Mais uma baixa no Uber: braço direito do CEO é demitido

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Imagem: @Kmeron / LeWeb12 Conference / Flickr

O conselho do Uber se reuniu no último domingo (11) para discutir o futuro da empresa. Diante do turbilhão de notícias negativas que vêm assombrando a companhia e seus principais executivos – incluído o fundador e CEO Travis Kalanick –, o board decidiu por acatar diversas mudanças para mudar a cultura, o ambiente e a imagem do negócio.

Uma das decisões foi a demissão do braço-direito de Kalanick, o diretor Emil Michael. Ele era uma das pessoas mais poderosas dentro da empresa - era um dos poucos confidentes do CEO -, e tinha o cargo de vice-presidente sênior de negócios. Michael será substituído por David Richter, VP do Uber para iniciativas estratégicas, de acordo com um e-mail obtido pelo NY Times, escrito por Michael.

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"David é um líder extremamente talentoso e eu tenho confiança em sua habilidade de levar a companhia longe," disse ele na mensagem.

A demissão de Michael não é tão surpreendente, principalmente porque o executivo se tornou rosto de diversos escândalos da companhia. Anos antes de a primeira declaração de assédio sexual no Uber vir à tona (no site da engenheira Susan Fowler Rigetti), Michael sugeriu, durante um jantar, que as jornalistas mulheres que escrevem sobre a companhia deveriam ser stalkeadas. Segundo o editor-chefe do site Buzzfeed, que estava presente na ocasião, a intenção do executivo era descobrir coisas ruins sobre as profissionais.

Na época, quando a história vazou, Michael se desculpou e Kalanick afirmou que algo assim nunca aconteceria novamente. Mas não demorou a acontecer.

Quando a engenheira Susan Fowler Rigetti escreveu um texto falando sobre a cultura machista do Uber, mais acusaçõesforam feitas a respeito de Michael . Durante uma viagem pela companhia, o executivo e outros funcionários da empresa foram a um bar de karaokê, em Seoul, onde contrataram acompanhantes. Ele também foi um dos executivos que analisou registros médicos de uma passageira que teria sido estuprada por um motorista - uma polêmica que terminou com a demissão do presidente do Uber para a Ásia.

O curioso é que o executivo parece ignorar todas as alegações feitas contra ele. "No meu primeiro dia no Uber, eu me comprometi a construer um time de negócios diverso que seria reconhecido como o melhor na tecnologia no mundo: um que aceita pessoas de todos os gêneros, orientações sexuais, nacionalidades e formações," Michael escreveu, em seu e-mail de despedida.

Mais decisões por vir

Outro tema discutido pelos diretores teria sido o afastamento de Kalanick da presidência. Segundo fontes ouvidas pelo The New York Times, o CEO ficaria longe da empresa por cerca de três meses. Outra fonte, citada pela agência Reuters, afirmou que os diretores consideram o seu retorno após o período num cargo com menos autoridade. Ele teria menos responsabilidades e estaria sujeito à supervisão.

As mudanças devem ser anunciadas aos funcionários da Uber   na terça-feira.

O próprio Kalanick havia levantado a possibilidade de se afastar, depois que um acidente de barco matou sua mãe e deixou seu pai no hospital no mês passado. O empreendedor, que se dedica ao negócio desde 2009, afirmou a pessoas próximas que talvez precisasse de um tempo.

Boas práticas para o Uber

O que guiou a reunião do conselho foi um relatório feito pelo ex procurador-geral dos Estados Unidos, Erick Holder. Ele fora contratado pela empresa para fazer uma análise dos problemas na cultura corporativa do Uber e apontar possíveis soluções. Na reunião de domingo, o conselho votou unanimemente por acatar todas as sugestões feitas por Holder. As mudanças devem ser anunciadas aos funcionários na terça-feira (13).

Estrada incerta

A reunião de diretores ocorre num momento crítico para a empresa.

A Uber passou de uma startup a um negócio avaliado em US$ 69 bilhões, com operações em mais de 570 cidades pelo mundo. Trajetória de sucesso, certo? Pois é. Não fosse por uma imensidão de polêmicas envolvendo a remuneração de motoristas, as perdas reportadas a cada trimestre pela empresa e as notícias sobre a cultura de abuso e assédio denunciada por ex-funcionárias da empresa.

A ideia é que as mudanças determinadas neste domingo consigam mudar a imagem e restaurar a credibilidade na companhia.  É esperar para ver. 

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