Imagem de Splatoon
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Splatoon

Nota do Voxel
85

Um belo início para uma nova franquia

Splatoon marca a entrada definitiva da Nintendo no cenário de games que têm a competição online como sua principal qualidade. Apesar de em um primeiro momento o título parece uma simples competição de tiro entre equipes, na prática ele se mostra bastante diferente da maior parte das experiências atualmente disponíveis no mercado — prova de que a Nintendo ainda consegue inovar o mercado quando se dedica a isso.

No universo do game, você assume o papel de uma criança capaz de se transformar em uma lula que, por algum motivo, tem a habilidade de nadar em áreas pintadas com tinta. Sua missão é se unir a três amigos (ou desconhecidos) e colorir a maior parte do cenário com um tom que simboliza seu grupo — em seu caminho, há outra equipe com exatamente o mesmo objetivo.

A partir dessa premissa simples, a Nintendo conseguiu criar um dos jogos mais divertidos do Wii U disponíveis atualmente — para isso, bastou que a companhia trocasse as balas tradicionais por jatos de tinta. Embora essa pareça uma ideia bizarra em um primeiro momento, a maneira como ela é executada faz você repensar a maneira como lida com ambientes e com seus adversários.

Universo atraente

Como o Wii U não é exatamente a última palavra no que diz respeito aos hardwares disponíveis no mercado, a Nintendo teve que arranjar outra maneira de tornar o jogo atrativo ao olhar. Apostando em uma direção artística muito bem elaborada, a empresa criou um universo colorido e repleto de figuras carismáticas — incluindo os personagens que você controla.

O mundo de Splatoon é totalmente baseado em lulas e interpretações diversas de criaturas marítimas. Desde o vendedor que lhe oferta armas até pequenos detalhes do cenário fazem referência a esse tema, muitas vezes de uma forma bastante criativa e que demora a ser notada pelo jogador.

A trilha sonora também é um dos destaques do título, sendo constituída por faixas alegres que combinam muito bem com os ambientes mostrados. Durante nossa análise, foi impossível encontrar ao menos uma faixa que não “grude na cabeça” — felizmente, nenhuma delas chega a ser irritante.

Assim que você inicia o game, é enviado a uma área que serve como o hub central do título — algo que acontece após você ver um mininoticiário que informa sobre as fases disponíveis no momento. A partir desse local, você pode acessar o modo single player, o multiplayer local e as partidas multiplayer, além de acessar as lojas de acessórios e de armas — processos que também pode ser feitos com um simples toque na tela do GamePad (que também possibilita conferir as estatísticas e os equipamentos de seu personagem).

Essa área também serve como uma espécie de “porta de acesso” ao MiiVerse, rede social da Nintendo integrada ao WiiU. Todos os habitantes desse mundo são jogadores reais, e basta conversar com eles para poder conferir seus equipamentos e curtir os textos ou desenhos que eles compartilharam.

Um novo tipo de paintball

A campanha para um jogador de Splatoon apresenta uma história simples, na qual você assume o papel de um agente destinado a salvar o mundo de uma invasão de seres misteriosos. O roteiro é simples e serve basicamente como uma desculpa para você explorar uma série de fases variadas que vai fazer você repensar várias vezes a maneira como usa sua arma de tinta.

Cada cenário pelo qual você passa serve como uma espécie de quebra-cabeça, no qual, mais importante do que matar inimigos, é saber como usar a tinta para progredir pelos cenários. Enquanto as primeiras fases são simples, não demora até que você se veja forçado a colorir caminhos invisíveis ou lidar com inimigos capazes de apagar áreas pintadas.

O destaque desse modo são as batalhas contra chefes, que exigem o uso de táticas variadas e de um bom estudo do ambiente. Embora não sejam exatamente difíceis, essas criaturas vão fazer com que você tenha que planejar muito bem seus movimentos antes de partir para o ataque — o que resulta em alguns dos momentos mais divertidos da campanha.

Além de testar seu raciocínio, o modo para um jogador serve como uma maneira de você destravar mais itens para seu arsenal online na forma de versões alternativas de algumas armas. Para isso, você deve explorar muito bem os cenários e encontrar uma série de plantas que também ajudam a desvendar mais detalhes do mundo de Splatoon.

Diversão que reside no multiplayer

A área de Splatoon onde você mais vai passar tempo é seu modo multiplayer online. Com duração aproximada de 3 minutos, as rodadas do jogo são bastante frenéticas e exigem um bom trabalho em equipe para que seu time se sagre o vencedor — para isso, é preciso pintar a maior quantidade de áreas possíveis com a cor de seu grupo.

Como o objetivo do game não é matar seus adversários, não é preciso necessariamente possuir uma mira boa para ser considerado um bom jogador. Além de pistolas e metralhadoras de tinta, seu arsenal também conta com armas de curto alcance (um rolo gigantesco ótimo para cobrir áreas do chão) e com opções de longo alcance que exigem certo tempo de carregamento para serem usadas.

Apertando o botão ZL, você pode se transformar em uma lula capaz de nadar rapidamente por todas as áreas que sua equipe já coloriu. Além de facilitar o transporte, essa forma se prova necessária para você realizar a recarga da munição de sua arma e para que você realize emboscadas com seus inimigos — ficar parado nessa forma torna seu personagem praticamente invisível aos olhos de adversários.

Além das armas principais, você também conta com uma grande variedade de armamentos secundários — que variam entre “paredes” de tinta, granadas e radares — e uma habilidade especial que é ativada assim que seu personagem colore áreas suficientes de um cenário. Para completar, cada peça de roupa adquirida vem com pelo menos uma melhoria extra, fornecendo desde a possibilidade de recarregar mais rapidamente até um aumento à sua velocidade de movimentação.

Para completar, o game também oferece um multiplayer local no qual dois jogadores — um com o GamePad e outro na tela da TV — batalham para estourar o máximo de balões. Infelizmente, essa opção se mostra pouco divertida tanto pela limitação imposta no número de jogadores quanto pelo fato de a ação apresentar bastante lag na tela do console da Nintendo.

Um jogo completo ou uma demonstração?

O principal problema de Splatoon é o fato de que ele simplesmente não parece se tratar de um jogo completo. Por US$ 60, você leva para casa um game que apresenta uma quantidade bastante limitada de mapas em seu modo multiplayer e uma campanha que, embora seja divertida, não dura muito tempo.

Embora a Nintendo tenha afirmado que vai lançar uma série de conteúdos complementares ao jogo de forma totalmente gratuita (um deles lançado no momento em que concluíamos essa análise, introduzindo batalhas com ranking), é difícil não ficar com a sensação de que você investiu mais em uma “ideia de game” do que em um produto completo. Dessa forma, quem decidir esperar alguns meses para adquirir o título deve ter uma experiência muito mais completa do que aqueles que apostaram nele no lançamento — algo que não é exatamente justo.

Isso tudo, é claro, pressupondo que a companhia vá cumprir sua promessa.  Mesmo que a desenvolvedora tenha um bom histórico de dar um suporte longo a seus títulos (como bem prova Mario Kart 8), não vai ser exatamente surpreendente se alguns conteúdos futuros forem cortados caso Splatoon não tenha um desempenho comercial muito positivo.

Vale notar que nossa análise não levou em consideração os conteúdos exclusivos destravados através dos amiibos baseados no game — que vão de desafios exclusivos a novas roupas. Entre os motivos que levaram a isso está a falta da presença oficial da Nintendo no Brasil (o que nos levou a usar a versão digital) e a dificuldade natural em encontrar os bonecos, cuja disponibilidade é limitada até mesmo nos Estados Unidos.

Para completar, Splatoon também traz alguns problemas que outros jogos competitivos já eliminaram faz tempo. Além de ainda não ser possível formar times fechados com seus amigos (nem sequer garantir que você estará na mesma equipe que um deles), o título não possui qualquer suporte a comunicações por voz — algo que limita bastante a coordenação de seu time.

Outro fator que incomoda é a impossibilidade de realizar a troca de equipamentos (ou conferir o que seus companheiros estão usando) entre uma partida e outra. Para fazer isso, você deve deixar o lobby de espera e voltar até a área central do jogo, um processo que se mostra bastante desagradável — especialmente se você decidiu testar uma arma nova e percebeu que não se adaptou a ela.

Essa situação poderia ser facilmente resolvida caso a Nintendo decidisse explorar melhor a tela do GamePad. Embora o minigame que a empresa incluiu para que você se distraia entre partidas seja interessante, seria muito melhor ter uma tela de inventário com acesso facilitado em seu lugar.

Potencial para o futuro

Apresentado da maneira atual, Splatoon é um jogo bastante divertido, embora seja inegavelmente limitado. O núcleo do game é bastante divertido, a maneira como a Nintendo executou as novas ideias que ele apresenta é bastante elogiável.

Infelizmente, a desenvolvedora falhou ao deixar de lado alguns recursos que se tornaram um padrão de jogos competitivos há um bom tempo. A impossibilidade de conversar por voz, montar times fixos ou trocas os equipamentos usados de forma fácil decepciona bastante e contribui para tornar as partidas menos competitivas do que elas poderiam ser.

Porém, o principal pecado do título é oferecer uma experiência que parece incompleta. Não me entendam mal: o que está disponível é muito bom, mas parece que simplesmente falta algo. Embora a Nintendo prometa uma série de conteúdos gratuitos que vão compensar esse problema, é difícil avaliar o game baseado somente em uma promessa — mesmo que seja difícil acreditar que ela não vai ser cumprida.

Em sua forma atual, Splatoon é uma boa adição para a biblioteca do Wii U — cujo brilho não chega perto de exclusivos como Super Mario 3D World ou Pikmin 3. Caso você ainda tenha dúvidas se o game vale a pena, pode ser uma boa ideia esperar alguns meses (e várias atualizações) antes de investir nessa série maluca de batalhas envolvendo polvos, lulas e muita tinta.

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Pontos Positivos
  • Jogabilidade que muda as percepções que temos de jogos competitivos
  • Estilo visual original e bastante atraente
  • Trilha sonora marcante
  • Campanha que usa mecânicas de formas inteligentes
Pontos Negativos
  • Conteúdo disponível no lançamento é bastante limitado
  • Falta de recursos como conversa por voz e criação de clãs
  • Multiplayer local decepcionante