Imagem de One Piece Odyssey
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One Piece Odyssey

Nota do Voxel
90

One Piece Odyssey é o maior dos tesouros!

Riqueza, fama, poder… A franquia que conseguiu tudo nesse mundo, a obra-prima do Rei da ficção Eiichiro Oda… One Piece anunciou essas palavras conforme ia para as bancas de jornal: “Minhas riquezas e aventuras?! Se vocês as quiserem em forma de videogame também, eu deixo pegar. Está tudo naquele lugar chamado… One Piece Odyssey”.

Jogadores de todo o planeta passaram anos correndo para as grandes locadoras, varejistas e lojas online em busca de seu prometido grande jogo inspirado na série. Foi uma aventura cheia de altos e baixos pelo caminho, mas finalmente encontramos o tesouro; o jogo que melhor adapta as emoções do mangá e anime para os games! E o jogador que deu boot em One Piece Odyssey… ele riu.

Estamos todos prontos para navegar

Chega a ser poético que o melhor jogo de One Piece tenha saído pelas mãos de um estúdio relativamente inexperiente, a ILCA, que provavelmente é mais conhecida dos leitores do Voxel pelo seu trabalho nos remakes de Pokémon Diamond e Pearl para Switch. Ou seja, no papel, não é exatamente o tipo de gente que você buscaria para comandar um JRPG de alto orçamento e escopo. Mas não é que esses pequenos bucaneiros saídos da pacata East Blue conseguiram?!

Ainda que eu não saiba os pormenores dos bastidores de produção, meu melhor palpite é de que a Bandai Namco caprichou na produção e na verba, com direito até ao lendário compositor Motoi Sakuraba, da franquia Tales Of, conduzindo as orquestrações que embalam os maravilhosos cenários da aventura. E eu não sei você, mas eu, quando vi o game sendo anunciado, certamente não estava esperando que ele fosse ser uma super produção com muitas dezenas de horas de campanha caprichada para desbravar. Confira a primeira hora de gameplay disponível na demo de download grátis logo acima!

Como você deve ter visto nos trailers e anúncios, One Piece Odyssey destaca bastante o fato de recriar quatro das sagas mais queridas pelos fãs da série (a saber: Alabasta, Water 7, Marineford e Dressrosa), mas eu achava que o esquema seria mais ou menos similar ao que já vimos nos musou de Pirate Warriors, ou seja, um resumão meio corrido dos principais eventos e lutas de cada arco. Só que aqui a proposta é muito mais interessante, surpreendente e majoritariamente inédita, ainda que para entender isso seja preciso explicar um pouco sobre a trama.

Evitarei spoilers ao máximo, então pode ler tudo tranquilo, até mesmo a pedido da Bandai Namco e pelos termos de embargo que assinamos. Mas a ideia é a seguinte e deve ser bem familiar a qualquer um que já tenha visto um longa metragem da série: como em Strong World, Stampede, Gold e tantos outros filmes ou arcos filler, o bando do Chapéu de Palha chega a uma locação totalmente inédita e sem grandes implicações para a narrativa geral e o cânone.

Dessa vez os Mugiwara naufragam na Ilha de Waford, onde reside a misteriosa Lim, uma garota que — adivinhe só! —, odeia piratas devido a eventos misteriosos de seu passado. Ela tem um estranho dom e acaba fazendo com que Luffy e seus amigos percam os seus poderes, que são então transformados em cubos e espalhados por toda Waford e também por um território ainda mais misterioso formado por fragmentos de suas memórias. A meta, então, é explorar e recuperar os cubos nessa narrativa relativamente linear estruturada em extensos capítulos. Ao visitar arcos clássicos, quase nada é o que parece!

Vamos nos aventurar!

Talvez o jeito mais fácil de explicar o gameplay de One Piece Odyssey seja compará-lo a uma mistura bem palatável de Tales Of, Pokémon, Zelda e até um pouquinho de Shin Megami Tensei e Dragon Quest, por que não? Há tantos pequenos sistemas e propostas de jogo tocando em uníssono que realmente cabe tudo isso e mais um pouco, só que com uma apresentação bem amigável para divertir jogadores de todas as idades.

Não há muita coisa inédita para quem ama JRPGs e Odyssey não reinventa a roda de forma alguma, mas o pacote é tão polido que é muito difícil para um fã da série não ser imediatamente fisgado pelo seu gameplay. Eu até ousaria dizer que até mesmo alguém que não sabe nada sobre a franquia talvez consiga se divertir o encarando puramente como um JRPG repleto de fantasia sobre piratas, mas é difícil saber ao certo, já que há inúmeras menções a fatos, personagens e locais que só quem acompanhou a trama até Wano vai reconhecer.

O gameplay é todo em terceira pessoa com exploração “livre”, com uso de aspas apenas porque volta e meia você encontra algumas paredes invisíveis impedindo o seu progresso para além da área planejada pelos desenvolvedores. Os inimigos podem sempre ser vistos andando pelo cenário e, quando você encosta em um deles, começa uma luta por turnos bem tradicional do gênero, onde heróis e vilões se alternam no uso de golpes normais, itens, habilidades e movimentos especiais.

São tantos pequenos sistemas trabalhando em conjunto que você vai passar mais de dez horas ainda com tutoriais pipocando na tela na medida em que novos recursos como viagem rápida e golpes em equipe são lentamente habilitados. Felizmente, isso não chega a cansar, já que o ritmo de introdução dessas coisas é bem dosado e, independente do seu estilo de jogo, você provavelmente vai conseguir distribuir bem o seu tempo entre exploração, lutas, tutoriais, missões paralelas e principais.

Diferente da narrativa mais rasa e ligeira do apenas competente World Seeker, a tentativa anterior de ter um “mundo aberto” de One Piece, aqui há toneladas de texto e tramas para conhecer, com direito a NPCs interessantes e cativantes. Ajuda bastante, também, que a maioria das falas tenham sido dubladas em alta qualidade pelo elenco original do anime, que realmente caprichou e entregou tudo e mais um pouco em termos de performance. Infelizmente, japonês é o único idioma das vozes, então não poderemos curtir o mesmo elenco que brilhou nos cinemas em One Piece Red. Ao menos todos os menus, legendas e recursos foram devidamente localizados em texto para português com uns poucos erros de tradução aqui e ali.

Com pressa vamos ao infinito debaixo desse céu azul

One Piece nunca chegou tão perto de ter um valor de produção triple A quanto agora. Seja lá o que isso signifique para você, ao menos para mim é incrível passear pelas docas de Water 7 ou pelas areias de Alabasta e ver como as belezas naturais e construções humanas se intercalam no horizonte graças a uma excelente draw distance, com modelos de personagens, partículas, elementos e texturas de alta qualidade. Jogando em 4K no PlayStation 5, isso foi o mais perto que eu já cheguei de me sentir parte desse mundo que tanto amo!

Mas nem tudo são flores nessa odisseia. A campanha já seria bastante extensa e digna do seu investimento mesmo sem os inúmeros backtrackings que ela o obriga a fazer aqui e ali nas mais triviais das missões. Às vezes essa andança é compensada por bons diálogos entre os personagens, mas em outras tantas ocasiões você meio que se sente apenas como um office boy apenas indo de um lado para o outro.

Com o tempo, o ritmo das batalhas também pode cansar um pouco, já que não é possível pular certas animações de golpes especiais, principalmente quando usamos o sistema de amizade para atacar em trio. Em batalhas mais longas, acaba batendo um pouco de fadiga. Aliás, isso pode até ser culpa de uma desatenção minha, mas até mesmo vinte horas depois de começar a jogar eu continuava me confundindo um pouco com o sistema de forças e fraquezas de golpes estilo pedra, papel ou tesoura tão tradicionais em títulos como Pokémon ou Fire Emblem.

Tudo porque os indicadores visuais não comunicam claramente se o texto “Fraco” que aparece ao lado de alguns nomes de golpes quer dizer que o meu movimento é pouco efetivo, ou se o inimigo em questão é fraco contra esse movimento. Misteriosamente, não existe um texto equivalente apontando para “Forte”. Isso tudo seria bem resolvido com textos posteriores iguais aos jogos dos monstrinhos, explicitando que algo foi pouco ou muito efetivo. Outro problema é que nem sempre o triângulo de forças e fraquezas implica necessariamente em golpes com mais dano. Mas vai saber, às vezes isso tudo é analfabetismo funcional meu mesmo e não culpa do jogo, então sinta-se livre pra me zoar e xingar se fui eu quem entendi tudo errado.

É até complicado medir o dano dos golpes manualmente a fim de tentar resolver essa questão (acredite, eu tentei), já que com o passar do tempo você mesmo vai inserir um monte de buffs nos seus personagens de duas formas: primeiro, coletando os tais cubos de memória e então os aplicando nos golpes para aumentar a eficácia. E segundo, coletando insígnias e acessórios que servem para garantir boosts nos mais diversos atributos como ataque, defesa, coragem etc.. Então são muitas variáveis se somando em uma aventura que até pode ter uma ou outra batalha mais demorada, mas que dificilmente apresenta grandes desafios mesmo que você fique boiando um pouco em alguns sistemas. Dá para zerar numa boa mesmo sem pensar demais em táticas.

Vale a pena?

One Piece já recebeu algumas adaptações bem legais para os videogames — e outras nem tanto —, mas acredito que a maioria dos fãs da série irão concordar que Odyssey é a maior, melhor e mais completa aventura lançada até agora. A sua direção de arte, designs de personagens e trilha sonora estão incríveis, com bom valor de produção e o carisma e criatividade de Eiichiro Oda espalhados por todos os lados.

One Piece Odyssey é um JRPG completo, extenso e caprichado. De longe o melhor jogo da série

Ainda que a extensa campanha sofra com algumas barrigadas e problemas de ritmo fruto de muito backtracking e algumas missões bobas, a sensação constante é a de estar participando de uma divertida história paralela ao lado de nossos personagens favoritos. E há no mundo algum tesouro melhor do que esse?!

One Piece Odyssey foi gentilmente cedido pela Bandai Namco para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • Ótimo valor de produção
  • Jornada muito extensa e variada
  • Nostálgico para os fãs
  • Presença das vozes originais japonesas
  • Trilha sonora incrível
  • Lindos gráficos e direção de arte
Pontos Negativos
  • Bastante backtracking
  • Algumas missões bobas e tediosas
  • Pequenos erros ortográficos na localização
  • Confusão em alguns menus