Imagem de Red Dead Redemption 2
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Red Dead Redemption 2

Nota do Voxel
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Com Red Dead Redemption 2, a Rockstar reinventa a roda mais uma vez

Anunciado em 2016 sem precisar fazer barulho em eventos, sem aparição em conferências de E3 ou coisas do tipo, Red Dead Redemption 2 é um prequel do primeiro Red Dead Redemption, lançado em 2010 para PS3 e Xbox 360. Favorita entre muitos fãs da Rockstar e aclamada mundialmente, a aventura de John Marston é tida como uma das melhores experiências de faroeste nos games.

Red Dead Redemption 2 se propõe a oferecer uma jornada que se passa em 1899, precisamente 12 anos antes do anterior, na virada do século, com outro protagonista: Arthur Morgan, um fora-da-lei do bando de Dutch Van Der Linde, do qual John Marston também faz parte.

A notória gangue tem seu próprio código de conduta, que envolve lealdade, compaixão e outros princípios que devem ser respeitados. O mundo era mais hostil; a natureza e os humanos conviviam lado a lado e começavam a contemplar a modernização, a industrialização, a virada para a sociedade do futuro. Nós contamos tudo isso e mais um pouco no dossiê sobre Red Dead Redemption 2 publicado aqui no Voxel. O nosso aquecimento especial também te deixa tinindo para o jogo.

Além da leitura desta análise, confira a versão em vídeo:

Embora existissem algumas gangues remanescentes de seus tempos áureos, cujo auge se deu na segunda metade do século 19, as autoridades caçaram e desmantelaram esses grupos no limiar do século 20, e os poucos restantes resistiram por alguns anos após o início da década de 1900.

O fim do Velho-Oeste era inevitável, e você está no meio dessa encruzilhada com um mundo enorme para ser explorado, cheio de vida selvagem e, é claro, reviravoltas conspiratórias. Após oito anos em desenvolvimento, Red Dead Redemption 2 carrega, nas costas, a responsabilidade de ser o primeiro título da Rockstar na atual geração de consoles.

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Ópera western

Tudo que você precisa saber da história é bem simples: após um assalto ter acontecido da pior maneira possível em Blackwater, que é uma das principais regiões do jogo anterior e aqui foi ampliada substancialmente, Dutch, Arthur e o resto da gangue buscam abrigo e devem reerguer suas forças por meio da união.

Seria inédito se não fosse familiar: roubos espetaculares se tornaram tão cultuados ao longo do tempo que seus autores, ladrões de inteligência ímpar, ganharam admiração mundial, tendo sido representados inúmeras vezes no cinema e em outras mídias do entretenimento.

Os foras-da-lei mais respeitosos seguem um rigoroso código de conduta, que prevê, por exemplo, poupar a vida de civis presentes nesses assaltos cinematográficos – e o cinema foi o pontapé inicial para fazer a gente “torcer” pelos personagens que atuam fora dos termos das leis vigentes.

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Assim é Red Dead Redemption 2, assim são os jogos da Rockstar: você não é o policial, não é o investigador, não é o mocinho. Jamais o herói, e sim o anti-herói. É o Jimmy Hopkins, de Bully; é o Trevor, de GTA 5; é o James Earl Cash, de Manhunt; é o Tommy Vercetti, de GTA Vice City; é o John Marston, de Red Dead Redemption; é o Arthur Morgan, de Red Dead Redemption 2.

Até Cole Phelps, o detetive de L.A. Noire, ensaia um bom-mocismo, mas eventualmente resolve seguir rotas diferentes daquelas impostas pelo governo – lembrando que, especificamente no caso desse jogo, o desenvolvimento é assinado pela Team Bondi e tem a Rockstar apenas como publisher.

Assim é um bom faroeste: ninguém quer ver o lado do governo, dos federais ou da lei. É um gênero que, à sua própria maneira, nos ensinou a gostar das gangues, palavra que, aliás, só não tem o mesmo glamour de “máfia” – aí a gente deixa com os italianos das décadas de 1920, 1930 em diante.

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Dito isso, caso você não tenha degustado a categoria no cinema, seguem algumas humildes sugestões para aquecer seu coração à atmosfera de Red Dead Redemption 2:

  • “Os Oito Odiados”, de Quentin Tarantino, tem muita identidade com Red Dead Redemption 2: quatro homens buscam abrigo para se proteger de uma nevasca e acabam conhecendo outros quatro. O grupo se reúne numa cabana e todos se estranham;

  • Trilogia dos dólares, série de três filmes responsáveis por consolidar o gênero “Western Spaghetti”, ou “Faroeste Spaghetti”, em que o diretor italiano Sergio Leone traz o personagem “estranho sem nome”, interpretado por Clint Eastwood, em atuações e maneirismos que consagraram o ator no gênero. O compositor Ennio Morricone, outro gênio do cinema, assina as brilhantes trilhas sonoras da trilogia, composta pelos seguintes filmes: “Por um Punhado de Dólares”, “Por uns Dólares a Mais” e “Três Homens em Conflito”. É Clint Eastwood em sua forma mais clássica;

  • Trilogia sobre a América, também de Leone, compreende os longas “Era uma Vez no Oeste”, “Quando Explode a Vingança” e “Era uma Vez na América”. Charles Bronson e Robert De Niro dão o ar de sua graça aqui;

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  • “O Estranho sem Nome”, de 1973, é dirigido e estrelado pelo próprio Clint Eastwood. A trama é bem simples: um pistoleiro misterioso (Eastwood) chega a uma cidadezinha no Arizona e, provocado, mata três pistoleiros, arranjando problemas maiores;

  • “Bravura Indômita”, de 2010, refilmagem do sucesso mundial de John Wayne (em 1969), conta a história de uma menina que contrata um pistoleiro para vingar a morte do pai, com Jeff Bridges e Matt Damon no elenco;

  • Seguindo uma escola diferente de atuação, mas igualmente canastrão, John Wayne também protagoniza clássicos como “Rastros de Ódio”, “Onde Começa o Inferno” e “O Último Pistoleiro”, só para citar alguns;

  • Voltando um pouco aos tempos mais modernos, “Os Indomáveis”, de 2007, remake de outra película homônima de sucesso, tem Russell Crowe e Christian Bale brilhando numa trama imprevisível sobre o preço que recompensas podem ter;

  • “Rastro de Maldade”, com Kurt Russell, Matthew Fox e Patrick Wilson, é indicado a quem tem estômago para o canibalismo, que era uma atividade sórdida de alguns grupos mais lunáticos do Velho-Oeste, fantasiados à exaustão nos cinemas.

Por falar em grupos, as comunidades eram muito comuns à época; bandos anárquicos, como toda comunidade que se preze, precisavam ser colaborativos. Red Dead Redemption 2 segue à risca essa concepção.

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O pão dividido entre todos

Entre tantas lições exploradas, a nova jornada da Rockstar é sobre companheirismo. Arthur Morgan faz parte de uma gangue, em que cada um tem sua função. Há o cozinheiro, há o expert em caça, o cara que sabe pescar, há quem conheça outras gangues, o especialista em dinamites e por aí vai. Arthur é um dos “protegidos” de Dutch, o carismático líder do grupo. Dutch é frio, calculista, tenta resolver algumas situações na base da diplomacia, outras nem tanto. Em seu cargo, o chefe sabe que as consequências de suas ações podem respingar em seus mandados.

Todas as pessoas do bando são sobreviventes. No sentido amplo e verdadeiro dessa palavra, o jogo embute diversos aspectos de um survival raiz: Arthur deve caçar, esfolar animais, coletar peles, carnes, encontrar comidas enlatadas, chocolates, bolachas, tônicos, biotônicos, remédios e muitas outras coisas para levar de volta à comunidade. O looting é fundamental aqui.

Os poucos trailers divulgados foram honestos o suficiente para não te mostrar um décimo de tudo que o jogo tem

Todos os ganhos são divididos, até o dinheiro que o pistoleiro conquista com suor, sangue e (nem sempre) honra. Os itens que você encontra nos corpos de inimigos mortos devem ser compartilhados, como relógios de bolso, anéis, pingentes. Uma parte é sua, outra é do grupo.

Isso permite, por exemplo, que o cozinheiro faça ensopados melhores; que o estoque de munições tenha mais variedade; que os remédios sejam armazenados em maior número; que os biotônicos ofereçam um benefício maior etc. São aspectos que fazem parte de um survival raiz, como State of DecayArk ou Conan Exiles, só que, aqui, entregues de maneira simplificada, por meio de uma metodologia mais acessível, sem deixar de lado um grau de complexidade que vai te convidar à exploração.

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Trailers: nem um décimo do que o jogo apresenta

No início desta análise, eu inferi que a Rockstar não precisa de grandes eventos ou de marketing mirabolante para divulgar seus jogos. Ela é tão confiante em si mesma e tão segura de sua reputação que prefere deixar que os jogadores tirem suas conclusões e, assim, fomentem o hype necessário. É o contrário, por exemplo, do que a Ubisoft faz, e sem qualquer desmerecimento aqui; estou apenas apontando o modus operandi que cada empresa tem com relação aos seus produtos.

É só parar para pensar e constatar que Red Dead Redemption 2 teve poucos vídeos exibidos. Um para anunciar o jogo, outro com cinemática, dois de gameplay, um trailer de lançamento e é isso aí. Todos foram honestos o suficiente para não te mostrar um décimo de tudo que o jogo tem. Um pouco de survival, um pouco de gerenciador, uma beliscada em simulador, elementos de RPG e, é claro, ação desenfreada, como manda a cartilha da franquia desde Red Dead Revolver.

Tudo isso numa roupagem do Velho-Oeste que abraça o mundo aberto de maneira exageradamente realista, e vale constar: esse “exagero” é um elogio, jamais uma crítica. Em tamanho colossal, o mapa contempla toda a área do primeiro Red Dead Redemption e acrescenta vários estados norte-americanos que cobrem o trecho oeste do país, na região fronteiriça com o México.

O mundo é distribuído numa escala geográfica que engloba trechos montanhosos, convidativos à exploração vertical, e terra plana, oportuna para as longas viagens a cavalo. Red Dead Redemption 2 abrange uma grande porção de paisagens americanas do século 19:

  • As trilhas cheias de neve nas montanhas de Grizzlies, ao leste;
  • As planícies verdejantes das Heartlands;
  • Os pântanos traiçoeiros de Lagras, cheios de jacarés;
  • A cidade de Saint Denis, ao sudeste, que passa por um rápido processo de modernização e seria uma espécie de réplica de Nova Orleans por se propagar como uma fusão de culturas e pessoas em que empresários, socialites, trabalhadores, pedintes e ladrões vivem lado a lado.

Cada área traz oportunidades diferentes a Arthur, novos habitantes e ameaças.

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O visual máximo de “final de geração”

Os seus olhos nunca “enjoam” dos cenários porque um lugar é distinto do outro; não há aquela chata sensação de reciclagem que tanto assombra alguns jogos de mundo aberto. Até porque o visual de Red Dead Redemption 2 está entre os mais belos da atual geração.

É natural a evolução que tivemos de 2013 pra cá. Compare os títulos daquele período com os que estão saindo agora, no final deste ciclo de consoles.

O uso do HDR não é mais novidade: trata-se de uma técnica que, hoje, é padrão aos desenvolvedores, cada vez mais hábeis em aplicá-la da melhor forma possível, em seus máximos e mínimos. Red Dead Redemption 2 é a culminação de anos de experimentação.

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Atividades pra vida

Todo projeto novo de qualquer empresa é geralmente considerado o “maior” e “mais ambicioso” já feito por ela. Red Dead Redemption 2 não foge dessa premissa. As estatísticas que a Rockstar divulgou são acachapantes: o jogo tem cerca de meio milhão de falas (mais que o dobro de GTA 5). Também há dez vezes mais animações personalizadas: aproximadamente 300 mil animações individuais. O mundo reserva nada menos que mil (1.000) coisas para serem feitas e descobertas.

Algumas atividades do primeiro jogo estão de volta em versão evoluída, enquanto várias outras são inéditas. Você vai se deparar, novamente, com as hilárias pessoas desconhecidas, que geralmente pedem favores bizarros, sempre beirando a loucura. Uma delas, por exemplo, coleciona ossos de dinossauro (e os fósseis são lindos, aliás). Outras sempre estão em apuros dos jeitos mais inusitados possíveis.

O sistema de escolhas em diversas missões tem uma medida de peso/consequência bem mais orgânica. Red Dead Redemption 2 é uma enciclopédia de atividades – e todas são, de alguma forma, recompensadoras

Há também esconderijos de gangue distribuídos entre as seis quadrilhas do jogo. Caçar procurados em cartazes pode conceder recompensas valiosas e aumentar sua taxa de honra – que, em relação ao primeiro Redemption, ganhou um toque refinado. O sistema é apresentado com mais elegância, é mais profundo nas interações que você tem com NPCs, rigoroso e punitivo.

Absolutamente qualquer atitude, positiva ou negativa, interfere na maneira como os outros te enxergam – entrar numa cidade com arma pra fora, pagando de cowboy, pode ser uma pose ovacionada ou vaiada. O sistema de escolhas tem uma medida de peso/consequência bem mais orgânica.

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Os já mencionados roubos espetaculares, clássicos no faroeste que vemos no cinema, são bem distribuídos entre as missões: você vai assaltar trens lotados de pessoas, invadir bancos, render todo mundo e abrir os cofres, rastrear devedores de dinheiro em serviços de agiotagem, encontrar inúmeros colecionáveis...São mais de 300 ao todo.

Há diversos espetáculos que se popularizaram na época, um período em que os Estados Unidos começavam a vislumbrar a industrialização e a tecnologia mais cedo que outros países. Comédias em stand-up, por exemplo, já davam o ar de sua graça por ali.

E também há os jogos de mesa: dominó, BlackJack, poker, o sinistro jogo da faca, que faz uso dos seus reflexos, conseguem te distrair por um bom tempo e ainda rendem uma graninha extra. Red Dead Redemption 2 é uma enciclopédia de atividades – e todas são, de alguma forma, recompensadoras.

Cavalo: leal e companheiro, mas pratique o desapego

Conforme explicado, tudo que Arthur faz no mundo aberto define o seu caráter e impacta na maneira como as pessoas enxergam o pistoleiro. Cabe a você decidir como agir em situações aleatórias. Numa delas, por exemplo, eu perambulava pelas estradas quando vi uma mulher caída sob seu cavalo. Poderia ajudá-la ou não. Tirei o cavalo de cima dela, ofereci uma carona e ganhei uma recompensa como agradecimento.

Em outra ocasião, Arthur cavalgava pelo mundo e avistou uma carruagem, quando, subitamente, um dos cavalos ficou ouriçado, se soltou e fugiu. Parei para ajudar e fui capturar o animal. Nesse momento, minha barra de honra subiu e se desdobrou num benefício lá na frente, em outra cidade. As pessoas se lembram de você, mesmo com a passagem do tempo. Eu poderia só ter seguido meu caminho.

O cavalo pode se machucar gravemente e é de partir o coração ver o animal agonizando na sua frente

Por falar em cavalo, não basta sair em disparada com seu fiel escudeiro: é preciso alimentar o animal, dar carinho a ele, escová-lo. Não deixe de visitar os estábulos para aprimorar o seu companheiro ou comprar outros e montar sua coleção de equinos. Aliás, a sela do cavalo tem suma importância: é nela que você vai guardar grande parte do seu equipamento, incluindo armas e vestimentas. É o seu “baú móvel”.

A propósito, fica aqui uma rápida ressalva: no começo, você vai confundir um bocado aquilo que está armazenado na sela e o que fica no seu inventário pessoal. O jogo poderia ter algum esquema para favoritar as armas que você mais usa, quem sabe combinações delas, pois é comum sair do cavalo e esquecer alguma na sela – isso quando as missões não te direcionam para as armas específicas que você deve usar. A faca de caça é tão leal quanto seu cavalo.

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Outra questão recorrente na atualidade é a sincronização labial, que, aqui, falhou em momentos bem pontuais. Nada que machuque os olhos ou que não possa ser corrigido por meio de atualização. Como eu disse: o problema acenou em raros diálogos.

Ao cavalgar pelo mundo, fique de olhos abertos no seu trajeto: o mapa do jogo é capcioso. É comum tropeçar em pedregulhos ou cair de barrancos com seu cavalo. Ele pode se machucar gravemente e é de partir o coração ver o animal agonizando na sua frente. Sacrificá-lo para acabar com essa dor pode ser mais difícil a você do que a ele. Portanto, pratique o desapego.

Injeção de realismo

A atenção aos detalhes é um dos alicerces de Red Dead Redemption 2. A Rockstar injetou a maior dose possível de realismo ao jogo com a preocupação de entregar uma experiência imersiva no Velho-Oeste. As roupas, por exemplo, devem ser adequadas ao frio e ao calor ou Arthur vai gastar mais energia que o necessário. A barba e o cabelo crescem com o tempo, e você pode definir a aparência que bem entender.

O combate é uma delícia, fluido, dá aquele sabor de “gostosura” ao game. Ele inaugura o avanço do tradicional motor RAGE, que é uma tecnologia proprietária da Rockstar. A movimentação de Arthur parece meio dura ou pesada demais no começo; na verdade, isso é resultado de um retrabalho em cima dos pilares que já funcionaram muito bem em GTA 5. Praticamente qualquer elemento do cenário serve como cobertura pros tiroteios.

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É comum ficar cercado por dezenas de inimigos. Red Dead Redemption 2 tem muita, mas muita ação. O Dead Eye está de volta com mais camadas em sua mecânica de desacelerar a ação e permitir que você mire em pontos específicos dos inimigos. É ideal para os momentos mais acalorados, principalmente nas perseguições a cavalo, que acontecem com bastante frequência.

Quanto mais você usa os “Olhos da Morte”, aqui traduzidos dessa forma, mais o sistema evolui e realça os pontos fracos da bandidagem. Pincelando rapidamente sobre a localização dos textos ao nosso idioma, o trabalho ficou primoroso, bem adaptado a partir das interjeições e expressões caipiras, que são coloquiais e, por vezes, incorretas de propósito. O jogo não foi dublado em nenhum outro idioma que não o inglês norte-americano justamente para que não houvesse perda de identidade ou risco de diminuir a imersão.

E lembre-se de que você pode curtir toda essa ação desenfreada na perspectiva em primeira pessoa, que foi um sucesso em GTA 5 e já está aplicada em Red Dead Redemption 2 desde o começo.

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Caça e caçador

Red Dead Redemption 2 é realista, é bruto e muito adulto. A caça traz uma mecânica inédita: os Olhos de Águia, que permitem rastrear animais a serem caçados. Basicamente, é como o senso de bruxo do Geralt de Rívia em The Witcher 3.

O seu cheiro é capaz de assustar ou atrair animais, e até a direção do vento interfere nisso. Assobiar pode ser útil para que o animal se exponha e você tenha um tiro limpo. A pescaria, que é uma atividade tão valorizada pelos jogadores, também foi implementada. E não se preocupe: ao contrário de John Marston, Arthur sabe nadar.

Os animais lendários estão de volta e requerem que você elabore uma longa estratégia de caça, usando iscas, elementos do cenário e outros apetrechos, além de munições e armas específicas. Os ursos, por exemplo, são de dar medo; quem assistiu ao filme “O Regresso”, em que Leonardo DiCaprio é brutalmente atacado por um urso, vai sentir uma atmosfera parecida.

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Ao esfolar animais, é possível ver a faca penetrando no estômago deles e arrancando a pele de ponta a ponta. Não há economia nos detalhes. Não tem que haver. Para Arthur, fazer isso parece ser um passeio no parque, mas se você for sensível, não deixe o bichinho agonizando para ter que terminar o trabalho na faca (e passar o mesmo sofrimento daquela situação com o cavalo ferido).

É melhor dar um tiro certeiro. E detalhe: é preciso fazer manutenção de suas armas com limpeza e lubrificação ou o manuseio delas piora. Eu avisei: Red Dead Redemption 2 é bem realista.

E essa trilha sonora de dar arrepio?

Aspecto marcante do primeiro Red Dead Redemption, a trilha sonora, brilhantemente composta pelo músico Woody Jackson, está igualmente memorável em Red Dead Redemption 2. Os dois jogos buscam resgatar um pouco da essência de Ennio Morricone, autor de músicas que ecoaram nos longas de Sergio Leone e se eternizaram no cinema mundial. Ambos foram mencionados no início desta análise, na indicação dos filmes.

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Ainda que a trilha sonora de Woody Jackson se inspire em obras existentes, a originalidade do autor é de tirar o chapéu; ele dá o tom certo para os momentos mais dramáticos da aventura de Arthur Morgan.

Veredito: a barra de qualidade foi ampliada novamente

A Rockstar sempre se caracterizou por criar mundos que sejam verossímeis, em histórias bem escritas, que de algum modo satirizam a sociedade. Não de forma escrachada, mas sim de maneira adulta e amadurecida. Red Dead Redemption 2 não é diferente.

É um jogo em que seus personagens são construídos ao longo da narrativa, cada um com sua personalidade, capazes de conseguir aquele efeito raro de fazer a gente se importar com eles. Com seu sotaque texano, Arthur Morgan convence tanto quanto John Marston ou o trio Franklin, Michael e Trevor de GTA 5.

Coloque na conta um gameplay sublime, que evolui com você ao longo do jogo, num ótimo ritmo de combate, apresentado em missões criativas, bem distribuídas, uma diferente da outra. Eu fiquei “internado” por 6 dias consecutivos para conseguir fechar a história a tempo desta análise, e a Rockstar não mentiu: a aventura reserva 60 horas só nas missões principais.

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Para quem quiser fazer os 100%, ir atrás do troféu de platina ou dos 1.000 pontos de conquista, eu estimo mais de 150 horas de conteúdo de qualidade. Isso sem falar no modo online, que vai enriquecer ainda mais a experiência – e sim, tem troféu/conquista ali também, assim como em GTA Online.

Red Dead Redemption 2 mostra que a Rockstar faz o que bem quer com gerações de consoles. Sem pressa, que é inimiga da perfeição, mas sim no tempo dela. Essa é uma daquelas experiências que verdadeiramente mexem com a gente; algo que brinca com nossos sentimentos. É o fruto colhido de uma semente plantada oito anos atrás, que foi o tempo gasto no desenvolvimento. O resultado vale cada minuto do seu tempo livre e cada centavo do seu suado dinheiro investido.

A roda foi, mais uma vez, reinventada.

*O redator Rafael Farinaccio foi consultado para a precisão de algumas informações históricas presentes nesta análise

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Pontos Positivos
  • A melhor visão possível do Velho-Oeste nos games
  • Rockstar em seu ponto máximo de maturidade: um jogo adulto, sério, cheio de diálogos inteligentes
  • História bem escrita, lotada de reviravoltas que funcionam muito bem como “fan service”
  • Mundo aberto vivo, realista e pé no chão, com mapa desenhado de maneira inteligente, na medida certa, preenchido por conteúdo de ponta a ponta
  • Inúmeras atividades: são mais de 1.000 coisas (literalmente) a serem descobertas
  • Sistema de customização de Arthur, incluindo a sela do cavalo, dá muita liberdade ao jogador
  • Mistura de bons conceitos: survival, RPG, gerenciador, ação e até simulador entram na jogada, tudo empacotado de forma acessível, mas com a proposta do desafio
  • Combate intensificado por um Dead Eye melhorado, que evolui com você ao longo da jornada
  • Visual de ponta, típica do “final de geração”, e trilha sonora de dar arrepio
Pontos Negativos
  • Falta de sincronização labial em alguns momentos pontuais
  • Dividir o tempo livre entre Red Dead Redemption 2 e o resto da vida