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The Flash se salva pelo fan-service, mas não é tudo isso (crítica)

Aguardado longa do Velocista Escarlate se apoia em referências robustas para manter o fôlego. Confira se vale a pena assistir!

Avatar do(a) autor(a): Felipe Vitor Vidal Neri

schedule13/06/2023, às 14:00

The Flash se salva pelo fan-service, mas não é tudo isso (crítica)Fonte:

Imagem de The Flash se salva pelo fan-service, mas não é tudo isso (crítica) no tecmundo

Entre idas e vindas, o filme do Flash ficou engavetado por anos, e o clima de incerteza sobre esse lançamento continuou mesmo após o término das filmagens. As polêmicas crescentes em torno do ator Ezra Miller e a indefinição sobre como ficaria o novo DCU após James Gunn assumir o comando da divisão corroboraram com uma campanha de marketing massiva da Warner para dar a volta por cima.

O Minha Série foi convidado a assistir The Flash de forma antecipada, e embora o saldo final até que seja positivo, o longa do Velocista Escarlate passa longe de ser "um dos melhores filmes de heróis já feitos", como dizem por aí.

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Uma história complicada

The Flash adapta de forma parcial um das, senão a melhor história em quadrinhos do personagem: Flashpoint, ou Ponto de Ignição. Na história original, Barry Allen resolve voltar ao passado ao usar a Força de Aceleração para impedir que sua mãe fosse morta pelo Flash Reverso, porém, ao retornar para o presente o personagem cria uma ramificação de realidade alternativa e o mundo está prestes a ser exterminado graças a uma guerra entre os Atlantis e as Amazonas.

O filme segue esses elementos até certo ponto. O longa-metragem mostra Barry voltando ao passado para alterar algumas condições que fizeram sua mãe ser morta enquanto ele era uma criança, porém, acaba preso nessa realidade onde a Liga da Justiça e meta-humanos não existem, e o General Zod está prestes a terraformar o planeta Terra.

Nessa salada de frutas, a adaptação traz o Batman icônico de Michael Keaton para ser o Cavaleiro das Trevas daquela realidade. O Superman nunca caiu no planeta, mas sim sua prima, Kara. E como se já não bastasse, Barry Allen precisa interagir com outro Barry Allen, que na verdade é o seu eu daquele universo. Confuso, sim.

f  Warner/divulgação 

E aqui está o grande problema de The Flash. Ao trazer Flashpoint para as telonas, a Warner deu um passo maior do que a própria perna, principalmente pelo fato do seu DCU ser uma completa bagunça. Tirando o fã das animações da Liga da Justiça, ou os ávidos leitores de HQs, poucas pessoas realmente sem importam com o Flash para criar vínculos neste filme.

Tanto a HQ quanto a animação conseguem transmitir sentimentos daquele personagem para o público, mas eu simplesmente não posso me emocionar com um protagonista o qual não teve um arco de desenvolvimento bem feito. Há quem possa argumentar que esse tal vínculo com o público poderia vir da saudosa série do Flash pela CW, mas são atores e mundos completamente diferentes. Como espectador eu não liguei para a história de Barry, e como jornalista analisando uma obra, muito menos.

f  Warner/divulgação 

Adaptação errada, no tempo errado

Flashpoint não funciona bem porque todo o universo da DC não foi estabelecido. Se esse fosse o terceiro filme de uma trilogia, bem como Capitão América: Guerra Civil fez - mesmo que de forma duvidosa - faria muito mais sentido criar essa história. No fim das contas, The Flash é uma justificativa superficial para criar fan-service.

E claro, isso passa pelo roteiro de Christina Hodson e Joby Harold. A escritora esteve a cargo de Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa, enquanto Harold trabalhou recentemente em Transformers: O Despertar das Feras. Embora eu consiga enxergar que o problema não são os roteiristas, mas sim a adaptação dessa HQ, o argumento de The Flash é fraco.

O convencimento de Barry Allen para que o Batman de Keaton se junte ao grupo é tão batido que me senti assistindo a um filme de herói de 15 anos atrás. Algumas frases de efeito, e pronto, personagem convencido no poder da amizade. 

g  Warner/divulgação 

O próprio tratamento ao Barry incomoda no primeiro ato. De fato, o personagem é um cara atrapalhado, brincalhão e bem bobão em diversas representações. Mas a forma inicial de como o roteiro trata esse protagonista chega a dar vergonha alheia. Felizmente isso muda, e quando o Barry da realidade normal se junta ao Barry da realidade alternativa é constrangedor. Sendo justo, o Barry 2, de cabelos compridos, é propositalmente irritante e isso acaba sendo explicado depois.

Muschietti é a resposta

As atuações, por outro lado, estão em um bom nível. Ezra Miller se mantém bem como Barry, e pelo desenvolver dos acontecimentos é provável que o ator continue com o papel no DCU de Gunn. Michael Keaton retorna em puro fan-service, e está bem dentro do esperado. Meu destaque vai para a Supergirl de Sasha Calle, que embora não receba um aprofundamento, se mostrou uma escolha acertada.

g  Warner/divulgação 

Mas sem sombra de dúvidas o grande destaque de The Flash é a direção de Andy Muschietti. Responsável por It: A Coisa, o cineasta é um dos protegidos do aclamado Guillermo Del Toro. Em Flash, Muschietti consegue se desvencilhar das amarras de um roteiro fraco para dar sentindo a esse filme em um bom trabalho de direção.

f  Warner/divulgação 

A filmagem é bem feita, com muito uso de CGI certamente, mas o diretor é capaz de extrair cenas de luta divertidíssimas e sequências muito satisfatórias ao usar o estilo de corrida do velocista criado pro Zack Synder para Liga da Justiça. O ponto alto de The Flash é ação - junto com mais fan-service.

No entanto, é preciso dizer: a Warner entregou o filme de bandeja nos trailers. Assistir a essa produção, com exceção de dois momentos específicos, é basicamente assistir aos trailers. As principais cenas já foram mostradas no material de marketing, e tudo se torna previsível demais. Isso está diretamente ligado ao medo da companhia de que Flash se tornasse um fracasso comercial, e assim, resolveu destacar tudo na divulgação.

A questão do CGI inacabado era uma grande incógnita para todos. E sim, os efeitos especiais deixam a desejar em alguns momentos, principalmente no terceiro ato. Mas isso não foi um impeditivo na experiência final, e nem considero como uma falha grave. Alguns efeitos não são tão convincentes, mas não é um desastre total.

Vale a pena assistir?

f  Warner/divulgação 

The Flash é um filme divertido e que tinha muito potencial, caso fosse lançado no tempo certo e na realidade alternativa em que o universo da DC nos cinemas é realmente bem feito e coerente. No fim, este é um longa que vale a pena ser visto em uma sala de cinema por conta das referências, mas é bem aquém do que deveria. 

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