Imagem de Kirby’s Return to Dream Land Deluxe
Imagem de Kirby’s Return to Dream Land Deluxe

Kirby’s Return to Dream Land Deluxe

Nota do Voxel
85

Kirby’s Return to Dream Land Deluxe reconstrói uma ótima jornada

Quando joguei a versão original de Kirby’s Return to Dream Land há alguns meses, tornei a me surpreender com o quão atemporais são os títulos das franquias da Nintendo, não importando a época em que foram lançados. Prova disso é a recepção positiva ao anúncio dos jogos clássicos de Game Boy e Game Boy Advance no Nintendo Switch Online.

Kirby Super Star, por exemplo, lançado para o Super Nintendo e já disponível no catálogo do serviço do Switch, ou Kirby and the Amazing Mirror, previsto para reforçar a lista de Game Boy Advance no futuro, superam quase tudo que temos do gênero plataforma 2D na atualidade, sobretudo no quesito diversão.

Nunca pensei que Return to Dream Land fosse precisar de um remake/remaster, dado que ele envelheceu como um bom vinho em todos os aspectos, dos gráficos ao gameplay. Tendo jogado o título pela primeira vez pouco tempo atrás, posso garantir que há pouquíssimos sinais de desgaste em sua experiência.

Ainda assim, a Nintendo arrumou bons motivos para nos incentivar a revisitar o planeta Pop. Kirby’s Return to Dream Land Deluxe não se limita a ser apenas uma reconstrução do game de Wii: trata-se de um pacote robusto, com novos modos, itens e transformações, concebido sob medida para atrair fãs e recrutar novos jogadores. Confira a análise:

Aventura familiar

Return to Dream Land Deluxe é o mais puro suco da bolinha rosa: uma aventura de plataforma em visão lateral, cuja premissa é arrancar sorrisos com seu combate simples, baseado em aspirar inimigos e copiar suas habilidades, também proporcionando uma exploração relaxante e convidativa a pessoas de qualquer idade.

Apesar de ser uma franquia que sempre fez de tudo para descomplicar a vida do jogador, Return to Dream Land se excede no conceito “light”, sendo um dos games mais acessíveis dentre os muitos que a bolota protagonizou em seus quase 31 anos de história — isso não é uma crítica, apenas uma constatação.

Fonte:  Voxel 

Para vocês terem uma ideia da facilidade: pude terminar a campanha com mais de 100 das 120 esferas de energia espalhadas pelos estágios sem sequer ter me esforçado para coletá-las. Isso só mostra que o level design não é tão primoroso quanto o de outros grandes jogos da série, como Kirby & the Amazing Mirror e Kirby: Nightmare in Dream Land.

Em Kirby: Planet Robobot, o último grande Kirby do Nintendo 3DS, muitas vezes era preciso resolver quebra-cabeças e vasculhar cantos escondidos dos mapas para encontrar os colecionáveis. Tudo bem que ele foi lançado depois, em 2016, mas é um ótimo exemplo do level design que esperamos dos joguinhos do mascote rosa.

Em Return to Dream Land, Kirby e seus amigos veem um objeto misterioso cair do céu no planeta Pop. Durante o resgate, a bolota rosa se depara com um visitante, Magolor, que pede a ajuda do herói para poder encontrar as peças perdidas da Lor, sua nave espacial, apta a percorrer outras dimensões.

Fonte:  Voxel 

Kirby, então, parte rumo à jornada de recuperar os fragmentos da nave e, assim, permitir que Magolor retorne são e salvo às terras de onde veio. A presença de Magolor no jogo, inclusive, acaba sendo um pretexto para introduzirem o Magolor Ajudante, que nada mais é que um modo fácil — como se o game já não tivesse facilitador o bastante — em que o personagem dobra a barra de vida de Kirby, além de o salvar de buracos e conceder itens de cura em momentos-chave.

Um ponto importante a ser dito aqui é que há como desbravar o modo aventura em co-op local com até quatro jogadores, que podem, se quiserem, assumir o lugar de Meta Knight, Rei Dedede e Waddle Dee Bandana. O cooperativo, embora torne o game ainda mais fácil do que já é, rende situações verdadeiramente hilárias.

E olha só, pasmem: o título está totalmente localizado no nosso idioma, com textos muito bem adaptados e que preservam a criatividade dos nomes originais das áreas do planeta Pop. Prepare-se para explorar, por exemplo, os “Campos Churros”, a “Geosfera Goiabada” e o “Oásis Oliva”. Se estamos falando de um Kirby, naturalmente tudo precisa ter relação com comida, não é mesmo?

Fonte:  Voxel 

Modo extra e epílogo: obrigatórios no pós-jogo

Ao final da história, você pode desbloquear o tradicional Extra Mode, presente em muitos outros títulos da série, no qual é possível desfrutar da mesma campanha, mas em um nível de dificuldade mais alto e com desafios inéditos, o que inclui chefes nunca vistos e novos padrões de ataque para inimigos já apresentados.

A grande novidade, porém, fica a cargo de uma nova opção de jogo, um epílogo intitulado de O Viajante Interdimensional. Como a descrição deste modo pode deixar escapar alguns spoilers, vamos nos limitar a dar detalhes da história — ainda que seja um game de 2011 — e nos concentrar apenas nas mecânicas em si.

De forma bastante resumida, Magolor acorda e percebe que havia perdido suas habilidades mágicas. A partir daí, o personagem embarca em uma solitária aventura para recuperar seus poderes e sua força. À medida que derrota inimigos e progride pelas fases, Magolor obtém pontos de magia para fortalecer suas ações por meio de uma janela de skills autoexplicativa.

Fonte:  Voxel 

Embora não seja um modo com longa duração, é no epílogo que você vivenciará alguns dos melhores momentos de Return to Dream Land Deluxe. É bem agradável controlar Magolor tendo tido contexto após a conclusão da história e, principalmente, por ele ter um estilo de gameplay bem diferente do de Kirby, com foco em seus próprios truques em vez das habilidades de cópia.

E já que mencionamos as habilidades de cópia, há transformações novas também, que fiquem registradas. Temos, por exemplo, a areia, na qual Kirby manipula partículas de poeira, e a minha favorita, uma conversão à la mobile suit de Gundam, com direito a mísseis de longa distância e foguetes para o nosso herói planar com mais fluidez. Torço para que transformações tão boas como essas apareçam em futuros títulos.

Minijogos para dar e vender

Se tem uma coisa que Kirby’s Return to Dream Land Deluxe tem de sobra é conteúdo, ainda mais se a sua intenção for aproveitá-lo cooperativamente. Além dos desafios que são desbloqueados na nave conforme você recupera os colecionáveis das fases (que, convenhamos, por si só, já rendem horas extras de jogatina), há um modo à parte para os minijogos mais parrudos.

Fonte:  Voxel 

É no Parque Magolândia, um lugar construído por Magolor para receber seus amigos, que você pode se acabar nos mais variados joguinhos. Ao completar missões no parque de diversão, novas lembrancinhas e máscaras cosméticas são desbloqueadas para que você possa personalizar Kirby à vontade, nos estimulando a colecionar todas.

Alguns dos meus subgames favoritos são: o Dojo Ninja, no qual o objetivo é acertar alvos enquanto eles se movem, e o Papa Ovo, que consiste em abocanhar o maior número de ovos enquanto bombas são arremessadas na direção de Kirby. Muitos dos subgames, aliás, nos remetem aos desafios da franquia Mario Party.

O melhor de todos, contudo, é o Kirby Samurai 100, um modo multiplayer em que é possível desafiar jogadores do mundo todo para ver quem possui o melhor golpe, rápido e letal, com a katana. Lembrando que você também pode se divertir sozinho nos modos, inclusive no Samurai, podendo intercalar entre três níveis de dificuldade.

Fonte:  Voxel 

Um jogo à altura do que se espera de uma releitura

No aspecto visual, pode-se dizer que Kirby’s Return to Dream Land Deluxe se tornou um dos jogos mais bonitos da franquia ao lado de Kirby and the Forgotten Land e Kirby Star Allies. Na verdade, o game original já era lindo, com cenários vibrantes e alguns dos modelos de personagem mais caprichados que vimos, apesar de sua resolução no Wii não ser das maiores.

Das praias paradisíacas da Reserva Refresco às montanhas cobertas de neve dos Alpes de Açúcar, tudo foi praticamente reconstruído para que a versão Deluxe pudesse aparentar ser um jogo de 2023 — até as cutscenes receberam um cuidadoso tratamento. O mar das fases da Reserva, por exemplo, é tão bonito e refrescante quanto o da praia abandonada de Forgotten Land.

Há também novos elementos visuais compondo o fundo dos ambientes, de modo a entregar uma maior sensação de profundidade, além de grama e vegetação mais densas e volumosas, em especial nas florestas dos Campos Churros. A performance, por sua vez, também se mostrou incrivelmente estável, mesmo quando muitos inimigos e efeitos surgem na tela.

Fonte:  Voxel 

Precisamos falar sobre o contorno dos personagens

Com todas as melhorias técnicas em cenários, texturas, resolução e desempenho, um ponto que se destaca negativamente é o tapa no visual dos personagens. Não que Kirby e seus amigos não estejam fofos, não é isso — até porque certas partes dos modelos dos últimos games parecem ter sido reutilizadas pela HAL Laboratory, o que foi uma boa sacada.

No entanto, o que realmente incomoda os olhos do jogador é o fato de existir um contorno esquisito em volta de Kirby que, goste ou não, acaba destoando dos demais elementos. Será que era realmente necessário “engrossar” o pincel na hora de redesenhá-los? Talvez seja uma questão de gosto, não sei, mas essa parte, ao menos para mim, ficou aquém do que se viu no Wii.

Veredito

Após relançamentos questionáveis, a Nintendo enfim parece estar numa maré de acertos — primeiro com Metroid Prime Remastered; agora com Kirby’s Return to Dream Land Deluxe. Aqui, a Big N não se contentou com pouco: trata-se de uma reconstrução que preserva a obra original, mas com conteúdo de sobra para complementar a ótima jornada de Kirby e Magolor.

Expandido em escopo e com salto técnico considerável, Kirby’s Return to Dream Land Deluxe se garante como um dos melhores relançamentos da Nintendo em anos

Não o vejo como um dos melhores títulos da série, vale dizer, mas seguramente é um dos jogos de plataforma 2D mais “recheados” que você vai encontrar por aí.

Kirby’s Return to Dream Land Deluxe foi gentilmente cedido pela Nintendo para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • Expande o escopo ao mesmo tempo em que preserva a experiência do original;
  • Epílogo protagonizado por Magolor e modos extras asseguram um generoso pós-jogo;
  • As novas transformações podem ser uma prévia de um futuro ainda mais promissor para a franquia;
  • Seja sozinho ou acompanhado de outros jogadores, há muitos — com ênfase em muitos — subgames divertidos a serem jogados no Parque Magolândia;
  • As melhorias em texturas, resolução e desempenho acabaram transformando o jogo em um produto superior;
  • Quando tem, entra como ponto positivo: localização em português.
Pontos Negativos
  • Decisões questionáveis no estilo de arte dos personagens;
  • Colecionáveis muito fáceis de serem encontrados, mais fáceis que o “normal” de outras aventuras.