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Metaverso: VRChat permite crianças em clubes de striptease virtual

Jornalista da BBC News que entrou no app de realidade virtual como se fosse uma adolescente de 13 anos testemunhou aliciamento, racismo e ameaças

Avatar do(a) autor(a): Jorge Marin

24/02/2022, às 11:30

Metaverso: VRChat permite crianças em clubes de striptease virtual

Fonte:  Shutterstock 

Imagem de Metaverso: VRChat permite crianças em clubes de striptease virtual no tecmundo

A pesquisadora Jess Sherwood, da BBC News, se fez passar por uma adolescente de 13 anos e, usando o headset Meta Quest, ingressou no metaverso do VRChat, a plataforma virtual disponível a todos os usuários desde que possuam uma conta ativa no Facebook por meio do headset. Ela diz que abriu uma conta fake, sem qualquer problema, e passou a explorar o universo, uma experiência imersiva que "mais parecia um playground para adultos do que para crianças".

Segundo a jornalista, o ambiente virtual trazia diversos quartos, muitos abertamente sexualizados em neon rosa, lembrando "o distrito da luz vermelha em Amsterdã ou nas partes mais decadentes do Soho de Londres à noite". Ao explorar o ambiente, descobriu cenários do cotidiano, como restaurantes McDonald's, mas também salas com pole dance e clubes de striptease, nos quais crianças se misturavam com adultos livremente.

A experiência da imersão foi surpreendente, explica Sherwood, mas "quando homens adultos me perguntavam por que eu não estava na escola e me encorajavam a praticar atos sexuais em realidade virtual, parecia bastante perturbador". Com seu avatar adolescente, ela afirma ter testemunhado aliciamento, material sexual, insultos racistas e até uma ameaça de estupro a uma "menina de sete anos".

O que dizem os donos dos metaversos?

Fonte: Shutterstock/Reprodução.Fonte: Shutterstock/Reprodução.

Procurado pela emissora londrina, o VRChat deu apenas declarações genéricas, do tipo estar "trabalhando duro para se tornar um lugar seguro e acolhedor para todos". O porta-voz da empresa também garantiu que "comportamento predatório e tóxico não tem lugar na plataforma".

Já o gerente de produto da Meta para integridade de VR, Bill Stillwell, preferiu emitir um comunicado: "Queremos que todos que usam nossos produtos tenham uma boa experiência e encontrem facilmente as ferramentas que podem ajudar em situações como essas, para que possamos investigar e agir". Ou seja, não há indicação de que a situação mude, mas haverá "ferramentas que permitem que os jogadores denunciem e bloqueiem usuários".



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Jorge Marin

Especialista em Redator

Redator do Mega Curioso e do TecMundo, Jorge Marin escreve sobre Ciências e Tecnologia desde 2019, conectando conhecimento acadêmico com experiências humanas do dia a dia. É psicólogo, cinéfilo e botafoguense inveterado.