O que deuses e heróis têm a ver com as leis da física?

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Img_normalElementos fantasiosos e abstratos sempre estiveram presentes no entretenimento eletrônico. Há cascos de tartaruga que saem girando; há uma bola aderente capaz de agregar desde postes telefônicos a prédios; há heróis voadores pouco comprometidos com os limites de um corpo humano ordinário... E por aí vai. Entretanto, talvez não seja correto assumir que nós nos deixamos levar por essas realidades “alternativas” por algo semelhante a um raciocínio “creio porque é absurdo”.

Na verdade, entre heróis-minhoca e carros planadores voando a várias centenas de quilômetros por hora (F-Zero, alguém?), algo de “real” sempre permanece, transformando o resultado em algo que se possa acreditar... Mesmo que remotamente.

Quer dizer, mesmo quando abrimos mão da realidade nua e crua no momento em que o botão “power” do console é acionado, há uma parcela nossa que ainda espera encontrar em mundos alienígenas e bombeiros voadores algo que lembre movimentos, reações ou relacionamentos interpessoais que se pode encontrar no mundo real.

Ok, provavelmente vale desconsiderar aqui, ao menos em parte, aqueles títulos cujo desafio consiste em retratar o mundo real tal e qual ele normalmente se apresenta. De qualquer forma, uma análise mais cuidadosa poderia facilmente revelar em Super Mario Bros. um comprometimento com a realidade semelhante ao que se pode encontrar em um FPS (tiro em primeira pessoa, na sigla em inglês) de última geração – guardadas as devidas proporções, naturalmente.

Se não, basta jogar o herói rechonchudo no primeiro riacho de lava que cruzar o seu caminho...

O que acontece se alguém cair na lava vulcânica?A ciência que existe entre lagartos cuspidores de fogo e princesas cativas

Img_normalO bom e velho mergulho na lava. Eis um drama constantemente tratado nas mídias, mas que raramente é abordado de uma forma cientificamente crível, conforme defende o professor de geociências da Denison University Erik Klemetti.

Em artigo publicado no site da revista Wired, Klemetti afirma que, diferentemente do que normalmente é visto em filmes e jogos de video games, um ser humano dificilmente afundaria ao entrar em contato com a lava vulcânica — o que certamente compromete parte do drama da famosa cena com o bombeiro/herói de “Volcano – A Fúria”. Também seria pouco provável que alguém simplesmente pega-se fogo ou explodisse.

Isso ocorre por um fato um tanto quanto óbvio: embora tenha a aparência de um fluído, a lava não se comporta como, por exemplo, a água. O mais curioso? Das inúmeras obras fantasiosas que trataram do assunto, o bom e velho Super Mario Bros. encontra-se entre as mais cientificamente prováveis.

De fato, em vez de afundar, o corpo humano “flutuaria” sobre a rocha derretida, já que a lava é muito mais densa do que a maioria dos líquidos — embora os tradicionais gritinhos do bombeiro com os fundilhos queimados dessem lugar a uma morte verdadeiramente horrível em um retrato mais realista.

Rolando com Katamari e Rock of AgesEsferas com vontade própria... E algum respeito pelas leias da física

Rock of Ages não poderia ser mais absurdo. Em primeiro lugar, porque é abertamente baseado em um mito: o grego Sísifo foi condenado pelos deuses a empurrar uma grande e pesada pedra para cima da montanha, para em seguida soltá-la... Repetindo, em seguida, o processo — melhor do que ter o fígado devorado indefinidamente, de qualquer forma.

Em segundo, porque você não assume o controle do herói sofredor aqui, mas sim da própria pedra, em uma das jogabilidade mais singulares da atual geração. Mas é aí que vem a parte familiar da coisa toda. O seu protagonista aqui (ou seja, a enorme amostra mineral) rola, bate e atropela de uma forma que, na maioria das vezes, agradaria Newton sem maiores problemas.

Rachaduras aparecem conforme o “herói” atropela construções, e há também algumas boas demonstrações de “conservação de energia” — aquilo que você teria aprendido caso não tivesse faltado às aulas do cursinho. Enfim, parece que nem Zeus está além das leis naturais.

Uma bolota aderente e megalômana

Ao vasculhar toda a biblioteca de jogo improváveis dos últimos anos, seria difícil encontrar algo mais absurdo que Katamari. Trata-se de uma bola aderente manipulada pelo filho do Rei de Todo o Cosmos com o propósito de coletar material para reconstruir o universo (destruído após um episódio de bebedeira).

Mas mesmo aqui existem regras, é claro. Além de rolar tal e qual uma esfera faria, a sua bolota apenas pode agregar materiais menores do que ela — o que pode, com o tempo, incluir arranha-céus e estádios de futebol, é verdade —, o que sempre resulta em um movimento de acordo com o novo formato.

Eu, um organismo unicelularA lição microscópica de Osmos

Se você achava a tarefa de encarnar uma bolinha cor-de-rosa saltitante abstrata, então convém da uma olhada em Osmos. O premiado puzzle da Hemisphere Games coloca o jogador no papel de um organismo unicelular. A tarefa é razoavelmente simples: agregar organismos menores, enquanto evita que um maior faça o mesmo com você. Entretanto, como background, há movimentos de gravitação, deslocamentos baseados em expulsão de massa etc.

Um pé ou dois na realidade

Enfim, entre saltos homéricos, forças hercúleas e temáticas bizarras, os games parecem jamais perder certa ligação com a realidade. Mesmo absurdos por excelência como Noby Noby Boy ainda parecem encerrar — por trás do caos aparente — movimentos e reações familiares... Algumas vezes de forma até mais fiel do que a encontrada em títulos ditos realistas. Ou será que ninguém mais se lembra da água inexplicavelmente assassina dos primeiros GTAs? Bem, talvez isso seja assunto para outra ocasião.

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