Imagem de Guitar Hero Live
Imagem de Guitar Hero Live

Guitar Hero Live

Nota do Voxel
90

O clássico está de volta com uma nova leva de hits [vídeo]

Guitar Hero é uma série que acabou sendo derrotada por suas próprias ambições desmedidas. Após alguns jogos de sucesso, a franquia recebeu tantos lançamentos que não havia mais quem aguentasse os diferentes instrumentos de plástico e pacotes de música lançados pela Activision.

Após alguns merecidos anos de folga, a série realiza sua volta aos palcos em Guitar Hero Live, que aposta em diversas mudanças em relação ao passado. Deixando de lado baterias, baixos e teclados, o game volta a ter o objetivo de fazer você se sentir como um verdadeiro "Deus da Guitarra" — por mais que ela seja feita de plástico.

Além de apostar em um instrumento reformulado, que passa a ter duas fileiras com três botões, a Activision também adotou uma mudança visual. No lugar das bandas tridimensionais do passado entram atores reais que reagem à maneira como você está desempenhando suas funções no palco. Para completar, a companhia aposta em um modo online com um catálogo extenso, cuja forma de monetização pode não agradar a todos.

O modo campanha

Guitar Hero Live é divido em dois modos de jogo, cada um com maneiras próprias de tocar músicas. Live é a tradicional opção de carreira, que se divide por diferentes locais, cada um com um setlist de três ou quatro músicas que devem ser  tocadas em sequência — o sucesso em uma apresentação garante a possibilidade de tocar em outras casas de show e o acesso ilimitado às músicas já tocadas.

Quanto mais você progride, maior a dificuldade das canções e a cobrança que a sua banda — formada por atores reais — tem em cima de seu desempenho. Caso você esteja tendo muitas dificuldades para progredir, é possível alterar o nível de desafio do jogo a qualquer momento sem medo de represálias.

Ao errar uma nota, o som da canção como um todo diminui e, após certo tempo, os demais instrumentistas, o vocalista e a plateia começam a olhar feio em sua direção. Da mesma forma, tocar bem rende elogios e faz com que todos que vieram assistir ao show fiquem bastante empolgados.

A atuação dos atores reais segue alguns extremos, o que significa que ou todos estão amando sua performance no palco ou estão detestando cada erro cometido — simplesmente não há meio termo. Independente do que acontece, a diversão está garantida por atuações um tanto cômicas. No entanto, depois de um tempo é difícil não estranhar que todo mundo está olhando em sua direção como se você estivesse com a maquiagem borrada ou fosse alguma espécie de deus iluminado, o que chega a ser um pouco perturbador.

A seleção de faixas do modo campanha é equilibrada, mas pode não agradar quem é fã estritamente de rock ou de heavy metal. A Activision aposta em artistas mais populares para esse modo, incluindo nomes do pop como Rihanna e Katy Perry e a nomes como Skrillex e Eminem, que não se destacam exatamente pelas canções com guitarras muito proeminentes.

O novo instrumento de plástico realmente muda a forma como você toca, o que pode dar um “nó na cabeça” de quem está acostumado com os controles usados nos games antigos da série. Em nossa experiência, consideramos o novo produto mais satisfatório do que o usado no passado, até mesmo por ele proporcionar algumas combinações um tanto mais difíceis do que aquelas oferecidas pelo antigo esquema de cinco botões coloridos alinhados.

Guitar Hero TV

Em compensação, o modo Guitar Hero TV tem um catálogo mais rico e diversificado, podendo ser considerado como a modalidade verdadeiramente “rockeira” do título. No entanto, a maneira como você acessa as faixas disponíveis é ligeiramente diferente da opção Live, o que deve gerar algumas controvérsias entre os fãs.

Tal qual seu nome deixa claro, a opção funciona como uma rede de TV convencional que dispõe de dois canais que ficam transmitindo diferentes músicas dependendo do horário do dia — algo como uma MTV com características interativas. Dessa forma, caso você pretenda tocar um estilo específico, é bom ficar atento à grade de programações para descobrir quando isso vai ser possível.

A modalidade também deixa de lado os vídeos com atores reais do modo Live e os substitui pelos videoclipes originais das faixas disponíveis. Além disso, não há como falhar, sendo que o único critério que determina seu sucesso ou não é a quantidade de pontos e estrelas obtidas no final da execução — o modo é estritamente online e compara automaticamente seu grau de acerto com o de outras pessoas que estão sintonizadas no momento atual.

Toda vez que você joga nesse modo, ganha pontos de experiência e moedas virtuais que podem ser usadas para comprar recursos conhecidos como Plays. Esse item especial funciona como uma espécie de “ficha” de fliperama que permite tocar uma única faixa do catálogo disponível sem ter que esperar que ela surja na grade de programação.

Esse com certeza deve ser o ponto mais polêmico de Guitar Hero Live, visto que também há a possibilidade de investir dinheiro real para obter esse recurso. Aliado ao fato de que não há como simplesmente pagar para ter uma faixa de forma permanente — tal qual acontece nos DLCs para o rival Rock Band 4 —, isso deve gerar bastante descontentamento entre os fãs.

Embora durante nossos testes o recebimento gratuito de Plays tenha ocorrido em um ritmo considerado agradável, a decisão da Activision tem tudo para desagradar quem gosta de tocar uma faixa repetidas vezes até que ela seja completamente dominada. A única opção que compensa um pouco essa edição é o Party Pass, que permite pagar US$ 5,99 para liberar o catálogo completo do título durante 24 horas — algo que se mostra adequado para quem só costuma jogar Guitar Hero durante festas ou reuniões com amigos.

Vale a pena?

Apresentando um instrumento renovado, o novo Guitar Hero é bem-sucedido em sua intenção de trazer um novo fôlego à antiga franquia. Ao se focar novamente em oferecer uma experiência que simula como é ser um “Deus da Guitarra”, a Activision construiu uma base sólida para os já previsíveis próximos jogos da série.

A ideia de apostar em atores live action também funciona bem, embora não demore muito até você se acostumar com as reações limitadas de seus companheiros. É preciso notar que o sucesso da série dificilmente vai ser o mesmo do passado, tanto devido às mudanças da indústria nos últimos quanto pelo fato de que o preço cobrado pelo título está longe de ser acessível.

Guitar Hero Live é ótimo para animar festas e para a jogatina em grupo, mas alguns quesitos podem desapontar quem procura uma experiência mais aprofundada. Entre eles, se destaca o sistema de Plays incorporado pela Activision, que restringe o acesso a algumas das faixas mais interessantes do título.

Caso você seja um grande fã de músicas e não tenha pretensões de tocar um instrumento real, o novo game da franquia é uma ótima opção para você se sentir um astro no conforto de seu sofá. Infelizmente, para isso vai ser preciso fazer o investimento salgado no kit com a guitarra de plástico vendida junto com o game, cujo preço oficial é de R$ 599 no Brasil.

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.
Pontos Positivos
  • Novo design da guitarra funciona bem
  • O modo TV funciona de forma interessante
  • A adição de atores reais foi bem-vinda
Pontos Negativos
  • Preço de entrada bastante caro
  • Forma de monetização do modo TV
  • Muitas das melhores músicas ficaram restritas ao modo TV