 3 Corpos'. Ele até comenta sobre outra obra que aborda o problema dos três corpos, chamada 'Placet is a Crazy Place', do escritor norte-americano Frederic Brown.

Os alienígenas do seriado, chamados de Trissolarianos, vivem em uma representação do sistema estelar Alpha Centauri, onde existem três estrelas que não estão alinhadas na mesma órbita e realizam continuamente um caminho repleto de mudanças. 

Em outras palavras, o movimento da órbita das estrelas é completamente imprevisível e caótico; na história, essas mudanças fazem os extraterrestres sofrerem com uma temperatura que varia de frio a calor intenso em poucos minutos.

“O problema dos três corpos, na astronomia, é o problema de determinar o movimento de três corpos celestes movendo-se sob nenhuma influência além da de sua gravitação mútua. Nenhuma solução geral para este problema (ou para o problema mais geral envolvendo mais de três corpos) é possível, pois o movimento dos corpos rapidamente se torna caótico. Tal como abordado na prática, consiste no problema de determinar as perturbações (perturbações) no movimento de um dos corpos em torno do corpo principal, ou central, produzidas pela atração do terceiro”, é descrito na enciclopédia Britannica.

O Problema dos 3 Corpos é real?

Na realidade, o sistema Alpha Centauri abriga realmente três estrelas, porém não exatamente da mesma forma apresentada na série. Duas estrelas (Alpha Centauri A e Alpha Centauri B) orbitam uma a outra por aproximadamente 80 anos, enquanto a terceira (Proxima Centauri) está consideravelmente mais distante e é menos influenciada pela gravidade das outras.

A imagem apresenta o sistema estelar Alpha Centauri.A imagem apresenta o sistema estelar Alpha Centauri.Fonte:  ESO / Digitized Sky Survey 2 / Davide De Martin 

A história da obra de Liu Cixin apresenta um sistema completamente caótico e instável, o que é completamente possível se três objetos cósmicos massivos estiverem orbitando próximos um do outro. Contudo, a realidade não é assim. Os cientistas afirmam que as duas estrelas principais de Alpha Centauri estão viajando em uma órbita estável e não caótica, enquanto Proxima Centauri está muito mais distante e possui uma massa maior.

Ou seja, seria possível existir um sistema com três estrelas que se encaixe no problema dos três corpos, mas o sistema Alpha Centauri é um pouco diferente do que é descrito na obra. Inclusive, Alpha Centauri pode ser enquadrado no problema dos dois corpos, assim como a Terra e a Lua — esse problema foi resolvido por Isaac Newton em meados de 1660.

Infelizmente, os cientistas ainda não conseguiram encontrar uma solução para o problema dos três corpos; ou seja, não seria possível prever o movimento da órbita dessas três estrelas. Talvez até seria possível descobrir o que aconteceria a curto prazo, mas os cientistas não poderiam prever o futuro de algo tão complexo.

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