Xiaomi pode ser prejudicada diretamente em proibição dos EUA contra a China
Banimento de uso de softwares usados na criação de circuitos integrados força marcas chinesas a usarem versões desatualizadas ou rivais menos capazes para manter processadores próprios

03/06/2025, às 14:15
A gigante chinesa Xiaomi apresentou recentemente o seu novo processador de fabricação própria, o XRING 01. Só que essa empreitada recente da companhia pode sofrer um baque inesperado graças às recentes disputas comerciais entre Estados Unidos e China.
De acordo com o Financial Times, a companhia será uma das mais prejudicadas por uma nova sanção aplicada pelos EUA: a proibição de que empresas norte-americanas licenciem softwares do tipo EDA (sigla para Electronic Design Automation, ou projeto de circuitos integrados na tradução para o português) para empresas do país asiático.
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O que são softwares EDA?
Programas do tipo EDA são ferramentas digitais utilizadas em várias etapas da produção de chips. Eles são utilizados para elaboração de projeto, concepção e definição técnica de placas de circuito impresso e outros componentes de um processador.
O uso desse tipo de plataforma acelera e torna mais preciso o método de design de um chip. Ele faz isso normalmente a partir de simulações virtuais, utilizando também tecnologias de inteligência artificial (IA) para ampliar a quantidade de cenários e possibilidades nos testes.
Dessa forma, um software EDA pode "montar" chips nas mais diferentes configurações e prever se o componente apresenta defeitos ou incompatibilidades, por exemplo. Isso acelera o desenvolvimento da peça, além de reduzir as chances de defeitos graves.
O prejuízo para Xiaomi e outras empresas
Empresas como a Xiaomi criam os próprios chips com a ajuda de softwares EDA e, posteriormente, encomendam a fabricação desses componentes de empresas donas de linhas de produção, como a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC).
Com a proibição, companhias chinesas — que incluem também a Lenovo, entre outros exemplos — não poderão mais adotar serviços de marcas como Synopsys e Cadence. O uso dessas plataformas pode não ser banido para quem já é cliente, mas essas empresas provavelmente não poderão atualizar ou solicitar suporte técnico.

Dessa forma, alguns chips podem ficar "parados no tempo", já que não será possível evoluir as atuais gerações tão rapidamente, atrasando planos de expandir o uso do XRING 01 em cada vez mais dispositivos.
Uma das alternativas possíveis é utilizar os serviços de empresas chinesas de softwares de EDA, como a Empyrean Technology — ainda restrita a chips de arquitetura de 7 nm. A Huawei, há anos vítima de sanções dos EUA, também possui uma divisão própria desses programas.
O Financial Times relata ainda que algumas startups já recorrem até a versões desbloqueadas de softwares agora banidos. O bloqueio deve ser detalhado em breve e ainda não tem data para entrar em vigor.
O “tarifaço” de Trump foi recentemente suspenso pelo Judiciário dos EUA, mas o cenário ainda é incerto. Quer se manter informado sobre esse e outros temas? Continue ligado no site do TecMundo para mais notícias da indústria!
Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.