Imagem de The Godfather II
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The Godfather II

Nota do Voxel
70

A Família resolveu expandir os negócios em Nova Iorque.

Criar uma aventura interativa sobre uma base conhecida, reconhecida, idolatrada e que ostenta um implacável status de “cult” é certamente uma tarefa hercúlea. Quer dizer, qual seria a melhor solução, recriar a trama a partir das bases e correr o risco de ser enxovalhado por fãs puristas ou criar um fac-símile em pixels idêntico, em cada pequeno ponto, e acabar com um jogo que, em última análise, acaba sendo apenas uma cópia no melhor das hipóteses desnecessária.

Sim, é o Al Pacino. É só forças um pouco a imaginação...A EA ficou exatamente em cima desse muro quando resolveu criar um jogo baseado em um dos maiores colossos da indústria cinematográfica americana. E, bem, desconsiderando-se alguns pequenos deslizes, pode-se dizer que a ficção do filme criou uma relação até bastante simbiótica com a liberdade que se espera de um jogo com universo aberto. E sim, as comparações com GTA IV são inevitáveis.

Basicamente, você não estará (ao menos inicialmente) entre o alto escalão dos personagens que marcaram a sétima arte, como Michael Corleone (Al Pacino), Vito Corleone (Robert De Niro) ou o conseglieri “não italiano”Tom Hagen (Robert Duvall). Porém, a idéia também não é encarar simplesmente o papel de um soldado raso no melhor estilo “bucha de canhão”.

A bem da verdade, a ligação direta de The Godfather II, o filme, com The Godfather II, o jogo, se resume mais a uma longa introdução. O jogo tem o seu início no momento em que Michael Corleone parte para Havana (Cuba) no intuito de pegar uma fatia do império de Hyman Roth, o qual, aparentemente, pretende tirar o time de campo.

Como qualquer um que tenha visto o filme deve saber, as coisas não saem exatamente como o planejado, e o encontro acaba coincidindo com o levante rebelde em Cuba, o que acaba impossibilitando completamente as negociações. Nessa hora surge a primeira oportunidade do seu protagonista mostrar o seu valor diante da cúpula da Máfia.


Dominic é, no início do jogo, apenas um capanga respeitado de Aldo Trapani, protagonista do primeiro jogo. Conforme a revolução cubana espalha o caos por Havana, surge então a sua primeira missão: escoltar os Corleone até o aeroporto em meio a um enfurecido exército, explosões e civis desesperados.

Durante a escapada, Aldo Trapani acaba então sendo morto, e Dominic acaba com a colossal missão de consolidar o poderio da família através da caótica Nova Iorque (cargo que era ocupado por Algo). Drogas, extorsão e violência nua e crua. O negócio agora é encarar a tarefa de ser um Don “pau-pra-toda-obra”.

Mão de obra para o Don de Nova Iorque

Tudo bem, qualquer um que tenha um mínimo de familiaridade com a trilogia Godfather sabe muito bem que ninguém é nomeado chefe de uma família da noite para o dia. Entretanto, agora você está em uma versão (um tanto reduzida) de Nova Iorque, e consolidar o império Corleone na região implica derrubar as famílias rivais a fim de garantir a hegemonia sobre os negócios escusos da cidade.

É claro, você não poderá fazer isso sozinho. Assim sendo, uma das primeiras “missões” do jogo consiste justamente em recrutar aliados para levar os planos adiante. Basicamente, os seus capangas terão três serventias durante o modo história do jogo: escoltá-lo por toda a parte, guardar um determinado local ou fazer uso das suas habilidades únicas pelo bem da Família.

Soldados-capangas: úteis para acender o charuto ou mandar tudo pelos ares

Bem, digamos que, como escolta, não serão os brutamontes não serão os sujeitos mais diplomáticos que você já viu. Quer entrar em um lugar para em paz simplesmente para fazer uma “proposta irrecusável”, sem iniciar uma guerra local? É bom então deixar os brutamontes admirando a paisagem do lado de fora, já que, uma vez dentro do local, eles automaticamente passarão a atacar praticamente qualquer coisa que se mexa.

Antes de contratar um novo empregado, sempre será possível chegar as suas referências e habilidades especiais, que estão divididas em quatro campos: um brutamontes, do tipo que convence qualquer um de qualquer coisa;  um médico poderá curar qualquer membro caído da sua equipe; engenheiros podem cortar a energia de um local, tornando impossível que os seus inimigos chamem reforços; incendiários que podem colocar instalações inteiras abaixo rapidamente.

Ei, esse sujeito tem licença pra usasr isso? E, por fim, existem os arrombadores de cofres. Cada um deles será inicialmente um soldado na chamada “árvore da família”, se você poderá, posteriormente, compensar um empregado particularmente efetivo e leal com promoções, tornando-o, por exemplo, um “capo”.

A maioria dos seus membros iniciará com um grau baixo nas habilidades. Assim sendo, cabe a você, o amável chefe, comprar-lhes estatísticas mais altas, além de vantagens como mira mais apurada e uma cura mais rápida dos ferimentos.

Mas não fica só nisso. Para manejar armas mais pesadas em Godfather II, será necessário aumentar a licença para armas. Entretanto, isso acaba sendo muito mais efetivo nos modos multiplayer (mais a frente) do que no modo história, já que detonar inimigos controlados pelo computador realmente não exigirá nada muito extremo.

Aliás, esse é justamente um dos pontos baixos do jogo. Ele é tremendamente fácil em alguns momentos, e apenas minimamente desafiador em outros. De fato, um “patch” nesse sentido não faria nada mal.

O onipresente Don

E denominada “Don’s view” certamente é um dos adereços mais originais de Godfather II. Nesse modo, você terá uma visão geral de todos os negócios com “potencial” na cidade, e pode também ficar sabendo que — você ou outra família qualquer — está controlando aquele estabelecimento em um determinado momento.

É claro, tomar os locais não será assim tão fácil — embora também não muito difícil, mesmo que original. Lojas de armas aumentarão a sua munição e pontos de venda de drogas aumentarão os lucros. Você sabe disso. As outras famílias também.

Don's View: a dimensão estratégica de Godfather II

Para tomar um determinado estabelecimento, a idéia é apostar na boa e velha “proposta irrecusável”. Após passar pelos capangas, a idéia é ser suficientemente persuasivo com o dono do local, mostrando que, realmente, é muito melhor ter você como aliado. Enfim, nada que alguns socos e chutes nas partes baixas não resolvam.

Uma vez que se controle um determinado ponto, a idéia é deixar alguns soldados rasos (que não fazem parte da árvore da sua família) para cuidar do local, sendo que sempre será possível acompanhar as coisas através da “Don’s View”, eventualmente mandando reforços quando for necessário.

Entretanto, originalidades à parte, vale aqui uma ressalva: dominar as outras famílias realmente não será uma atividade assim tão complexa. Enquanto que tomar propriedades não é exatamente algo do outro mundo, os ataques aos pontos controlados por você serão um tanto raros, e normalmente envolverão apenas uma famílias rival. Quando isso acontecer, basta visitar o local e acertar as coisas.

Modos multiplayer

Sim, existem outros modos multiplayer além do bom e velho “team deathmatch” em Godfather II. Demolition Assault requer um especialista em demolições para botar a baixo vários locais através do mapa. Fire Starter coloca os seus incendiários para por em chamas diversos pontos e, por fim, Safecracker envolve, obviamente, arrombar um certo número de cofres na cidade antes que os seus oponentes o façam.


A grande diferença aqui é a versão multiplayer da “Don’s View”, em que dois jogadores decidem atuar indiretamente na guerra, apenas coordenando as suas milícias através do mapa. Enfim, diferente, mas não necessariamente divertido — afinal, quem realmente trocaria tiros e explosões por uma visão estratégica, anticéptica e um tanto desnecessária? Pois é.

Um jogo inacabado

A impressão é inegável. Caso a versão final de Godfather II fosse apenas uma prévia de algo ainda por finalizar, a conclusão seria muito fácil: um tremendo potencial. Isso porque o jogo apresenta diversas idéias boas, mas boa parte delas dá a idéia de ainda estar em fase de desenvolvimento.

Os gráficos apresentam texturas falhas, a física deficiente (com pernas que atravessam paredes e inimigos que morrem em posições no mínimo estranhas). Isso sem falar na I.A. (inteligência artificial) de repolho dos seus ajudantes que, embora se virem razoavelmente bem na maior parte do tempo, conseguem realizar proezas verdadeiramente estúpidas às vezes.

Atirem no cara atravessado na parede!

Somando a isso ainda as apenas 12 horas de jogo do modo história, o que se tem é um enorme potencial desperdiçado por uma evidente falta de polimento (ou de tempo). Afinal, convenhamos, um ambiente como o dos filmes de Godfather combinas perfeitamente com o jeito GTA de ser, e o primeiro título da franquia realmente não fez feio.

Assim sendo, caso você seja um grande fã de universos abertos, ou tenha uma queda particular pela tradição mafiosa da metade do século passado, talvez valha a pena dar uma olhada. As cenas de ação realmente têm o seus momentos, e a nova dimensão estratégica adicionada à fórmula traz uma variante interessante. Faltou só aparar um pouco mais as arestas.
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