Imagem de Trials of Mana HD
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Trials of Mana HD

Nota do Voxel
80

Trials of Mana é um RPG de ação simpático, descomplicado e divertido

Secret of Mana é o primeiro jogo que me vem à mente ao lembrar dos tempos áureos do Super Nintendo, quando a vida era muito mais simples. Em meio a tantos RPGs por turnos, Seiken Densetsu 2 — ou melhor, Secret of Mana — ganhou reconhecimento por apostar em um sistema de combate em tempo real, algo atípico à época. Trata-se de um dos meus games favoritos da era 16 bits, o único motivo pelo qual comprei o SNES Classic em 2018.

Mesmo depois de ter se consagrado como um dos melhores RPGs de seu tempo, Secret of Mana recebeu uma sequência que, curiosamente, ficou só lá no Japão. Lançado em 1995 para o Super Famicom, Seiken Densetsu 3 é uma digna continuação, mas que pouca gente conhece (eu inclusive). O game chegou a ser localizado por fãs para o inglês, só que nada em caráter oficial.

Fonte:  voxel 

Eis que em 2019, durante a apresentação da Nintendo na E3, a Square Enix revelou Collection of Mana, que trazia Secret of Mana e Trials of Mana em inglês ao Switch, e Trials of Mana HD, um remake de Seiken Densetsu 3 que, além reconstruir do zero a parte visual, marcaria a chegada do título ao Ocidente depois de 25 anos de espera. Para ser honesto, esse foi o meu primeiro contato com o jogo, e acredito que também seja o seu. Está curioso? Confira a análise completa:

Uma fábula encantadora

Antes de tudo, é importante reforçar que a história não exige conhecimento prévio do título principal e funciona bem à sua maneira. Diferentemente dos RPGs tradicionais, cuja narrativa é moldada a partir de um único personagem, Trials of Mana oferece seis heróis, cada um com suas próprias motivações para prosseguir rumo à espada de Mana.

Sem aprofundamento nos detalhes — até para evitar spoilers —, o herói escolhido assume a árdua tarefa de recuperar uma lendária espada que, no passado, foi usada por uma Deusa para selar as bestas da destruição em oito pedras de mana. Reis de cidades distantes, feiticeiros e seres malignos querem se apropriar do poder da espada para libertar as criaturas conhecidas como Benevodons, então cabe ao seu personagem chegar antes de todo mundo.

Fonte:  voxel 

De modo geral, a história é a mesma para todos os personagens. No entanto, dependendo do herói selecionado, algumas escolhas e linhas de diálogo vão mudar, já que eles têm trajetórias diferentes. O avatar que eu defini como principal, Kevin, é descendente da linhagem de lobisomens e herdeiro do trono de Ferolia. Treinado pelo rei para ser uma máquina de guerra, o garoto não almeja ser um soldado e passa o seu tempo com Karl, um lobo de estimação.

Para que a amizade entre os dois deixe de atrapalhar seu filho, o rei, então, decide eliminar o animal de Kevin. Ao se sentir traído pelo próprio pai, ele parte em busca de uma magia que seja capaz de trazer seu amigo de volta à vida e, por consequência, acaba descobrindo a importância da espada de Mana para proteger o mundo.

Além do personagem principal, você pode escolher outros dois aventureiros para acompanhá-lo durante a jornada. Independente da decisão tomada em relação ao trio de protagonistas, todos os heróis cumprem um papel crucial no desenvolvimento da trama. A possibilidade de conhecer os caminhos de outros três personagens ao término da jornada incentiva o jogador a concluir o game pelo menos uma segunda vez, embutindo um fator replay considerável na experiência single player — até porque o modo cooperativo local foi deixado de lado e não há multiplayer.

Fonte:  voxel 

Remake à altura

Devo assumir que o combate de Secret of Mana foi o que me atraiu ao jogo quando tive a oportunidade de experimentá-lo pela primeira vez em 1999, quando tinha 9 anos, época em que os JRPGs ainda não valorizavam muito as mecânicas de ação. Posso dizer facilmente que o sistema de batalhas de Trials of Mana também foi o que me prendeu desde o início.

O combate em terceira pessoa à la Kingdom Hearts e Ni No Kuni 2 não tem a velocidade de um hack 'n slash, mas é simples e eficiente. Você pode intercalar entre os três personagens, usar magias, esquivar e desferir golpes leves e pesados. Cada um deles domina um tipo de arma e possui padrões distintos de golpes e movimentos, então o ideal é alternar entre eles de acordo com o inimigo que estiver à frente.

A trava de mira é um tanto imprecisa e nem sempre conduz a câmera para onde você quer, principalmente quando há um número considerável de inimigos na tela. Na dificuldade mais elevada, por exemplo, tenha em mente que a inflexibilidade da câmera vai incentivá-lo a usar alguns itens de cura a mais.

Fonte:  voxel 

Embora seja um daqueles JRPGs mais enraizados, Trials of Mana é, acima de tudo, um RPG de ação sem muita burocracia, que o coloca mais para jogar do que para ler diálogos irrelevantes. A partir da metade do jogo, depois de desbloquear Vuscav e Flammie, duas criaturas usadas como meios de transporte, você pode revisitar qualquer pedaço do mapa pelo ar ou pelo mar, quando bem entender, ainda que as áreas não estejam integralmente interligadas.

Como todo bom RPG japonês, Trials conta com o clássico sistema de progressão por níveis. À medida que sobe de nível, você deve gastar pontos de habilidade para melhorar atributos de todos os três personagens. Você também pode muni-los com armas, magias e equipamentos melhores, assim como modificar suas classes para que se adequem a outros estilos de luta.

Os sistemas de progressão são claros e intuitivos, com menus acessíveis de navegar e que dispensam a necessidade de tutoriais detalhados. Em tempos de games densos e complexos, o grande diferencial de Trials é que ele preza pela simplicidade, pela diversão a qualquer jogador, seja você um novato ou veterano em JRPGs.

Fonte:  voxel 

Refeito do zero, mas com alguns tropeços

A estética pixelizada 2D de Seiken Densetsu 3, uma das mais bonitas da era 16 bits, foi transposta ao 3D e se manteve fiel à obra original. A visão aérea característica do jogo de SNES deu lugar à perspectiva moderna em terceira pessoa que, hoje, é padrão no gênero. O conteúdo e os elementos (inimigos, itens, locais etc.) são os mesmos; a diferença é que tudo foi refeito do zero.

A apresentação dos inimigos e personagens faz jus à qualidade do game de 1995. Contudo, o novo jogo não tem um apelo visual tão impressionante e deixa transparecer certa falta de capricho na reconstrução dos cenários que, às vezes, são vazios e revelam uma estética poligonal bastante defasada.

Alguns trechos são genéricos e moldados a partir de clichês do gênero, então espere mapas com rios de lava, cavernas congelantes e florestas pequenas que não estimulam a exploração. Na verdade, ele não tem o valor de produção de um AAA (a julgar pelo preço, US$ 50), portanto não há gráficos no mesmo nível de RPGs recentes e de alto calibre, como Dragon Quest XI: Echoes of an Elusive Age e Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom.

Fonte:  voxel 

A excelente trilha sonora de Hiroki Kikuta, compositor do jogo anterior (Secret of Mana), também foi retrabalhada para entregar uma experiência mais atual, embora as versões clássicas possam ser selecionadas a partir do menu. Infelizmente, o game não tem textos nem vozes em português brasileiro, somente em inglês, o que pode afastar quem não está muito familiarizado com o idioma. Aliás, é bem raro ver títulos menores da Square Enix sendo localizados por aqui.

Veredito

Para bem ou para mal, o remake é um redesenho completo da obra original. Com personagens carismáticos e uma boa história, Trials of Mana HD é um JRPG charmoso, descomplicado e divertido, que deixa o jogador ditar o próprio ritmo sem ser interrompido por diálogos descartáveis. Há limitações técnicas e uma câmera destrambelhada, mas nada que ofusque o brilho de um conto mágico que o Ocidente ansiava tanto para conhecer.

Trials of Mana HD foi gentilmente cedido pela Square Enix para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • A possibilidade de percorrer a história com seis personagens incentiva o jogador a refazer a jornada mais de uma vez
  • Um legítimo RPG de ação: combate simples e eficiente
  • Mecânicas simplificadas de RPG tornam a experiência bastante acessível
  • Liberdade de exploração, ou seja, você pode explorar o mundo à vontade sem ser interrompido
  • Poupa diálogos desnecessários
Pontos Negativos
  • Decisões questionáveis de design, com alguns ambientes vazios que desestimulam a exploração
  • A câmera destrambelhada mais atrapalha do que ajuda
  • Não é um dos JRPGs mais bonitos que você vai ver nesta geração