The Flash se salva pelo fan-service, mas não é tudo isso (crítica)

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Imagem: Warner/divulgação

Entre idas e vindas, o filme do Flash ficou engavetado por anos, e o clima de incerteza sobre esse lançamento continuou mesmo após o término das filmagens. As polêmicas crescentes em torno do ator Ezra Miller e a indefinição sobre como ficaria o novo DCU após James Gunn assumir o comando da divisão corroboraram com uma campanha de marketing massiva da Warner para dar a volta por cima.

O Minha Série foi convidado a assistir The Flash de forma antecipada, e embora o saldo final até que seja positivo, o longa do Velocista Escarlate passa longe de ser "um dos melhores filmes de heróis já feitos", como dizem por aí.

Uma história complicada

The Flash adapta de forma parcial um das, senão a melhor história em quadrinhos do personagem: Flashpoint, ou Ponto de Ignição. Na história original, Barry Allen resolve voltar ao passado ao usar a Força de Aceleração para impedir que sua mãe fosse morta pelo Flash Reverso, porém, ao retornar para o presente o personagem cria uma ramificação de realidade alternativa e o mundo está prestes a ser exterminado graças a uma guerra entre os Atlantis e as Amazonas.

O filme segue esses elementos até certo ponto. O longa-metragem mostra Barry voltando ao passado para alterar algumas condições que fizeram sua mãe ser morta enquanto ele era uma criança, porém, acaba preso nessa realidade onde a Liga da Justiça e meta-humanos não existem, e o General Zod está prestes a terraformar o planeta Terra.

Nessa salada de frutas, a adaptação traz o Batman icônico de Michael Keaton para ser o Cavaleiro das Trevas daquela realidade. O Superman nunca caiu no planeta, mas sim sua prima, Kara. E como se já não bastasse, Barry Allen precisa interagir com outro Barry Allen, que na verdade é o seu eu daquele universo. Confuso, sim.

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E aqui está o grande problema de The Flash. Ao trazer Flashpoint para as telonas, a Warner deu um passo maior do que a própria perna, principalmente pelo fato do seu DCU ser uma completa bagunça. Tirando o fã das animações da Liga da Justiça, ou os ávidos leitores de HQs, poucas pessoas realmente sem importam com o Flash para criar vínculos neste filme.

Tanto a HQ quanto a animação conseguem transmitir sentimentos daquele personagem para o público, mas eu simplesmente não posso me emocionar com um protagonista o qual não teve um arco de desenvolvimento bem feito. Há quem possa argumentar que esse tal vínculo com o público poderia vir da saudosa série do Flash pela CW, mas são atores e mundos completamente diferentes. Como espectador eu não liguei para a história de Barry, e como jornalista analisando uma obra, muito menos.

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Adaptação errada, no tempo errado

Flashpoint não funciona bem porque todo o universo da DC não foi estabelecido. Se esse fosse o terceiro filme de uma trilogia, bem como Capitão América: Guerra Civil fez - mesmo que de forma duvidosa - faria muito mais sentido criar essa história. No fim das contas, The Flash é uma justificativa superficial para criar fan-service.

E claro, isso passa pelo roteiro de Christina Hodson e Joby Harold. A escritora esteve a cargo de Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa, enquanto Harold trabalhou recentemente em Transformers: O Despertar das Feras. Embora eu consiga enxergar que o problema não são os roteiristas, mas sim a adaptação dessa HQ, o argumento de The Flash é fraco.

O convencimento de Barry Allen para que o Batman de Keaton se junte ao grupo é tão batido que me senti assistindo a um filme de herói de 15 anos atrás. Algumas frases de efeito, e pronto, personagem convencido no poder da amizade.

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O próprio tratamento ao Barry incomoda no primeiro ato. De fato, o personagem é um cara atrapalhado, brincalhão e bem bobão em diversas representações. Mas a forma inicial de como o roteiro trata esse protagonista chega a dar vergonha alheia. Felizmente isso muda, e quando o Barry da realidade normal se junta ao Barry da realidade alternativa é constrangedor. Sendo justo, o Barry 2, de cabelos compridos, é propositalmente irritante e isso acaba sendo explicado depois.

Muschietti é a resposta

As atuações, por outro lado, estão em um bom nível. Ezra Miller se mantém bem como Barry, e pelo desenvolver dos acontecimentos é provável que o ator continue com o papel no DCU de Gunn. Michael Keaton retorna em puro fan-service, e está bem dentro do esperado. Meu destaque vai para a Supergirl de Sasha Calle, que embora não receba um aprofundamento, se mostrou uma escolha acertada.

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Mas sem sombra de dúvidas o grande destaque de The Flash é a direção de Andy Muschietti. Responsável por It: A Coisa, o cineasta é um dos protegidos do aclamado Guillermo Del Toro. Em Flash, Muschietti consegue se desvencilhar das amarras de um roteiro fraco para dar sentindo a esse filme em um bom trabalho de direção.

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A filmagem é bem feita, com muito uso de CGI certamente, mas o diretor é capaz de extrair cenas de luta divertidíssimas e sequências muito satisfatórias ao usar o estilo de corrida do velocista criado pro Zack Synder para Liga da Justiça. O ponto alto de The Flash é ação - junto com mais fan-service.

No entanto, é preciso dizer: a Warner entregou o filme de bandeja nos trailers. Assistir a essa produção, com exceção de dois momentos específicos, é basicamente assistir aos trailers. As principais cenas já foram mostradas no material de marketing, e tudo se torna previsível demais. Isso está diretamente ligado ao medo da companhia de que Flash se tornasse um fracasso comercial, e assim, resolveu destacar tudo na divulgação.

A questão do CGI inacabado era uma grande incógnita para todos. E sim, os efeitos especiais deixam a desejar em alguns momentos, principalmente no terceiro ato. Mas isso não foi um impeditivo na experiência final, e nem considero como uma falha grave. Alguns efeitos não são tão convincentes, mas não é um desastre total.

Vale a pena assistir?

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The Flash é um filme divertido e que tinha muito potencial, caso fosse lançado no tempo certo e na realidade alternativa em que o universo da DC nos cinemas é realmente bem feito e coerente. No fim, este é um longa que vale a pena ser visto em uma sala de cinema por conta das referências, mas é bem aquém do que deveria.

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