Ciência

Estação Espacial despeja 2,9 toneladas de lixo em órbita

A carga, composta por baterias antigas, pode ficar no espaço por até quatro anos antes de queimar ao reentrar na atmosfera da Terra

Avatar do(a) autor(a): André Luiz Dias Gonçalves

16/03/2021, às 19:30

Estação Espacial despeja 2,9 toneladas de lixo em órbita

Fonte:  Twitter/Mike Hopkins 

Imagem de Estação Espacial despeja 2,9 toneladas de lixo em órbita no tecmundo

A Estação Espacial Internacional (ISS) liberou na quinta-feira (11) um palete carregado com baterias usadas que se tornou o maior pedaço de lixo espacial já dispensado pelo laboratório orbital. A carga tem um peso estimado em 2,9 toneladas, segundo a NASA.

Denominado “Exposed Pallet 9” (EP9), o objeto recém-descartado chegou por lá em 2020, a bordo de um veículo de transferência japonês HTV, levando mais componentes para auxiliar na substituição das antigas baterias de níquel-hidrogênio da estação pelas versões de íon-lítio. O processo de troca exigiu várias caminhadas espaciais ao longo dos últimos cinco anos.

Seguindo o mesmo caminho de outros modelos de HTV, este foi deixado em órbita após cumprir sua missão, carregando o material descartado. A diferença é que, desta vez, ele transporta uma carga mais pesada, cujo tamanho se compara ao de um SUV, conforme a agência espacial americana.

A carga deve ficar em órbita de dois a quatro anos.A carga deve ficar em órbita de dois a quatro anos.

Os comandos para a liberação do palete com as baterias velhas foram dados pelos controladores no Johnson Space Center, em Houston (EUA). O braço robótico da ISS, que tem 17,9 metros de comprimento, colocou o EP9 a uma distância segura da estação.

Sem riscos para o planeta

Após o descarte, o lixo espacial deve permanecer em órbita ao longo de um período com duração prevista entre dois e quatro anos, antes de cair de volta à Terra. Ele se juntará a outros 34 mil objetos e destroços com pelo menos 10 centímetros de diâmetro que circulam ao redor do planeta, segundo os cálculos da Agência Espacial Europeia (ESA).

Devido ao seu tamanho e peso, o EP9 gerou preocupação, mas a NASA afirma que o objeto não oferece qualquer risco para as pessoas em solo, pois queimará “inofensivamente na atmosfera”. E caso reste algum pedaço, ele cairá no Oceano Pacífico.

A liberação do palete vista pela janela da Crew Dragon.A liberação do palete vista pela janela da Crew Dragon.

Porém, alguns especialistas não estão totalmente convencidos da falta de perigo em relação à queda do palete. Para o astrônomo e escritor Phil Plait, o tamanho e a densidade da carga podem fazer com que ela não queime completamente ao passar pela atmosfera.

A mesma preocupação é compartilhada pelo astrônomo do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics Jonathan McDowell, que comparou o objeto atual ao Tiangong-1, apesar do peso e do tamanho inferiores. Primeiro protótipo de estação espacial da China, a nave pesava 7,5 toneladas e caiu de forma descontrolada na Terra em abril de 2018, em uma área ao sul do Oceano Pacífico.


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Por André Luiz Dias Gonçalves

Especialista em Redator

Jornalista formado pela PUC Minas, escreve para o TecMundo e o Mega Curioso desde 2019.