Reinfecções por covid-19: 3 dúvidas ainda sem resposta

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O ano de 2020 está sendo marcado pela covid-19, que trouxe medo, apreensão e muitas dúvidas. Por ser uma enfermidade nova, os cientistas aprenderam na prática sobre o seu comportamento. No começo da pandemia, ainda não se sabia se era possível a reinfecção pelo vírus, mas isso foi comprovado com casos recentes.

Enquanto muita gente fica apreensiva por conta disso, a imunologista Akiko Iwasaki, da Universidade Yale, diz que isso a deixou feliz. “É um bom exemplo didático de como a resposta imunológica deve funcionar”, explicou a especialista em entrevista à Nature. No caso em questão, um homem de Hong Kong apresentou a doença novamente, mas sem sintomas. Isso pode significar que o sistema imunológico do paciente pode ter-se lembrado do contato anterior com o vírus e agido rapidamente para evitar sintomas mais graves.

Porém, isso mudou quando um paciente de Nevada, nos Estados Unidos, também teve a reinfecção confirmada, mas desta vez com sintomas mais severos. Para Iwasaki, isso mostra que ainda há muito o que aprender sobre o novo coronavírus. Na questão das reinfecções, existem 3 grandes dúvidas sem respostas:

1. As reinfecções são comuns?

O assunto é discutido desde o começo da pandemia, mas muitos daqueles casos se tratavam de uma continuação da primeira infecção. Nas últimas semanas, porém, o número de reinfecções comprovadas aumentou. Nos casos de Nevada e Hong Kong, o mapeamento genético do vírus mostrou que variantes diferentes causaram a nova infecção.

Com quase 30 milhões de infectados no mundo, os poucos casos confirmados de reinfecções podem ser um alívio. Ainda assim, agora que muitos países já enfrentaram a primeira onda, novos casos devem surgir e ajudar a compreender a resposta imunológica do corpo após a primeira exposição ao novo coronavírus. O fato de poder rastrear a infecção através do mapeamento genético deverá ajudar a mostrar as cepas mais agressivas do agente causador da covid-19.

Vírus evolui de maneira diferente entre pessoasVírus evolui de maneira diferente entre as pessoas.Fonte:  Pixabay 

2. As reinfecções serão mais graves?

Já foi comprovado que apenas uma pequena parcela dos infectados desenvolve os sintomas mais graves da covid-19. A maioria das pessoas é assintomática, enquanto outras precisam de cuidados de terapia intensiva. A mesma discrepância pode ocorrer nas reinfecções: pacientes que não tiveram sintomas graves na primeira vez podem desenvolvê-los na segunda e vice-versa.

Os cientistas tentam entender como a memória imunológica atua na nova infecção. Isso é crucial para o desenvolvimento de vacinas mais potentes contra o vírus. Algumas pessoas têm sintomas agravados na primeira infecção por conta de uma resposta imunológica exacerbada, que acaba atacando inclusive tecidos saudáveis. Essas pessoas podem ficar propensas a ter sintomas mais graves em um nova infecção.

Outra possibilidade é que os anticorpos produzidos na primeira infecção acabam atuando a favor do vírus em uma possível reinfecção. Essa é uma resposta rara e incomum, mas foi encontrada quando se desenvolvia vacinas para a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers).

Reinfecções devem ajudar a desenvolver vacinas mais potentesReinfecções devem ajudar a desenvolver vacinas mais potentes.Fonte:  Pixabay 

3. As reinfecções afetam o desenvolvimento de vacinas?

As vacinas mais eficazes são aquelas feitas para doenças que geram imunidade duradoura após uma primeira infecção – casos como o sarampo e a rubéola. No caso da covid-19, as reinfecções podem significar a necessidade de vacinações mais frequentes.

Outro detalhe é que a compreensão das reinfecções pode levar a vacinas mais poderosas. Se os pesquisadores descobrirem, por exemplo, que reinfecções ocorrem quando os anticorpos estão abaixo de determinado nível, é possível criar uma estratégia para investigar esse cenário.

Também é preciso compreender se a vacinação deixará as pessoas imunes ou apenas aptas a não desenvolver sintomas graves; assim, elas poderiam ser vetores de transmissão do vírus para pessoas não vacinadas.

Fontes

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