Tecnologia previu tragédia no litoral de SP 2 dias antes; como ela funciona

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Imagem: Daniela Andrade/PMSS

Nos últimos dias, o litoral norte de São Paulo sofreu com desabamentos e alagamentos em diferentes cidades, após um volume recorde de chuva — em algumas regiões, o volume foi de mais de 600 milímetros em um período de 24 horas. Contudo, o desastre poderia ter sido menor, pois o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) diz ter alertado o governo do estado de São Paulo e a Prefeitura de São Sebastião com dois dias de antecedência sobre o alto risco de deslizamento.

O problema é que o alerta de desastre foi enviado ao governo, mas os moradores relatam que não recebem nenhum tipo de aviso sobre os perigos de desabamento, deslizamento e alagamento — foram enviados apenas alertas sobre chuvas intensas. O aviso da Cemaden descrevia que a região da Vila do Sahy, onde morreram mais de 30 pessoas, estava sob risco.

O Cemaden utiliza uma tecnologia que monitora todo o território nacional, sem interrupção, para identificar com antecedência possíveis desastres naturais. Quando é identificada alguma alteração, o órgão federal avisa outras instituições para atuarem na prevenção de maiores desastres.

“Nós conseguimos fazer a previsão com 48 horas de antecedência, inclusive, dando a localização do desastre”, disse o diretor do Cemaden, Osvaldo Moraes, em entrevista ao G1.

Como funciona a tecnologia que previu a tragédia?

O Projeto de Monitoramento Geodinâmico do Cemaden, iniciado em 2013, utiliza sensores geotécnicos para realizar o monitoramento de deslizamentos em todo o país. Foram instalados terminais nomeados de Estações Totais Robotizadas (ERTs) em encostas de diversas regiões, cobrindo um horizonte de 360 graus e com cobertura de até 2,5 km, a partir de um ponto central no meio de uma área rodeada por encostas.

Sensor de umidade do solo, equipamento usado na prevenção de tragédias pelo CemadenSensor de umidade do solo, equipamento usado na prevenção de tragédias pelo CemadenFonte:  Cemaden 

Com a sincronização das ERTs, o Cemaden acompanha índices meteorológicos e geológicos, com base na movimentação da terra, para enviar alertas sobre o risco de chuvas extremas e deslizamento. Por exemplo, um dos alertas avisou sobre a chuva intensa na cidade de São Sebastião, onde morreram 47 pessoas e estão desaparecidas mais de 50 pessoas — a Defesa Civil aponta um total de 48 mortes, sendo uma em Ubatuba.

A tecnologia das estações é complementada por pluviômetros automáticos e sensores de umidade de solo, que possibilitam o monitoramento geotécnico de dados coletados sobre a quantidade de chuva acumulada e sobre o conteúdo de água no solo. O monitoramento fornece dados em tempo real por meio da Rede Geotécnica de monitoramento in situ de deslocamento de chuva e umidade do solo em encostas urbanas. Assim, os profissionais do Cemaden podem compreender a movimentação das encostas e todos os outros dados necessários para entender sobre situações de riscos e emitir alertas antecipados.

A Defesa Civil do estado afirma que divulgou alertas sobre o risco em redes sociais, na imprensa e por meio de mensagens via SMS para as pessoas cadastradas no sistema. Contudo, as mensagens comentavam apenas sobre chuvas fortes persistentes e não deram a dimensão real do risco de deslizamento.

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