Quem disse que não há lugar para bravura no mundo dos games? Ainda mais quando tratamos de falar de empresas brasileiras, que sofrem com rótulos e a falta de suporte dentro do seu próprio país?

Vocês sabem que eu não passo pano para empresa brasileira. Quando deve ser criticada, eu meto a caneta. Agora, quando tem que ser elogiada, pode ter certeza que o espaço é democrático e sempre prevalecerá.

No final de setembro, chegou ao mercado de games o jogo No Place For Bravery, um Soulslike brasileiro da melhor espécie. Desenvolvido pela Glitch Factory e distribuído pela Ysbryd Games, o jogo tem totais condições de fincar sua marca no mercado.

Uma pitada de bravura

No Place for Bravery conta a história de Thorn, um ex-guerreiro que tentará de todas as formas achar sua filha perdida na devastada Dewr, tomada por conflitos sociais e inimigos sobrenaturais.

O jogo tem sua construção baseada em um level design encantador, com gráficos pixelados e cheios de vida. Um trabalho artístico de muita qualidade, municiado por uma história cativante, que intriga desde o início.

Acredito que o roteiro poderia ser melhor trabalhado no quesito das falas, tendo um pouco mais de originalidade e cuidado em alguns aspectos. Independentemente disso, não impede que o título se perca na mesmice encontrada no mercado.

Os personagens foram muito bem construídos e apresentam o carisma necessário para que eles se amarrem da melhor forma possível no enredo. A inserção de coadjuvantes é pequena, o que ajuda a entender a história da melhor forma.

Como disse acima, o pixel art está presente e ele é muito bem feito. O jogador consegue diferenciar ambientes e até mesmo ter controle visual de tudo o que ocorre na aventura.  O cenário possui muitos detalhes. Seja dentro de uma taverna, ou em um povoado, recheado de violência ou de vida. Tudo muito bem construído. As cores aparecem na medida certa.

O ambiente que começa a se deteriorar frente às forças do mal é muito bem retratado no mundo, tornando a aventura cativante e, ao mesmo tempo, desesperadora.

Vale destacar que a tela de display é ótima, ajudando os jogadores a ter uma compreensão ainda maior do cenário. Ela não atrapalha ou polui a aventura.

Mesmo utilizando um computador acima dos requisitos máximos encontrei alguns pequenos problemas de otimização, principalmente em 4K. Mas fique tranquilo, eles não influenciam tanto na experiência final do jogo.

Pancadaria com intensidade

A aventura de Thorn se passa em Dewr, onde você terá muitos inimigos para enfrentar, além de coletar muitos itens.

Como um bom RPG, o jogador poderá comprar e obter poções mágicas para recuperar energia, armas brancas e até mesmo bombas explosivas e de ácido.

Além de comprar itens em caravanas, o jogador poderá gastar suas moedas para aprender golpes especiais. Mas lembre-se. Eles só poderão ser comprados se você tiver um item correto para utilização.

E estes artefatos não são fáceis de serem achados.

Assim como um bom jogo de luta, No Place for Bravery possui uma intensidade gigantesca nas batalhas, da mesma forma que um Soulslike Triple A. Mas fique tranquilo. O game possui três tipos de dificuldade e, a mais fácil, permitirá diversão da melhor forma possível.

A grande questão que me intriga é a jogabilidade. Infelizmente ela é um pouco travada. Até entendo que foi feita dessa forma para dificultar o combate. Em muitos momentos os comandos não são responsivos como eu gostaria.

Mas vale deixar claro que isto também não impede o game de ter qualidade nos combates. A variação de inimigos é boa e aumenta o fator replay do jogo.

Vale a pena?

Agora, eu vou responder à pergunta que abriu este texto. Sim, existe bravura no mercado dos games e o jogo da Glitch Factory mostra claramente isso.

Com gráficos muito bem feitos e uma história gostosa de acompanhar, No Place for Bravery vai agradar em cheio diversos tipos de jogadores. Você gosta de um bom combate? Ingredientes de RPG? Personagens carismáticos, mesmo no meio de tanto sangue? Pixels?

Junte-se ao guerreiro Thorn nesta aventura cativante, mística e desafiante em todos os aspectos possíveis.