A Organização Meteorológica Mundial (OMM) apresentou quarta-feira (17) sua Atualização Global Anual para Decenal do Clima. O relatório, que traz as previsões climáticas para os próximos cinco anos, informa que pelo menos um deles pode ser o mais quente desde que as temperaturas globais passaram a ser medidas.
Além disso, há também uma probabilidade de 66% de a temperatura média anual cruzar o limiar crucial de aquecimento global de 1,5º C em pelo menos um dos anos entre 2023 e 2027. De acordo com o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, isso não significa ainda uma extrapolação permanente dessa marca especificada no Acordo de Paris sobre Mudança Climática, mas sim um alarme de que isso poderá ocorrer no futuro.
O documento adverte que, se a humanidade não conseguir reduzir a zero as emissões liquidas de gases de efeito estufa, recordes crescentes de calor continuarão ocorrendo. E o pior, diz o relatório, é que, além da tendência geral de aquecimento global, o fenômeno climático El Niño também contribuirá para a eclosão de temperaturas globais recordes.
Aquecimento do Ártico e La Niña
Embora lentamente, o mundo está fazendo a transição para um mundo totalmente sem gelo.Fonte: GettyImages
Entre as previsões do relatório da OMM, uma que chamou a atenção dos especialistas foi a de que o aquecimento do Ártico será provavelmente três vezes superior à média global. A transição para um mundo sem gelo poderá ter impactos diretos sobre a saúde, segurança alimentar, mananciais de água e meio ambiente, diz Taalas.
Embora, no ano passado, a média da temperatura global tenha sido 1.15° C acima da média de 1850-1900, esse valor poderia ter sido mais elevado se não fosse uma influência de resfriamento provocada pelo fenômeno La Niña nos últimos três anos. Oposto ao Niño, esse fenômeno acabou em março.
A perspectiva de um aquecimento desproporcionalmente mais alto alerta para um desequilíbrio nos padrões de chuvas previstos para o período 2023-2027 quando comparados a 1991-2020. É esperado um aumento das precipitações no Sahel, norte da Europa, Alasca e norte da Sibéria, e uma redução na Amazônia e partes da Austrália.
Então o Acordo de Paris deu errado?
The difference between 1.5°C & 3°C global warming means vastly different scenarios for the future.
— United Nations (@UN) May 11, 2023
Our survival on this planet hinges on these few degrees.
Addressing the climate crisis & limiting temperature rise is possible, if we #ActNow. https://t.co/X0Shwfcd3n via @UNFCCC pic.twitter.com/NUxzA1V18T
Apesar da previsão de que um único ano entre os próximos cinco terá um aquecimento global acima de 1,5º C, isso não significa o fracasso das metas do Acordo de Paris.
A ideia do acordo, assinado por quase todas as nações do mundo, é limitar o aquecimento global de longa prazo de forma a evitar impactos traumáticos, como a perda de ecossistemas. Por isso, um ou dois anos de extrapolação da meta não são considerados um fracasso completo.
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