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Dona do spyware Pegasus é condenada a pagar US$ 168 milhões à Meta por espionagem no WhatsApp

Mais de 1.200 usuários do WhatsApp tiveram o celular infectado pelo Pegasus em 2019, segundo a Meta.

Avatar do(a) autor(a): André Luiz Dias Gonçalves

07/05/2025, às 15:30

Atualizado em 24/06/2025, às 17:36

A justiça dos Estados Unidos condenou o NSO Group a pagar indenização de quase US$ 168 milhões à Meta, o equivalente a R$ 961 milhões pela cotação do dia, por usar o WhatsApp para distribuir o spyware Pegasus. A decisão anunciada na terça-feira (6) se refere ao caso ocorrido em 2019.

De acordo com o juiz federal do Distrito Norte da Califórnia, a empresa israelense violou leis ao enviar arquivos maliciosos por meio de servidores baseados nos EUA para infectar usuários do app. A desenvolvedora também foi condenada por infringir políticas do mensageiro e não fornecer informações enquanto o processo se desenrolava.

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O Pegasus infectou mais de 1 mil usuários do mensageiro, na época. (Imagem: Getty Images)

O magistrado determinou, ainda, que o NSO deve à Meta um total de US$ 444.719 em danos compensatórios, mais de R$ 2,5 milhões. Este valor é referente aos esforços significativos dos engenheiros do WhatsApp para bloquear os vetores explorados nos ataques com o Pegasus.

O que aconteceu?

Segundo o processo aberto em 2019 pela big tech, foi identificada uma violação de segurança no serviço de mensagens, à época, que aproveitou um bug para instalar o Pegasus em celulares de alvos específicos.

  • O spyware teria sido instalado em telefones de mais de 1.200 pessoas, de 51 países;
  • Jornalistas, advogados, ativistas dos direitos humanos e políticos eram algumas das vítimas;
  • A maioria dos alvos é do México, com 456 indivíduos espionados, mas também há muitas vítimas na Índia, Bahrein, Marrocos e Paquistão;
  • Os ataques feitos pelo NSO Group aconteceram entre os meses de abril e maio de 2019;
  • A desenvolvedora do programa espião teria faturado pelo menos US$ 61 milhões (R$ 349 milhões) com o fornecimento do spyware;
  • Agências e órgãos governamentais eram os principais contratantes do serviço.
  • Saiba mais: WhatsApp vence processo contra empresa israelense dona do malware Pegasus

Instalando-se silenciosamente no smartphone do alvo, após chegar por meio mensagem ou link malicioso, o Pegasus permite monitorar o dispositivo em tempo real. O invasor pode acessar a localização do aparelho, ouvir ligações, acessar mensagens, ativar câmeras e microfones, entre outras ações.

Segundo a desenvolvedora, que também já foi processada pela Apple, o software desempenha um papel importante na prevenção de crimes graves e terrorismo, auxiliando o trabalho de agências de inteligência. Porém, as investigações apontaram que ele mirava civis.

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O spyware aproveitou uma falha no WhatsApp para se instalar nos celulares. (Imagem: Getty Images)

O que a Meta comentou sobre a vitória na justiça?

Em comunicado, a gigante da tecnologia celebrou a vitória judicial, afirmando que a decisão do tribunal federal dos EUA representa um ato importante para barrar a indústria de softwares maliciosos. A companhia também comentou que continuará atenta contra outras ferramentas semelhantes.

“A decisão do júri de forçar a NSO, uma notória distribuidora estrangeira de spyware, a pagar indenização por danos é um impedimento crucial para que essa indústria maliciosa se oponha a seus atos ilegais contra empresas americanas e à privacidade e segurança das pessoas a quem servimos”, declarou o conglomerado liderado por Mark Zuckerberg.

No texto, a big tech ainda ressaltou que o WhatsApp não é o único alvo do Pegasus e que a desenvolvedora possui outros métodos de ataque para explorar brechas e instalar o spyware mesmo sem o consentimento do usuário. Ela alertou que o arquivo malicioso continua capaz de comprometer dispositivos Android e iOS.

A Meta também informou que, em um próximo passo, tentará obter uma ordem judicial para impedir novos ataques do NSO Group ao app de mensagens. Quanto à indenização, a empresa vai doar o valor para organizações de direitos digitais.

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Jornalista formado pela PUC Minas, escreve para o TecMundo e o Mega Curioso desde 2019.