A descoberta em setembro de traços do gás fosfina (ligado à presença de micro-organismos) na alta atmosfera de Vênus acendeu um longo e ainda vivo debate dentro da comunidade científica. Agora, a equipe internacional de astrônomos responsável pelo estudo original reanalisou as informações usadas na pesquisa, descobrindo um erro de processamento no conjunto de dados original: a verdade é que sim, há sinais de fosfina, mas eles são mais fracos do que se supunha.
Usando observações de radiotelescópio no Atacama Large Millimeter / submillimeter Array (ALMA), os pesquisadores determinaram que os níveis médios de fosfina em Vênus estão na faixa de uma parte por bilhão (um sétimo do valor divulgado em setembro).
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A fosfina foi achada nas nuvens mais altas do planeta.
Para chegar a esse valor, a equipe liderada pela astrônoma Jane Greaves, da Universidade de Cardiff, refez o trabalho baseado nos dados do ALMA e ainda usou informações do James Clerk Maxwell Telescope (JCMT), mostrando que, mesmo mais fraca, os dados do radiotelescópio ainda apresentam a assinatura espectral da fosfina, cuja fonte é, até agora, desconhecida – seja ela organismos vivos ou emissores inanimados.
Mais simples
O debate que se seguiu ao anúncio de setembro incluiu o argumento de que a fosfina pode ser produzida por agentes geológicos. A equipe de Graves descartou essa hipótese, com base nos dados coletados pelo JCMT, que mostraram que as concentrações do gás variam, atingindo até cinco partes por bilhão.
O relatório da equipe de Graves já teve um desdobramento: o bioquímico da Universidade Politécnica da Califórnia Rakesh Mogul foi atrás dos dados coletados pela missão Pioneer da NASA, que mediu, em 1978, a química das nuvens de Vênus enquanto despencava em direção ao solo do planeta. Ele achou sinais de fósforo. “Acredito que o gás mais simples que se ajusta ao resultado encontrado é a fosfina”, disse ele, em comunicado.
Processos geológicos podem ser a origem da fosfina em Vênus.
Porém, ele não descarta que possam existir outras explicações para os traços do gás encontrados na atmosfera de Vênus. Erupções vulcânicas e a eletrificação da atmosfera podem contribuir para que compostos à base de fósforo sejam produzidos e, em seguida, transformados em outros elementos à medida que sobem para as nuvens – incluindo a fosfina.
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