Mistério no mar Báltico: 'muralha' submersa foi construída há 11 mil anos

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Imagem: Michal Grabowski

Um muro de pedra submerso descoberto recentemente no mar Báltico representa uma megaestrutura da Idade da Pedra, com cerca de 11 mil anos, provavelmente construída por caçadores-coletores para capturar renas. Segundo uma pesquisa, publicada na revista PNAS, o conjunto tem “1.673 pedras individuais, geralmente com menos de 1 metro de altura, colocadas lado a lado ao longo de uma distância de 971 metros".

Descoberta quase por acaso em 2021, esse tipo de formação pode fornecer informações singulares sobre as culturas glaciais tardias e mesolíticas ao redor desse mar interior que, após anos de glaciação, viu seus níveis subirem dramaticamente durante a chamada transgressão de Littorina.

Esse fenômeno geológico, ocorrido no norte da Europa há cerca de 7,5 mil a 4 mil anos, inundou as áreas costeiras e formou algumas bacias, a partir de meados do Holoceno, que conservam até hoje intactas algumas estruturas paleolíticas que sucumbiram em terra.

Como a construção submersa foi localizada no mar Báltico?

Modelo criado pelo software de fotogrametria Agisoft Metashape.Modelo criado pelo software de fotogrametria Agisoft Metashape.Fonte:  P. Hoy/Universidade de Rostock 

Segundo o primeiro autor do artigo, professor Jacob Geersen, da Universidade de Kiel, na Alemanha, a descoberta aconteceu "do nada", durante uma viagem de barco à Baía de Mecklemburgo, em 2021, para ensinar técnicas geofísicas marinhas a estudantes. Ele disse ao Live Science que não estava à procura da estrutura, porque não tinha ideia de que ela estava naquelas águas.

Ao mapear aleatoriamente o fundo do mar, a muralha foi identificada a partir dos dados coletados pelo sonar multifeixe, na imagem que é montada pelo equipamento no retorno das ondas sonoras. Posteriormente, com base nos dados de sonar e de um modelo fotogramétrico da estrutura subaquática, a equipe elaborou um modelo 3D da parede e de renas presas na margem de um lago, hoje também submerso.

Mapeamentos posteriores foram realizados com outros barcos e também com um robô subaquático autônomo (AUV). Os próprios pesquisadores fizeram diversos mergulhos em diferentes pontos da construção submersa para atestar que ela foi construída em terra firme.

Fazendo pesquisa arqueológica no mar Báltico

Membro da equipe de pesquisa em mergulho inicial até a construção submersa.Membro da equipe de pesquisa em mergulho inicial até a construção submersa.Fonte:  P. Hoy 

Embora a data da construção da muralha submarina não possa ser estabelecida com precisão, estima-se que as renas foram extintas na região há cerca de 9 mil anos, apenas alguns séculos antes da grande inundação pelo mar.

Além do mapeamento do muro, os pesquisadores buscam artefatos que podem ter sido enterrados ao longo da construção, para revelar mais dados sobre sua origem e uso. Eles já detectaram algumas estruturas semelhantes a "tocaias", onde os encarregados de matar os animais poderiam se esconder para não afugentar o rebanho.

A muralha da Baía de Mecklemburgo pode ser o ponto de partida para pesquisas arqueológicas em plataformas costeiras, muitas delas habitáveis antes da elevação do nível do mar após a última era do gelo na Terra.

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