Onde estão os executivos pretos do mundo tech?

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Equipe TecMundo

Por André Menezes

A nossa sociedade está se transformando de maneira muito rápida, em diversos âmbitos, e muitos desses processos foram impulsionados pela tecnologia.  Apesar da alta demanda neste setor, há um gap racial, principalmente nos cargos de gerência. Além disso, a maioria dos postos de trabalho ainda são ocupados por pessoas brancas.

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A notícia boa é que, como esse é um mercado em constante ascensão, é possível que as empresas revertam esse quadro dando mais oportunidades para pessoas pretas. Em 2022, dados do Ministério do Trabalho e Previdência mostraram que pessoas negras com carteira de trabalho assinada caiu de 51% para 45%.

Outro impasse relacionado ao setor está ligado à formação de profissionais qualificados anualmente. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscon) estimam que as empresas de tecnologia demandem 797 mil talentos de 2021 a 2025. Contudo, com o número de formandos aquém da demanda, a projeção é de um déficit anual de 106 mil talentos – 530 mil em cinco anos.

Pode parecer clichê, e é preciso reforçar: ter mais diversidade no dia a dia é bom para os negócios. Uma pesquisa da Harvard Business Review revela que 45% das pessoas que trabalham em empresas que acolhem a diversidade disseram que a participação de mercado cresceu em relação ao ano anterior e 70% afirmam que a organização conquistou um novo mercado.

Vale lembrar que, no Brasil, 56,2% da população se autodeclara preta ou parda, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Porém, executivos negros são menos que 5% entre as 500 maiores empresas do país.

Mercado de trabalhoApesar da alta procura por profissionais nas áreas de tecnologia, ainda há um gap racial que limita profissionais negros de exercerem cargos de gerência nas empresas. Fonte: Getty Images

Soma-se a isso o fato do preconceito no dia a dia dentro das corporações também. A pesquisa Potências Negras TEC, realizada em outubro de 2022, aponta alguns obstáculos. O estudo ouviu 1.427 pessoas, 69% pretas e 21% pardas, das quais 83% afirmam já ter sofrido discriminação no ambiente corporativo por colegas de trabalho.

Além disso, há barreiras estruturais que limitam a mobilidade ascendente dos profissionais negros. Estereótipos arraigados, preconceitos inconscientes e discriminação racial persistem em muitas empresas de tecnologia, dificultando o acesso desses indivíduos a promoções e oportunidades de liderança.

A falta de diversidade na força de trabalho muitas vezes resulta em culturas corporativas que são homogêneas, o que pode excluir ou alienar talentos diversos.

Outro fator relevante é a falta de redes de apoio e mentoria para profissionais negros na indústria. As redes profissionais são fundamentais para o desenvolvimento de carreira, mas muitas vezes são dominadas por pessoas brancas. Isso cria uma falta de modelos e mentores para os profissionais negros, tornando mais difícil para eles avançarem em suas carreiras e alcançarem cargos executivos.

Não à toa, a pesquisa “Quem Coda o Brasil”, realizada pela PretaLab – uma iniciativa que estimula a diversidade no universo da tecnologia, desenvolvida em parceria com a consultoria global de software ThoughtWorks, aponta que 32,7% dos times de tecnologia não tem nenhuma pessoa negra. Em 68,5% das análises, os negros representam um percentual máximo de 10% na formação das equipes de trabalho.

Em um país estruturalmente racista, é preciso dar mais espaço para profissionais pretos, para que eles possam contribuir com o progresso de um país que está cada vez mais se destacando no mundo tecnológico e desenvolvendo projetos de ponta. É necessário um compromisso sério e duradouro de todas as partes interessadas envolvidas - empresas, instituições de ensino, governos e a sociedade. Somente por meio de um esforço coletivo e contínuo será possível promover uma mudança real e criar um setor de tecnologia mais inclusivo e equitativo. O tech também pode ser black, fica a dica.

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André Menezes é gerente de programas na Netflix. Com título de Master of Liberal Arts (ALM) in Extension Studies, field of Management (Mestre em Artes Liberais com foco em Administração) em Harvard uma das Universidades mais prestigiadas do mundo, desde pequeno sabia que seu esforço abriria portas para seu futuro. Criado no bairro dos Pimentas, zona periférica da cidade de Guarulhos, na grande São Paulo, seus passos ajudaram a tornar o profissional de sucesso que é hoje

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