Conheça a IA que muda o rosto dos atores para melhorar dublagem

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Imagem: Paris Filmes/reprodução

Inteligência Artificial é um dos tópicos mais comentados no mundo da tecnologia nos últimos anos, e esse tipo de recurso vem chegando com cada vez mais força nos bastidores de Hollywood para alterar alguns aspectos na produção de grandes obras cinematográficas.

Nos últimos dias, um vídeo viralizou na internet após mostrar um processo feito por IA, que consegue escanear e alterar o movimento do rosto de uma atriz em um filme para que a dublagem fique mais próxima da realidade. Em outras palavras, surge uma nova tecnologia que consegue modificar o movimento facial de um personagem para parecer que a atuação e as vozes inseridas são originais.

Como funciona o TrueSync?

Filmes dublados geralmente apresentam alguns problemas em comum. Por haver uma diferença de como o ser humano pronuncia palavras e letras em idiomas diferentes, o movimento da boca quase nunca se encaixa com a versão traduzida de uma fala. Isso faz com que os estúdios de dublagem adaptem as traduções para sincronizar melhor com a expressão facial dos atores originais, e não causar uma sensação de estranheza por parte do público.

Porém, essa adaptação acaba por criar novos problemas. Quando o material é adaptado, há uma possibilidade das falas serem substituídas por um conteúdo que difere do original, ou seja, fazendo com que aquela dublagem se afaste da mensagem que o roteiro do filme/série quer passar ao expectador.

Pensando nisso, o diretor Scott Mann, responsável pelos filmes O Sequestro do Trem 657 e Vingança entre Assassinos, abriu um estúdio para chamar de seu, a Flawless AI, e desenvolveu um aplicativo chamado TrueSync, que como já foi explicado anteriormente, consegue analisar a atuação de um profissional, e através de Inteligência Artificial, é capaz de substituir o movimento dos lábios para que se encaixe com a dublagem de qualquer idioma.

A Queda

Na verdade, a primeira grande aplicação do TrueSync foi feita em seu mais recente filme, A Queda (Fall). O longa acompanha duas alpinistas que, para superar seus traumas, decidem escalar uma antiga torre de TV. Porém, a situação se torna uma prova de vida quando as duas mulheres percebem que estão presas no topo da torre sem comunicação e recursos, e precisam encontrar uma maneira de descer.

O diretor Scott Mann poderia ter usado uma grande tela verde para criar os efeitos especiais, porém, decidiu construir a torre para que as filmagens fossem mais realistas. Claro, a torre do filme é muito mais alta do que a utilizada nas gravações, já que foi pensada para ter 600 metros, enquanto a do set de filmagens tinha apenas 30 metros. Durante as gravações, a atriz Virginia Gardner, que dá vida a uma das alpinistas, usou palavrões em diversos momentos durante a atuação, principalmente por conta da adrenalina de gravar algo desse tipo.

O grande problema é que A Queda foi pensado como um filme de baixa classificação indicativa, ou seja, até mesmo crianças e adolescentes poderiam assistir ao filme sem restrições. Com os xingamentos, o estúdio não poderia sequer lançar o longa nos cinemas, e a única saída era refilmar essas cenas, ou, pedir o auxílio da tecnologia.

Mann escolheu a segunda opção e implementou o TrueSync nas falas de Virginia Gardner, substituindo os xingamentos por palavras mais modestas. Embora possa parecer simples trocar apenas algumas palavras por outras, a tecnologia conseguiu alinhar o movimento facial de Gardner como se a atriz tivesse realmente regravado as cenas, além de alterar a voz para que soasse de forma mais natural.

Dilemas éticos

O TrueSync não é a primeira tecnologia que consegue alterar o que uma pessoa fala e como essa pessoa fala. Os chamados deepfakes já estão presentes na internet há algum tempo: a técnica pode substituir rostos e vozes de praticamente qualquer pessoa. Essa tecnologia pode ser divertida, mostrando como o ator Henry Cavill seria caso interpretasse o Wolwerine, mas também danosa, como um ocorrido em que o presidente da Ucrânia teria se rendido para soldados russos.

No caso de A Queda, o TrueSync foi usado de forma oficial pelo diretor e estúdio, com autorização de todas as partes envolvidas. Já os deepfakes não respeitam barreiras e permissões, acirrando um debate ético sobre o treinamento de Inteligências Artificiais que podem desempenhar papéis danosos dentro da sociedade.

Fim da dublagem?

Com o viral na internet, alguns usuários aproveitaram a oportunidade para se manifestar na rede social. Pedro Alcântara, dublador e diretor de dublagem (Ghost of Tsushima, Dungeons and Dragons: Honra entre Rebeldes) afirma que esse pode ser o "início do fim da dublagem" ao colocar a profissão em xeque, pelo menos da forma que conhecemos hoje.

Mas e você, o que acha do TrueSync e toda a questão de escanear os atores para deixar a produção dos filmes mais realistas?

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