Parece filme! Dono do KickassTorrents é preso com ajuda de Apple e Facebook

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Quem costuma explorar regularmente o acervo do KickassTorrents – o maior portal de downloads via torrent no mundo – se deparou com uma surpresa na madrugada desta quinta-feira (21): o site está completamente fora do ar e não tem perspectiva de ser reativado tão cedo. A queda do serviço tem a ver com a prisão do suposto fundador da página, Artem Vaulin, que finalmente foi encontrado pelas autoridades norte-americanas, graças a uma investigação que contou com a ajuda da Apple e do Facebook.

Lançado em 2008, o KAT engatou um belo crescimento ao longo dos anos e chegou a destronar o polêmico The Pirate Bay ainda em 2015, tornando-se o principal site do mundo para o público que gosta de baixar filmes, séries, games e outros arquivos de forma ilegal – chegando à marca de 50 milhões de visitantes únicos por mês. A corte dos EUA estima que essa popularidade e a reprodução ostensiva desse material causaram prejuízo de mais US$ 1 bilhão à indústria – cerca de R$ 3,2 bilhões, um valor bastante expressivo.

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Nada mais irônico que a prisão de Vaulin tivesse uma história digna de Hollywood

Como os estúdios cinematográficos se consideram os grandes prejudicados com a existência de páginas como essa, nada mais irônico que a prisão de Vaulin tivesse uma história digna de Hollywood. O ucraniano de 30 anos, preso na última quarta-feira (20) na Polônia, está sendo acusado de violação de direitos autorais e lavagem de dinheiro e deve ser extraditado para os Estados Unidos muito em breve, onde vai responder a um processo de quase 50 páginas registrado nos tribunais de Chicago. Chegar até esse passo, no entanto, exigiu muito empenho da polícia.

11 Homens e um Torrent

Como não se sabia muito sobre o sujeito que, na internet, responde pelo apelido “tirm”, um agente do departamento de segurança dos EUA foi destacado para rastrear tudo sobre ele. Assim, Jared Der-Yeghiayan e sua equipe bolaram um plano mirabolante para alguns dados essenciais para a operação: pagar por um anúncio no portal de torrents que levaria os visitantes a um site falso. Objetivo disso? Identificar a origem e o destino de pagamentos feitos por conta da renda dos banners.

Com a campanha fake indo ao ar no início deste ano, descobriu-se que o KickassTorrents estava conectado a uma conta bancária na Letônia, que, somente entre agosto de 2015 e março de 2016, tinha cerca de US$ 31 milhões em depósitos – pouco mais de R$ 100 milhões. Ainda nessa etapa da investigação, as autoridades conseguiram ligar o email de contato do site (pr@kat.cr) a perfis usados em uma série de redes sociais, incluindo a página "official.KAT.fanclub." no Facebook – ligando a fanpage diretamente ao serviço.

Anúncio falso projetado pelas autoridades norte-americanas

Simultaneamente, o grupo de investigação aplicou técnicas básicas de rastreio e buscas reversas na web para chegar a endereços IP e domínios que hospedavam ou direcionavam os internautas para o KAT. O saldo da operação foi uma série de logs de servidores baseados nos Estados Unidos e dados importantes relacionados à URL específica kickasstorrents.biz, que apontava Artem Vaulin, de Kharkiv, Ucrânia, como o responsável por seu registro. Mesmo com essas informações, faltavam mais algumas peças para resolver de vez o quebra-cabeça.

Assim, Der-Yeghiayan aprofundou sua pesquisa e conseguiu relacionar o email obtido com o WHOIS a outro endereço eletrônico usado por Vaulin em sua conta Apple e para, supostamente, operar o KAT – e receber doações em Bitcoin para o portal. Com a colaboração da Maçã, o agente conseguiu conferir o histórico do rapaz no iTunes – a compra totalmente legalizada de uma música – e perceber que o IP da transação era igual ao do usuário que efetuou login na fanpage do Facebook no mesmo dia. Bingo!

Adeus, KAT

Com todos os dados em mãos, a Segurança Nacional norte-americana solicitou a derrubada dos sete domínios que davam acesso ao KickassTorrents – entrando em contato com autoridades de países como Costa Rica, Tonga e Filipinas – e deu entrada no processo de prisão do suspeito. Por enquanto, algumas pessoas conseguem se conectar ao site por meio de proxies ou outras ferramentas, mas a expectativa é de que, muito em breve, todo o material ilegal fique completamente indisponível. E aí, qual será o próximo TPB ou KAT, hein?

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