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Polícia Civil investigará rede social por apologia à violência contra menores

A Polícia Civil solicitou que uma plataforma removesse um servidor com violência digital, mas a rede social não acatou

Avatar do(a) autor(a): Felipe Vitor Vidal Neri

schedule07/04/2025, às 16:21

updateAtualizado em 07/04/2025, às 16:54

Polícia Civil investigará rede social por apologia à violência contra menores

A Polícia Civil de São Paulo instaurou um inquérito para investigar uma rede social que desobedeceu uma ordem emergencial das autoridades. Na ocasião, a polícia monitorava um servidor da plataforma que transmitia conteúdo ao vivo relacionado à violência digital, incluindo atos de estupro digital.

Os policiais flagraram o episódio durante uma investigação contra um grupo que pratica violência digital na internet. Esse monitoramento envolveu agentes do Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad), que estavam apurando informações sobre os crimes, praticados em uma plataforma com centenas de usuários.

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“Nesse caso específico, os investigadores flagraram muita violência sendo transmitida ao vivo, por isso determinamos à plataforma o fim da transmissão e, mesmo assim, não fomos atendidos”, explica a delegada do Noad, Lisandréa Salvariego.

Policia instaura inquérito para investigar rede social
Divisões da polícia aumentaram as investigações online para impedir a expansão de crimes virtuais contra menores (Imagem: Polícia Civil de SP)

Devido ao fato do servidor em questão estar transmitindo cenas de violência explícita contra crianças e adolescentes, a polícia solicitou, em caráter emergencial, a remoção daquele servidor aos representantes da rede social. Contudo, a solicitação não foi atendida, e a plataforma afirma que o pedido não era emergencial.

Plataforma não obedeceu a solicitação policial

Lisandréa ainda aponta que pediu para que os responsáveis pela plataforma derrubassem o servidor, já que a ação acabaria “com o crime imediatamente”. Apesar das autoridades não terem divulgado o nome da rede social, supostamente a plataforma é o Discord, por conta da dinâmica de servidores e livestreams, mas isso não foi oficialmente confirmado.

Essas autoridades criaram um relatório detalhado, com provas sobre os crimes, e enviou o documento ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Os fatos foram analisados e o departamento instaurou um inquérito em 28 de março para aprofundar as investigações.

A plataforma em questão foi intimida pelo órgão, e as autoridades irão colher depoimentos dos representantes legais que atuam no Brasil. A delegada do caso aponta sobre a necessidade de colaboração entre os setores, e diz que a polícia não teve apoio, mas caso isso ocorresse, poderiam ter impedido a incitação ao crime.

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Aplicativos como o Discord permitem múltiplos usuários em servidores sem moderação ou supervisão (Imagem: GettyImages)

“É necessária uma união de todos os setores envolvidos para que a gente consiga combater esse tipo de crime, especialmente esse que a maioria das vítimas e dos espectadores é menor de idade”, explica a responsável pelo caso.

No servidor, os líderes fazem as transmissões ao vivo para ter reconhecimento na comunidade, submetendo diversos usuários a estupros virtuais e até mesmo à automutilação. Além dos menores de idade, as autoridades também encontraram maiores infiltrados nos canais.

Como são os casos de violência digital em redes sociais?

Casos envolvendo violência digital em plataformas, como o Discord, não são novidade no cenário brasileiro. Há alguns meses, Pedro Ricardo Conceição da Rocha, conhecido como “King”, foi condenado a 24 anos de prisão pela Justiça do Rio de Janeiro.

O criminoso de 19 anos foi condenado por associação criminosa, estupro qualificado e coletivo, estupro de vulnerável e corrupção de menores. “King” também usava o Discord para cometer seus crimes, e chegou a zombar das autoridades quando foi preso pelos policiais.

Em diversos fóruns e servidores da rede social, líderes como Pedro obrigam outros adolescentes e crianças a cometer crimes, ou se mutilar. Em diversas ocasiões, os criminosos possuem escravas sexuais, sempre menores de idade, aos quais eram chantageadas com imagens e vídeos vazados.

Para saber mais sobre o desdobramento desse caso, vale a pena ficar ligado no site do TecMundo. Inclusive, o TecMundo tem um documentário próprio que conta sobre abuso infantil na internet.