Camada de neve rosa nos Alpes italianos preocupa cientistas
Fenômeno surgiu na geleira de Presena, na Itália, e, apesar de ser visualmente interessante, pode agravar mudanças climáticas
Por Ricardo Isídio
08/07/2020, às 17:00
Segundo o site Earther, nos últimos dias uma camada de neve rosada surgiu na superfície dos Alpes italianos. O evento é resultado da proliferação das algas Chlamydomonas nivalis, também encontradas nas regiões polares da Groenlândia à Antártida. Embora seja um fenômeno visualmente interessante, apresenta um sinal de perigo para o clima da Terra, pois pode acelerar o derretimento de geleiras na frágil área montanhosa.
Também conhecido como "neve de melancia", o evento normalmente ocorre durante a primavera e o verão, pois necessita de certa quantidade de luz, calor e água para se desenvolver. De modo geral, as algas ficam inativas sob a neve e o gelo, porém, com a chegada de períodos mais quentes, o derretimento permite condições para o domínio da coloração na paisagem.
Nesse sentido, Biagio Di Mauro, cientista do Instituto de Ciências Polares do Conselho Nacional de Pesquisa da Itália, ressaltou que, embora a extensão total de seu impacto sobre o meio ambiente seja pouco compreendida, ela pode acelerar a velocidade de derretimento da neve. Isso porque há maior dificuldade em refletir raios solares que chegam às superfícies, o que aumenta a temperatura.
Na fotografia aérea da geleira próxima à vila italiana Pellizzano, tirada em 3 de julho, é possível verificar a neve rosa.
Mudanças climáticas
Esse fator, em adição a estudos que indicam o possível desaparecimento de geleiras neste século por conta de mudanças climáticas, projeta um cenário no qual a frequência do fenômeno será ainda maior; logo, aumentará a probabilidade de agravar o aquecimento global.
Vale lembrar que esse fenômeno na geleira de Presena não foi o único observado com essas características neste ano. Eventos semelhantes ocorreram nas últimas semanas no Alasca e no mês passado na ilha de Galindez, na Antártida, apesar de este último apresentar coloração mais avermelhada. Em outra parte do gélido continente, houve, ainda, a proliferação de estranhas algas verdes.
Segundo cientistas, não é totalmente conhecido como as mudanças climáticas poderão afetar a frequência e a localização desses tipos de fenômenos que se apresentam como preocupantes.