Gêneros de games à beira da extinção

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Como qualquer outra vertente da indústria do entretenimento, os video games tem sua própria história. Desenvolvem-se, criam tendência e formam verdadeiras escolas. Mas não só isso. Ao longo da sua evolução, inúmeros elementos e estilos acabam sendo lentamente abandonados, deixando para trás uma legião de fãs saudosos com fortíssimas “dores de cotovelo”.

Mas, embora seja possível acreditar em uma espécie de “obsolescência programada”, conforme querem muitos teóricos/detratores dos atuais modelos de indústria — afirmando que muitas coisas já nascem com prazo de duração estipulado, a fim de que as moedas continuem fluindo do interior da sua carteira —, também é possível imaginar que aquele seu jogo favorito simplesmente tenha sido chutado para escanteio por tecnologias emergentes.


Um bom exemplo disso são sempre os jogos estilo Adventure, ou Point-and-Click. Inicialmente, games como Myst, Grim Fandango e Full Throttle apresentavam uma estrutura com cenários fixos ou “fotos” simplesmente por uma limitação dos computadores da época.

Entretanto, conforme as máquinas toscas e lentas do início da década de 1990 começaram a ganhar novo poder de fogo gráfico, simplesmente não fazia mais sentido manter a mesma estrutura de “projeção de slides” — já que as modernas placas gráficas podiam facilmente emular toda uma sequência de ação em pleno movimento, algo que, de início, era conseguido apenas com animações de baixa qualidade.

Mas a tecnologia continuou caminhando, trazendo consigo dispositivos de armazenamento ainda maiores e mais potentes, além de um poder de processamento cujo crescimento rápido ainda pode assustar alguns eremitas nascidos em décadas que tinham PONG como suprassumo tecnológico.

Enfim, talvez valha a pena olhar mais de perto para alguns gêneros que hoje se amontoam no poeirento baú da história dos vídeo games. Isso sem se esquecer, é claro, daqueles que ainda existem... Embora não sem correr certo risco de extinção, mantendo-se vivos como podem. Vamos a eles.

Filmes interativosJogos ou películas e baixo orçamento?Quem nasceu em uma época pós PlayStation, Call of Duty e gráficos tridimensionais provavelmente teria problemas para entender o que, exatamente, são “filmes interativos”. Afinal, os jogos modernos apresentam qualidade no limiar de um fotorrealismo, algo que deixaria um jogador de Mega Drive, à época, de queixo no chão. Mas isso nem sempre foi assim.

Na verdade, no início da década de 1980, gráficos de computador capazes de representar, em tempo real, estruturas razoavelmente humanas ainda representavam um sonho muito distante. Entretanto, os recém-lançados CDs, embora não gerassem sozinhos nenhuma foto, podiam facilmente armazenas toneladas de informações.

A solução encontrada, portanto, foi tão elegante quanto de acordo com as possibilidades da época: você teria que abrir mão de controlar diretamente objetos e “personagens” na tela. Entretanto, belas animações e sequências de vídeo seriam exibidas, demandando, em determinados momentos, que você escolhesse entre dois caminhos ou agisse rapidamente para escapar de uma armadilha.

Um gênero impregnado no código genético dos games

Bem, mas então jogos como Phantasmagoria, Dragon’s Lair e tantos outros foram simplesmente extintos? Não exatamente. Na verdade, esse “gênero” ainda se mantém na forma das animações e cenas de corte, presentes mesmo nos maiores blockbusters atuais.

Entretanto, o poder de fogo dos consoles e computadores atuais tornou simplesmente dispensável a ideia de sequências interativas — embora alguns genes do estilo ainda apareçam nos modernos “mini games de contexto”.

Top Shooters (Shoot ‘em Up)Balas voando em 360°Com o lançamento de Commando, para os Arcades, a Capcom formou uma verdadeira escola de jogos durante a década de 1980. Em um período ainda fortemente embalado por filmes estilo “exército de um homem só” (Rambo e afins), a ideia de se lançar em um verdadeiro inferno de balas e inimigos não poderia ser mais bem recebida.

Até porque, posicionar a câmera verticalmente ao campo de batalha representava simplesmente o mais perto que a indústria já havia chegado da produção de um autêntico universo de jogo tridimensional. É claro que o seu “herói” aqui tanto poderia ser um minúsculo homenzinho portanto uma metralhadora quanto um poderoso caça.

Shoryuken!

Bem, mas o que acabou por espantar os Top Shooters do fervilhante ambiente dos arcades de duas décadas atrás? Ironicamente, outro jogo também produzido pela Capcom. Ao chegar às máquinas de fliperama, uma nova leva de títulos de luta em duas dimensões, capitaneados por Street Fighter (sobretudo o segundo título), acabou por afugentar durante muito anos não apenas os Shoot ‘em Up, mas diversos outros gêneros moribundos.

Mas os Top Shooters não foram completamente extintos, é verdade. Entretanto, como vários outros estilos considerados obsoletos, os “Shoot ‘em Up” tem hoje uma existência bastante inconstante, e normalmente fora do espaço principal dos holofotes da indústria — excetuando-se alguns casos excepcionais, é claro. Jamestown, por exemplo.

Galery ShootersCorra para o horizonte!Você já ouviu falar de Galery Shooters? Embora o termo não tenha sido empregado “oficialmente” na época, trata-se de um estilo que também fez certa fama nos arcades dos anos 1980 — e, sim, também acabou eliminado pelo turbilhão de Street Fighter e Cia. O filho mais proeminente do gênero aqui é, sem dúvida, Cabal.

A ideia era tremendamente simples: metralhar qualquer coisa que cruze o seu campo de visão. Depois de despachar uma dúzia de inimigos, você avançará em direção ao horizonte e a um novo cenário... Unicamente para repetir a façanha. Galery Shooters tiveram seu ápice com a primeira popularização do dos computadores pessoais e também com os consoles de 8-bits. Posteriormente, acabaram soterrados sistemas bem menos limitados.

Point and ClickImersão em projeções de slidesPoint and Clicks trazem com certeza uma das soluções de desenvolvimento mais elegantes da história dos games. Quer dizer, o que fazer se os “novíssimos” computadores do início da década de 1990 eram incapazes de criar sequências realísticas com movimento? Simples: você cria trajetos na forma de projeções de slides (Myst), ou cenários fixos com pequenos objetos em movimento (Grim Fandango).

Mas justiça seja feita: entre os gêneros “cambaleantes”, é provável que o Point and Click figure entre aqueles que melhor sobreviveram ao advento das novas gerações de games. Afinal, títulos como Monkey Island ainda são capazes de manter um fôlego respeitável.

Esperança indie-digitalA indústria aprendeu a olhar para o passado?Será que um gênero pode mesmo desaparecer para sempre? Bem, a menos que a versão em osciloscópio de PONG tenha passado pela sua cabeça, a resposta provavelmente seria “não”.

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Quer dizer, basta olhar para as redes de distribuição digitais e independentes para perceber que inúmeros gêneros que passaram vários anos no limbo dos jogos ganham hoje respeitáveis homenagens. Braid, Scott Pilgrim, Jamestown e tantos outros. Talvez a solução seja simplesmente esperar que alguém se lembre daquele seu gênero favorito.

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