Uma homenagem ao noir. Uma nova forma de se jogar video game

Videoanálise

A tecnologia denominada MotionScan tem sido festejada desde que a Rockstar anunciou o seu desenvolvimento. E os números realmente impressionam: 32 câmeras de altíssima definição para capturar — em até 30 quadros por segundo — as expressões faciais de um elenco com mais de 400 atores. Isso é L.A. Noire. Pelo menos do ponto de vista técnico.

Mas o que poderia ser simplesmente um deslumbre tecnológico mostra-se rapidamente como uma nova alavanca narrativa para a indústria de video games. E não é preciso avançar muito para perceber isso.

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Cole Phelps, seu protagonista aqui, é ainda um singelo policial de baixa patente na turbulenta Los Angeles da década de 1940. Ele tem um uniforme, um parceiro... E também um poder dedutivo obviamente invulgar. Entretanto, ainda se vê diante da humilhante necessidade de alimentar as próprias investigações com os restos deixados pelos detetives nos cenários de crime.

Nada de muito incomum, é claro... Não fosse o fato de que o pouco caso do investigador-chefe para com Phelps e seu parceiro transparece em cada pequeno movimento dos olhos; em cada expressão de descaso. E essa é apenas a porta de entrada.

L.A. Noire é talvez a melhor demonstração de como uma tecnologia pode ser aliada à experiência geral de um jogo. Em vez de se destacar, utilizando o restante do pacote como um simples pedestal, a tecnologia pioneira desenvolvida para o título serve de suporte para uma nova forma de se jogar video game. Uma forma refinada, na qual tiroteios e explosões podem valer menos do que perseguir olhos que giram de forma suspeita nas órbitas de uma testemunha.

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Deslizando-se furtivamente entre prostitutas, criminosos e atores de cinema decadentes, Phelps é o sujeito que deve encontrar a verdade; uma verdade que tanto pode surgir entre mobílias quanto entre expressões fugazes.

E é nesses pontos que jogo da Team Bondi se diferencia do que poderia ser uma espécie de Ace Attorney com três dimensões. O nível de detalhamento alcançado pela MotionScan faz absolutamente toda a diferença, tornando praticamente impossível determinar, com absoluta certeza, se aquela dama bem trajada postada à sua frente é, de fato, tão inocente quanto seus trajes sugerem; se o cavalheiro respeitável realmente desconhece o corpo putrefato  que aguarda no necrotério.

Mas nem tudo aqui se resume a interrogatórios e investigações de cenas de crime, é claro. Phelps eventualmente terá que perseguir um acusado que, tavez, não tenha aceitado muito bem a ideia de acabar atrás das grades. Afinal, há toda uma cidade pela qual é possível  se embrenhar... Mas será isso é realmente necessário?

L.A. Noire traz simultaneamente uma nova tecnologia e uma nova forma de se jogar video games. Trata-se de um universo em que apenas as suas habilidades de tiro e perseguição não serão suficientes. Um olhar enviesado, uma expressão de descaso... Qualquer detalhe, por mais sutil que seja, pode separar culpados de inocentes, determinando ainda o quão profundamente você conseguirá penetrar no universo do jogo.

Complementando a experiência, as habilidades detetivescas do Sr. Phelps ainda ganham uma belíssima reconstrução da Los Angeles da década de 1940... Tudo embalando uma notável homenagem ao cinema noir.

Dessa forma, embora o andamento lento e introspectivo possa afastar um pouco jogadores mais típicos — aqueles que ainda acreditavam que poderia ser tratar de mais um Grand Theft Auto de época —, fato é que há aqui muito do que deve pautar a indústria de games pelos próximos anos. É só esperar para ver.

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