Como bolas de plástico podem ‘evitar água cancerígena’? A ciência responde!

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Há alguns anos, uma ação aconteceu em um reservatório de água em Los Angeles, nos Estados Unidos, que viralizou na internet: o Departamento de Água e Energia da cidade liberou 96 milhões de bolas de plástico no reservatório para impedir a formação de um elemento cancerígeno na água. Na ocasião, os responsáveis pela ação afirmaram que as esferas escuras podem auxiliar na proteção da água e regulação dos níveis de uma substância tóxica para os humanos.

As bolas de sombra, ou shadeballs, são um tipo de bola de plástico desenvolvidas para realizar um papel importante em águas que correm o risco de contaminação por bromato, uma substância que pode causar câncer em humanos e animais. Atualmente, alguns cientistas ainda apontam que as bolas possuem alguns problemas em sua construção, design e custo-benefício, contudo, elas tem servido ao seu principal propósito.

“Parece absurdo. É como se estivéssemos na maior piscina de bolinhas do mundo. Portanto, por todas essas razões, as bolas de sombra reduzem a evaporação em 80 a 90 por cento. Isso é bastante significativo para um clima seco como o de Los Angeles”, disse o cineasta, divulgador científico e youtuber, Derek Alexander Muller, que fez um vídeo sobre as shadeballs.

Para explicar um pouco melhor sobre como as bolas de plástico podem ajudar a ‘evitar água cancerígena’, o TecMundo reuniu informações de cientistas e especialistas da área. Confira!

Bolas de plástico podem ‘evitar água cancerígena’?

As shadeballs são esferas escuras produzidas a partir de polietileno de alta densidade, ou seja, são bolas de plástico; geralmente, elas são fabricadas com aproximadamente 25 centímetros de diâmetro. O objetivo das bolas é combater uma reação química natural que ocorre com o ozônio adicionado nos reservatórios para tratamento da água, responsável por produzir um composto conhecido como brometo.

O cloro é uma substância comumente utilizada em reservatórios de água visando oxidar a matéria orgânica restante nas redes hídricas e, assim, impedir que bactérias, vírus e protozoários se desenvolvam. Em outras palavras, o cloro pode limpar a água em estações de tratamento para possibilitar o consumo saudável e evitar que os humanos contraiam diferentes tipos de doenças.

As shadeballs se tornaram populares após um reservatório de Los Angeles despejar mais de 96 milhões de bolas de plástico na água.As shadeballs se tornaram populares após um reservatório de Los Angeles despejar mais de 96 milhões de bolas de plástico na água.Fonte: Reprodução/Veritasium

O ‘problema’ é que algumas dessas estações de tratamento também começaram a utilizar o ozônio para alcançar a desinfecção dos reservatórios. Infelizmente, a mistura de ozônio e cloro causa uma reação química não intencional que transforma o brometo em um tipo de brometo prejudicial à saúde de humanos e animais — o brometo por si só não é uma substância prejudicial para os humanos.

Apesar de as shadeballs não terem sido desenvolvidas especificamente para a mitigação dos problemas envolvendo a mudança climática, elas podem desempenhar um papel importante na gestão dos recursos hídricos das reservas de água. Por exemplo, elas podem auxiliar na conservação da água, reduzir os consumo de energia, aumentar a qualidade da água, entre outros benefícios.

Outros benefícios das shadeballs:

  • Reduz a evaporação da água em até 90%;
  • Ajuda a eliminar a formação de algas; assim, é necessário utilizar menos substâncias para limpar as águas;
  • Reduz os odores de águas residuais ou da agricultura.

Como as shadeballs funcionam?

Originalmente, as shadeballs foram desenvolvidas para evitar que pássaros pousassem nas águas de reservatórios tóxicos. Além disso, alguns aeroportos as utilizam para evitar que os pássaros pousem em reservas de águas próximas ao local de partida dos aviões. Na aviação, os pássaros são considerados um grande problema, pois eles podem ser 'sugados' pelas turbinas e causar danos às aeronaves.

"A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer da Organização Mundial da Saúde concluiu que existe evidência suficiente para considerar o íon bromato como cancerígeno, baseando-se em experimentos envolvendo altas doses em animais", é descrito em um artigo da revista Vida em Debate.

As bolas de plástico evitam uma reação química que pode resultar no brometo prejudicial à saúde dos humanos.As bolas de plástico evitam uma reação química que pode resultar no brometo prejudicial à saúde dos humanos.Fonte: Reprodução/Veritasium

As bolas de plástico atuam da seguinte forma: elas possibilitam que a luz do Sol chegue diretamente na água e evitam a reação química que pode formar o brometo prejudicial. As esferas funcionam por até dez anos em um reservatório e, supostamente, não possuem nenhum tipo de resíduo tóxico que afete a água.

Além disso, elas também evitam a evaporação entre 80% e 90% da evaporação da água, então, consequentemente, elas também podem conservar a quantidade de água do local — isso pode um grande benefício para reservatórios construídos em regiões com climas mais quentes e secos.

Conforme o site PBS publicou, o governo de Los Angeles afirma que as bolas de plástico pode auxiliar a cidade a economizar até 300 milhões de galões de água por ano. Contudo, alguns especialistas afirmam que seria necessário que as bolas ficassem na água por até um ano para causarem efeitos perceptíveis. Aparentemente, as bolas foram removidas de quase todos os reservatórios de Los Angeles, mas continuam em um deles — o maior problema está relacionado ao custo das bolas.

No fim das contas, você pôde descobrir que as bolas escuras que ajudam a 'limpar água cancerígena' dos reservatórios não se tratam de uma simples piscina de bolinhas, mas de uma forma inovadora de proteger a humanidade contra os perigos do bromato prejudicial. De qualquer forma, é importante destacar que sua utilização não é uma prática comum ou amplamente aceita e ainda está sendo estudada.

Gostou do conteúdo? Fique por dentro de mais curiosidades sobre ciência aqui no TecMundo. Se desejar, conheça sobre a técnica usa ultrassom para coletar microplásticos na água.

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