Imagem de Tales of Arise
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Tales of Arise

Nota do Voxel
95

Tales of Arise evolui a série em tudo e preza por ritmo impecável

Sinceramente, não precisamos de muito tempo para perceber que estávamos diante de um dos melhores JRPGs da atualidade quando iniciamos um save em Tales of Arise.

O novo game, desenvolvido e publicado pela Bandai Namco, remete-nos à magia dos RPGs de ação que tínhamos aos montes no PlayStation 2, em uma época em que era uma árdua tarefa escolher entre Dark Cloud, Drakengard, Rogue Galaxy e Star Ocean: Till the End of Time – só para citar alguns nomes.

Cá entre nós, ser capaz de nos levar de volta à era do PlayStation 2, ou seja, à melhor safra de Action RPGs na humilde opinião deste redator que escreve para vocês, é de fato uma grande virtude. Se analisarmos friamente, o gênero acabou caindo no esquecimento, assim como o hack'n'slash, e é por isso que valorizamos tanto toda vez que um novo título desse tipo chega às plataformas atuais. Tales of Arise não apela à nostalgia gratuita e, ao invés disso, respeita "o DNA" da franquia e do gênero ao qual pertence, provando que nem sempre é necessário se reinventar para evoluir.

Fonte:  Voxel 

Em um exercício de analogia, Tales of Arise representa um largo passo rumo à dominação da franquia no ocidente, tal qual Monster Hunter World representou para a valiosa série da Capcom em 2018. Arise consegue abranger novos jogadores por ser mais acessível ao mesmo tempo que sabe dialogar com os seguidores de longa data, pautando-se em sistemas complexos. Do nicho ao mainstream, deem as boas-vindas a Tales of Arise.

História: elevando a franquia ao seu potencial máximo

Todos nós sabemos que um bom RPG depende de um roteiro bem redigido para fisgar o jogador em uma aventura com dezenas, talvez centenas de horas. Arise cumpre com maestria a missão de amarrar o jogador à trama sem se arrastar em uma narrativa entediante. Na verdade, cada linha de texto contribui de maneira expressiva para edificar a base de relacionamento dos seis incríveis personagens jogáveis que temos à disposição.

Ironicamente, conversas banais dizem muito mais sobre as motivações dos heróis e de suas conexões com os mundos, Dahna e Rehna, do que muitas missões secundárias – que também são boas, só que se resumem a cumprir favores simples a personagens-chave de cada localidade. Aos que não estão familiarizados com outros idiomas: fiquem tranquilos, pois os textos estão localizados ao português brasileiro, então não há como perder conteúdo.

Pensando em preservar a experiência de quem pretende jogar ou já está jogando, vamos nos limitar a dar detalhes que fogem da premissa. Vamos lá: Arise conta a história de Alphen, conhecido inicialmente como Máscara de Ferro, um escravizado dahniano que parte rumo à jornada para libertar o povo de Dahna após três séculos de hegemonia rehnana. Com o desenrolar dos acontecimentos, o protagonista é incumbido da tarefa de desmantelar os cinco reinos de Dahna, cada um deles governado por um tirânico lorde rehnano, a fim de trazer paz de volta à terra natal.

À medida que avança no caminho para cumprir o seu propósito, Alphen conhece outros personagens que se unem a ele pela mesma causa, também recebendo ajuda de grupos de resistência, com os quais estabelece relações de confiança durante toda a aventura. A pauta de amizade é explorada sem forçar a barra e compõe boa parte dos diálogos opcionais, as esquetes, que nada mais são do que interações descompromissadas entre o grupo. Aprimorar a ligação entre os heróis selecionáveis, aliás, é algo fundamental a quem busca clareza a respeito deles e das miudezas da narrativa.

Fonte:  Voxel 

Embora a sinopse não chame tanta atenção à primeira vista, o jogador só precisa passar do primeiro lorde para enxergar o que esse jogo tem de melhor: as reviravoltas no enredo. O cuidado minucioso ao desenvolver o diversificado elenco de personagens, aliado à esplêndida habilidade que o título tem de fascinar a partir de eventos imprevisíveis, é o que nos mantém com os olhos grudados na tela e sem a mínima vontade de fazer uma pausa. Perdemos a conta de quantas vezes prometemos que jogaríamos só mais um pouco, mas os minutos acabaram virando horas.

Além da qualidade inquestionável de um roteiro que verdadeiramente mexe com a gente, há outro aspecto que favorece a história: o ritmo. Tales of Arise procura dosar na medida certa cutscenes, diálogos, exploração, combate e gerenciamento para que o gamer nunca se sinta entediado com as atividades que são ofertadas.

Por mais que exista um ciclo de gameplay a ser percorrido, que com o tempo cai na repetição, o título sempre toma um cuidado extra para não deixar o interesse de quem está jogando "escorregar entre os dedos", algo raro de ser visto hoje. Então, ritmo é um fator determinante para o sucesso, especialmente em um contexto em que games e outras mídias de entretenimento digladiam-se pela atenção do jogador.

Fonte:  Voxel 

Combate personalizável e com ritmo próprio

Quem conhece um pouco melhor a série Tales sabe bem que ela preza pela ação, englobando a complexidade característica dos RPGs. Apesar das semelhanças com Zestiria e Berseria, Arise apresenta melhorias significativas em uma tentativa de se distanciar desses dois irmãos, apostando agora em sistemas dinâmicos e acessíveis, sem abandonar a parte estratégica.

Não há, no entanto, como assimilar todas as mecânicas nas primeiras horas, um ponto que pode acabar desestimulando os jogadores que buscam um combate mais “direto ao ponto”. Arise gosta de seguir o próprio balanço, e não faz questão de acelerar o processo de aprendizagem, fazendo tudo no seu tempo. O jogo quer que você se sinta suficientemente confortável com as lições aprendidas em cada trecho até que esteja apto a desbravar novos recursos – e funciona bem dessa forma.

O jogador pode se esquivar, utilizar golpes normais com os gatilhos e acionar ars (as habilidades especiais) para desferir golpes elementais no solo ou no ar, além de ativar os ataques de impulso dos aliados para amplificar o dano. O grupo titular é composto sempre de quatro heróis, sendo que dois ficam na reserva e atuam como membros de suporte. Como já mencionado nesta análise, os seis são jogáveis: Alphen, Shionne, Rinwell, Kisara, Dohalim e Law.

Fonte:  Voxel 

De forma resumida, o gamer precisa saber o momento certo de utilizar e conectar ataques para encadear combos, uma vez que são os acertos sequenciais que derrubam os inimigos e abrem brechas para poderosas investidas. Quanto mais habilidoso for para sustentar as séries de ações sem intervalos, mais Pontos de Combate receberá para fortalecer sua equipe com rapidez.

Tales of Arise não é tão frenético quanto um hack'n'slash nem tão cadenciado quanto os Final Fantasy recentes, mas dança conforme a própria música, cuja velocidade rítmica é muito particular. Há sistemas profundos ao fã que deseja mergulhar nas minúcias, da mesma forma que existem muitos facilitadores ao novato que está chegando agora, como um modo "história" bem suave e que não exige conhecimento sobre os sistemas avançados, além de uma opção semiautomática de batalha (uma espécie de assistente).

Como em qualquer RPG que se preze, o grind se faz necessário, mas não é nenhum martírio também. Pelo contrário: o combate é gostoso o suficiente para encorajar a repetição, e as criaturas espalhadas pelo mundo, sinalizadas com cores para representar diferentes níveis de raridade, caracterizam ótimas oportunidades de testar novas combinações de ars. Farmar pontos, subir de nível e desbloquear habilidades são tarefas cruciais para vencer chefes de área e lordes, que, aos poucos, vão se revelando como os principais desafios da jornada.

Fonte:  Voxel 

Ao nosso ver, o maior mérito do combate de Tales of Arise é a capacidade dele de "abrir portas" para quem não tem familiaridade com o gênero, sem desamparar seus admiradores de longa data que acompanham os jogos há mais de 25 anos, desde o lançamento de Tales of Phantasia no Super Nintendo. Arise pode ser fácil ou masoquista, mas quem decide isso é o jogador.

Roupagem de AAA e boas adições à estrutura que conhecemos

Quando foi anunciado na apresentação da Microsoft na E3 2019, Tales of Arise já demonstrou ser um projeto de escopo maior, com valores altos de produção em relação a outros nomes do mesmo balaio. É interessante refletir sobre isso, já que quase nenhum JRPG atual tem roupagem de AAA e coragem de apostar todas as suas fichas no ocidente.

Arise, por sua vez, é um título que deixa transparecer sua pompa logo nos primeiros minutos de gameplay, seja pelo visual colorido, com modelos detalhados e cenários em aquarela, seja pela concepção ambiciosa de mundo, seja pela trilha sonora com arranjos orquestrados impressionantes. Inclusive esse é o 1° título da série concebido com o motor gráfico Unreal Engine 4, o que explica a transição dos gráficos obsoletos de antes para essa maravilhosa estética que vemos hoje. Dar uma repaginada no visual é sempre bom, né? Já aproveitamos o ensejo para classificá-lo como um dos games mais bonitos desse início de geração, ainda que seja multiplataforma.

Fonte:  Voxel 

A começar pelos mapas, por exemplo, que são maiores e mais variados. O jogador é guiado pelo senso de descoberta, já que não há ambientes reciclados. De florestas obscuras a passagens subterrâneas, dos pântanos às zonas litorâneas, os cenários mudam em um timing perfeito, antes de nossos olhos ficarem saturados.

Quase no mesmo molde de seus antecessores, Arise não se passa em um mundo aberto, mas as regiões que conectam as cidades principais são enormes e promovem diversos elementos de interação além de NPCs e missões secundárias. Os pontos brilhantes que lotam o mapa vão recompensar com ingredientes e minério, sem contar os baús de tesouro que fornecem armas e equipamentos melhores. O loot nunca é redundante, e a exploração é sempre recompensadora.

O sistema de progressão é viciante e não fica limitado a pontos de experiência. Em linhas gerais, você pode melhorar os personagens por todos os meios possíveis: equipando armas, armaduras e acessórios, gastando Pontos de Habilidade (PH) no painel de skills, desbloqueando novas ars e carregando artefatos que conferem efeitos especiais. Há uma boa sensação de progresso em absolutamente tudo que o gamer faz.

Fonte:  Voxel 

É possível entregar os componentes adquiridos a um ferreiro para forjar e aperfeiçoar itens, assim como criar animais em um rancho para obter ingredientes valiosos, preparar receitas recém-descobertas a fim de aumentar seus status e encontrar Corujas Dahnianas (que seriam os colecionáveis) em pontos escondidos do mapa para ser recompensado por isso. Há até um divertido e pacífico microgame de pesca para deixar mais robusto o pacote de atividades.

Mais do que evoluir os personagens para o combate, perambular sem rumo pelo mundo de Dahna é necessário e divertido, assim como se sentir mais poderoso. Mesmo quando o jogador estiver fora das lutas e ausente da história, é bom considerar que sempre haverá muito para fazer neste mundo.

A propósito, foi difícil encontrar ressalvas durante a longa peregrinação por Dahna, porém não precisamos nos esforçar muito para reconhecer que a navegação é uma delas. Isso porque o mapa muitas vezes deixa de apontar o próximo destino, além de limitar o uso da viagem rápida a certas regiões, em trechos específicos, forçando o sexteto de heróis a queimar calorias em extensas caminhadas. O jogo poderia tentar não limitar o gamer quando realmente este precisa mudar de área.

Fonte:  Voxel 

Ainda sobre as ressalvas, sentimos um pouco de decepção em relação aos recursos do DualSense disponíveis até então. Primeiro que não há resposta do controle para todas as ações executadas, então o ato de correr, por exemplo, que é o mais básico, acaba não refletindo na "ponta dos dedos". Já as vibrações em pontos específicos só acontecem durante os combates, mas nada que o controle do Xbox Series X/S não saiba fazer. No fim, as versões de nova geração só valem por terem telas de carregamentos mais rápidas e um modo de desempenho – a melhor escolha –, que coloca o jogo para rodar em estáveis 60 FPS, ainda que não atinja o 4K nativo.

Veredito

Respeitando as raízes da franquia, Tales of Arise é um JRPG amadurecido, com combate e ritmo harmoniosos, cuja principal qualidade é não deixar o nível de empolgação oscilar. Trata-se de um jogo inesquecível, que eleva a barra de exigência de qualquer seguidor do gênero e pavimenta o terreno para a chegada de novos fãs. O triste é saber que não há como apagar essa experiência incrível da memória para revivê-la do zero, como se fosse a primeira vez.

Tales of Arise foi gentilmente cedido pela Bandai Namco para a realização desta análise

Nota do Voxel: 95

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Pontos Positivos
  • História bem escrita e repleta de reviravoltas
  • Combate encontra a cadência perfeita entre ação e estratégia
  • Ritmo constante não deixa o jogador “enjoar” da experiência
  • Facilitadores bem-vindos a quem nunca se aventurou por JRPGs - ou pela franquia
  • Personagens memoráveis e cheios de personalidade
  • Visualmente fabuloso, com um trilha sonora melhor ainda
  • Você será recompensado por tudo que faz e há uma boa sensação de progressão
  • O mundo permite interagir com muitos elementos e está abarrotado de atividades a serem descobertas
Pontos Negativos
  • O mapa nem sempre cumpre o seu papel de facilitar a navegação pelo mundo
  • Recurso de viagem rápida fica bloqueado quando você mais precisa