Clima espacial hostil pode impedir vida em exoplanetas habitáveis

2 min de leitura
Imagem de: Clima espacial hostil pode impedir vida em exoplanetas habitáveis
Imagem: Wikimedia Commons

Candidatos a abrigar vida devido a algumas semelhanças com a Terra, os exoplanetas de sistemas estelares vizinhos podem ter tido suas características habitáveis completamente modificadas pelo “clima espacial hostil" existente nas proximidades. É o que sugere um estudo publicado no The Astrophysical Journal, na última quarta-feira (9).

A equipe liderada pelo pesquisador da Universidade de Sydney Andrew Zic direcionou seus equipamentos para a estrela Proxima Centauri, que fica a 4,2 anos-luz de distância da Terra. No início do ano, astrônomos descobriram dois planetas orbitando a anã vermelha, um deles localizado na zona habitável, onde a temperatura pode permitir a existência de água líquida.

Porém, o planeta mais propício à vida deste sistema em questão, denominado Proxima Cen b, fica bem perto da sua estrela, a uma distância menor do que a existente entre Mercúrio e o Sol. E é aí que está o problema, de acordo com os pesquisadores australianos.

Ilustração mostra o material ejetado de Proxima Centauri indo em direção aos planetas próximos.Ilustração mostra o material ejetado de Proxima Centauri indo em direção aos planetas próximos.Fonte:  Universidade de Sydney/Reprodução 

Essa curta distância em relação à sua estrela pode deixar o planeta bastante exposto às frequentes e poderosas explosões de radiação produzidas pelas anãs vermelhas, como é o caso de Proxima Centauri. Se o Proxima Cen b não possuir nenhum tipo de proteção, como um campo magnético forte ou uma atmosfera densa, ele está sujeito às consequências dessa exposição, diminuindo as chances de abrigar vida.

O clima hostil em torno de Proxima Centauri

Utilizando equipamentos como os radiotelescópios Australian Square Kilometer Array Pathfinder (ASKAP) e o Zadko Telescope, além do telescópio Transiting Exoplanet Survey Satellite da NASA, entre outros, Zic e sua equipe observaram o sistema vizinho durante várias noites seguidas.

Dessa forma, eles puderam verificar um pouco do “clima espacial” nas proximidades de Proxima Centauri, marcado pelas constantes ejeções de massa coronal (CMEs). Tais erupções escapam da atmosfera da estrela e viajam a milhões de quilômetros por hora pelo espaço.

O planeta Proxima Centauri b pode apresentar condições favoráveis à existência de vida, conforme os astrônomos.O planeta Proxima Centauri b pode apresentar condições favoráveis à existência de vida, conforme os astrônomos.Fonte:  Wikimedia Commons 

Eventos como esse fazem com que as partículas carregadas da estrela interajam com os corpos celestes mais próximos. E se eles forem extremos o suficiente, podem ultrapassar as barreiras de proteção que os planetas possuam, deixando sua superfície totalmente exposta. “O que nossa pesquisa mostra é que isso torna os planetas muito vulneráveis à perigosa radiação ionizante que poderia esterilizá-los efetivamente”, escreveu Zic.

Para ele, essa situação também ocorre em outras partes da galáxia: “Esta é provavelmente uma má notícia em relação ao clima espacial. Parece provável que as estrelas mais comuns da galáxia — anãs vermelhas — não serão ótimos lugares para encontrar a vida como a conhecemos”, concluiu.

Diferenças para o Sol e a Terra

Ejeções de massa coronal como as observadas em Proxima Centauri também ocorrem no Sol com alguma frequência, liberando “nuvens quentes de partículas ionizadas” em diferentes direções, inclusive rumo à Terra.

No entanto, a distância relativamente longa em relação ao principal astro do Sistema Solar nos deixa protegidos dos efeitos provocados pelas explosões solares. Outro ponto favorável é o poderoso campo magnético terrestre, que atua na proteção contra as explosões de plasma solar.

As erupções solares liberam altos níveis de radiação em direção à Terra.As erupções solares liberam altos níveis de radiação em direção à Terra.Fonte:  Pixabay 

O próximo passo dos pesquisadores é detectar a mesma relação entre explosões ópticas e emissões de rádio em outras estrelas, como as identificadas no estudo, o que permitiria mapear melhor os efeitos do clima espacial.

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.