Carros e tecnologia: de onde viemos e para onde iremos?

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Cada vez mais os sites de tecnologia, como nós aqui do TecMundo, estão se deparando com notícias e mais notícias de veículos autônomos. A indústria automotiva e a área tecnológica estão cada vez mais próximas: gigantes como Google e Apple já deixaram claro que vão sim, em algum tempo no futuro, dividir o mercado de automóveis com outras montadoras mais tradicionais.

No entanto, ao mesmo tempo que vemos projetos e conceitos que constantemente disputam o posto de "carro do futuro", como foi o caso recente da BMW com o seu Vision Next 100, esse mesmo futuro ainda parece distante.

"Os próximos 100 anos": Vision Next 100 é a proposta da BMW para o carro do futuro

O que falta para finalmente chegarmos ao período em que a direção autônoma deixará de ser uma notícia somente e se tornará algo cotidiano? Quando teremos um carro da Google em nossa garagem e seremos levados ao nosso trabalho sem sequer tocar no volante? E o mais importante: por que o futuro será assim?

A resposta para essas e outras perguntas pode ser mais simples do que parece, mas, para entendê-la, é preciso olhar para trás. A fusão definitiva dos carros com a tecnologia depende de um aspecto comum e mais antigo do que algumas pessoas imaginam.

A motivação para a evolução dos carros

Quando o primeiro carro foi produzido, no final do século 19, o mundo se viu diante de um salto gigantesco em termos de tecnologia. O próprio veículo se tornou o ícone maior da evolução e a indústria automobilística cresceu de forma assustadora em pouquíssimo tempo. Os automóveis foram se tornando cada vez maiores, mais confortáveis e também mais potentes.

Em pouco tempo, ter um carro não significava simplesmente ter um meio de transporte mais avançado, mas ter em mãos um símbolo que representava seu status. Um aspecto, no entanto, passou batido durante muito tempo desde o nascimento do automóvel: a segurança.

Morreram mais norte-americanos no trânsito do que em todas as guerras que os Estados Unidos participaram

Para se ter uma ideia, morreram mais norte-americanos no trânsito do que em todas as guerras que os Estados Unidos participaram – eram, em média, mil mortes registradas por semana nos primeiros anos da década de 60, o chamado "ano de ouro" para Detroit, a cidade que era o sinônimo da austeridade da indústria automobilística nos EUA.

Alerta: o vídeo abaixo contém cenas fortes:

Foi por isso que, no fim da década de 60, o promotor Ralph Nader entrou em uma verdadeira guerra contra as fabricantes de carros, em especial a General Motors. Nader, que escreveu um livro entitulado "Perigoso a Qualquer Velocidade", alegou que as montadoras negligenciaram, de forma consciente, a necessidade de produzir veículos mais seguros para não prejudicar seus lucros.

A primeira conquista dessa batalha foi a instalação obrigatória de cintos de segurança nos veículos, que aconteceu em 1966. O problema é que o uso deles dependia de uma ação do motorista e, bem, os norte-americanos não lidavam muito bem com isso – não foi à toa que as estatísticas sobre acidentes mudaram pouquíssimo nos anos seguintes.

Nader continuou sua luta e conseguiu, apesar de manobras políticas e intimidações por trás da poderosíssima indústria, que o governo forçasse as montadoras a incluírem um item que, na época, era visto como a tecnologia de ponta em termos de segurança automotiva: os airbags.

O ponto de virada

Se até a década de 70 o grande apelo para o desenvolvimento dos carros era sua potência e o seu "simbolismo", nas últimas décadas vimos a indústria usar a segurança automotiva como um de seus pilares fundamentais. Não se tratava mais de fazer carros grandes, potentes e confortáveis, apenas, mas que fossem seguros também.

O desenvolvimento de praticamente todas as peças passou a ser pensado sob a ótica da segurança

É aí que a tecnologia teve um papel fundamental e começou a fazer parte dos princípios da produção de um automóvel. O número de airbags aumentou consideravelmente, a criação do sistema ABS, que impede o travamento das rodas durante a frenagem, enfim, o desenvolvimento de praticamente todas as peças passou a ser pensado sob a ótica de tornar o veículo confiável e transmitir a segurança necessária para os condutores.

Nos últimos anos, outras variáveis passaram a fazer parte da equação, como economia, eficiência energética, interatividade, conectividade, mas a segurança nunca deixou de ser a grande protagonista. Não seria surpresa se, no final das contas, ela também pautasse o futuro do automóvel.

Um futuro autônomo precisa ser seguro

O motivo pelo qual as ruas ainda não foram tomadas pelos carros autônomos – e, não vamos nos enganar, mas isso vai acontecer – é de que tudo ainda precisa ser testado e estressado ao ponto da exaustão.

Não apenas para garantir que funciona, mas para que se tenha certeza de que é seguro tirar o controle de um veículo das mãos do motorista – que, por sinal, é apontado como o principal problema da segurança nas ruas e estradas: 90% dos acidentes são causados por falha humana.

A questão é que embora os sistemas autônomos estejam extremamente avançados, ainda existem falhas que precisam ser corrigidas: não há como confiar completamente na tecnologia disponível no momento.

Por isso as montadoras acreditam que o futuro próximo e tangível dos carros seja de que a direção automática não seja um aspecto mandatório, mas uma opção ou uma forma de auxílio.

É claro que existem outras finalidades para o desenvolvimento de tecnologias autônomas, como é o caso da comodidade, do conforto e do entretenimento. No entanto, não se trata apenas de tirar o fator humano da direção, mas torná-la absolutamente mais segura.

A segurança fora das ruas, mas dentro dos carros

Outro motivo pelo qual o "carro do futuro" não chegou ainda também tem a ver com segurança, mas não é relacionada ao ato de dirigir – pelo menos não diretamente. Trata-se da questão de segurança da informação: com sistemas multimídia cada vez mais avançados e conectados, existe uma preocupação acerca do tratamento dos dados coletados pelo automóvel.

Além da questão de privacidade, outra pergunta fundamental que as montadoras precisam responder antes de virar a chave de forma definitiva é: até que ponto as pessoas querem ser "tiradas" da sua posição de motoristas? Afinal de contas, muita gente gosta bastante de dirigir – e talvez aqui a "opção" proposta pela BMW seja uma solução bastante pertinente.

No fim das contas, a resposta é simples: teremos um carro autônomo quando finalmente pudermos entrar em um deles e irmos para onde quisermos de forma tão natural quanto quando nós é que estamos no controle.

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