Física quântica em Homem-Formiga está certa ou errada?

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O longa-metragem Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (2023) estreou nos cinemas e retorna com mais uma história de ficção científica baseada no herói com o traje que pode crescer e encolher. Na trama do novo filme, o Homem-Formiga (Paul Rudd), a Vespa (Evangeline Lilly) e toda sua família entram no reino quântico e batalham contra Kang, o Conquistador (Jonathan Majors).

Apesar de ser rodeada de conceitos científicos reais, o novo longa-metragem, assim como os demais filmes da Marvel, brinca com conceitos impossíveis no mundo real. Inclusive, é esse equilíbrio entre a ciência real e as impossibilidades que cativam milhões de espectadores da franquia em todo o mundo.

O poder que dá o nome ao Homem-Formiga está relacionado ao traje do herói e aos seus dispositivos, que utilizam as Partículas Pym, um grupo fictício de partículas subâtomicas que permite alterar a massa e tamanho de um objeto. Mas você já parou para pensar qual parte da física quântica está correta no filme? Para responder essa questão, o TecMundo reuniu informações sobre alguns conceitos que estão certos e errados no longa — cuidado, contém Spoilers do novo filme.

Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania foi lançado no dia 16 de fevereiro de 2023, mas a franquia estreou nos cinemas em 2015.Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania foi lançado no dia 16 de fevereiro de 2023, mas a franquia estreou nos cinemas em 2015.Fonte:  Reprodução 

A física quântica em Homem-Formiga está certa ou errada?

O primeiro fato científico errado no filme é a própria alteração do tamanho dos personagens e/ou objetos sem a violação da Lei do Quadrado-Cubo, de Galileu Galilei (1564-1642), um princípio matemático que descreve a relação entre volume e área do objeto que altera o tamanho — as alterações de tamanho devem respeitar o crescimento da área por um fator quadrado e do volume por um fator cúbico, algo que não acontece no filme.

A redução do tamanho de uma pessoa também afetaria os sons que ela produziria, ou seja, quando o Homem-Formiga diminui de tamanho, a frequência da sua voz aumentaria e ficaria fora do alcance do limite da audição humana — nesse caso, ninguém "normal" ao seu redor conseguiria ouvir sua voz, já que o comprimento de onda estaria entre 12 kHz a 26 kHz.

A densidade do corpo de Scott Lang também seria um problema durante a redução de tamanho, já que sua capacidade de suportar qualquer peso seria mínima. Por exemplo, um simples espirro em cima do Homem-Formiga poderia matá-lo. Já no caso de quando ele fica gigante, o seu metabolismo traria mais dificuldades, pois ele precisaria consumir constantemente uma grande quantidade de alimentos só para se manter de pé.

Apesar de não ser científico, o termo "reino quântico" tem sido usado por cientistas para definir um ambiente descrito pelas leis da mecânica quântica, principalmente, na divulgação científica — graças ao sucesso dos filmes.

O que é o "reino quântico"?

Desde o primeiro filme da franquia, a Marvel não faz questão de se ater à realidade e prefere abraçar a fantasia. Em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania não é tão diferente, mas diversas referências científicas reais estão no filme — não é à toa que a companhia contratou cientistas para prestarem consultas científicas em diversas produções do universo Marvel.

O termo "reino quântico" não é usado na ciência real e foi criado para a franquia no lançamento do primeiro filme, cunhado pelo físico matemático Spyridon “Spiros” Michalakis, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech). "Microverse" é o termo utilizado nos quadrinhos do Homem-Formiga, contudo, a empresa não pode usá-lo por conta de questões legais.

O "reino quântico" apareceu pela primeira vez no primeiro filme de Homem-Formiga.O "reino quântico" apareceu pela primeira vez no primeiro filme de Homem-Formiga.Fonte:  Reprodução 

Em um artigo publicado no Medium, o professor de física e cientista quântico, Thomas Wong, explica que o "reino quântico" é real, mas que ele não é uma dimensão alternativa como no filme, na realidade, ela faz parte do nosso universo. Inclusive, é a mecânica quântica que permite diversas tecnologias atuais, como GPS, computadores quânticos, entre outras.

“A analogia padrão é imaginar uma mangueira de jardim reta. À distância, a mangueira de jardim tem apenas uma dimensão, correspondente ao movimento ao longo do seu comprimento. De perto, no entanto, uma formiga andando na mangueira de jardim tem acesso a duas dimensões: ela pode andar ao longo da mangueira ou pode andar em torno de sua circunferência. Da mesma forma, ao se tornarem pequenos, os heróis podem acessar dimensões adicionais”, disse Wong, comparando o Reino Quântico com a teoria das cordas.

Outra referência científica interessante é o conceito de superposição quântica, demonstrado na cena em que o Homem-Formiga e a Vespa visualizam todas as probabilidades de seus outros "eus". Na superposição quântica, teoricamente, um sistema físico pode existir em todos os lugares antes de estar em seu local final, contudo, no conceito real, não é possível visualizar todos esses resultados simultaneamente.

Em uma das cenas, o personagem M.O.D.O.K (Corey Stoll) até comenta sobre a caixa de Schrödinger, um experimento mental que coloca um gato hipotético numa caixa em uma condição de superposição quântica, onde o gato está morto e vivo ao mesmo tempo.

Apesar de toda a fantasia, o cientista Thomas Wong afirma que a produção causa um impacto positivo na divulgação científica, já que muitas pessoas estão buscando por mais informações sobre mecânica quântica após assistir ao filme.

Fontes

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