Wi-Fi 6: vale a pena migrar para a nova geração da internet sem fio?

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Imagem: Gettyimages

O número de dispositivos conectados via Wi-Fi vem crescendo exponencialmente. Isso se deve, em especial, aos equipamentos da Internet das Coisas (IoT), que saltaram de 800 milhões de unidades em 2010 para 13,8 bilhões em 2021, segundo levantamento da empresa Statista, especializada em dados do mercado.

Esse número deve continuar crescendo, e o total de gadgets conectados à IoT deve chegar a 30,9 bilhões em 2025. Assim como as tendências tecnológicas anteriores, como os dispositivos móveis, essa mudança no ambiente operacional representa um impacto considerável na gestão da rede de sistemas conectados à internet.

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De acordo com dados da Associação Brasileira de Internet (Abranet), em 2023 cada pessoa no mundo terá uma média de 3,6 dispositivos e conexões, frente a 2,4 per capita registrados em 2018. Cada residência terá quase 10 equipamentos conectados. As aplicações de IoT representarão metade do total mundial de dispositivos e conexões.

Toda essa transformação coloca uma pressão extra nos roteadores, podendo prejudicar a velocidade e a qualidade das conexões. Para conseguir atender à demanda, o wireless vem sendo aprimorado constantemente desde a criação, em 1999, até atingir o último padrão Wi-Fi, na sexta geração da tecnologia.

O que é Wi-Fi 6?

(Fonte: Wi-Fi Alliance/Reprodução)

Wi-Fi 6, também conhecido como 802.11AX, é a versão mais recente do padrão que permite conexão sem fio à internet. A nova especificação, lançada em 2019, tem várias novas tecnologias que a tornam mais rápida e eficiente do que a geração anterior, o Wi-Fi 5 (802.11AC), que ainda domina o mercado de wireless.

Além de oferecer maior velocidade de conexão, o novo padrão dobra a banda Wi-Fi, de 80 MHz para 160 MHz. Isso permite melhor desempenho do wireless em áreas congestionadas com centenas e até milhares de dispositivos conectados, como espaços públicos, redes corporativas e até residências com muitos equipamentos de IoT.

A Wi-Fi Alliance, responsável pela tecnologia, já certificou mais de 400 dispositivos e roteadores Wi-Fi 6E. A International Data Corporation (IDC) prevê que, neste ano, a indústria produzirá cerca de 350 milhões de equipamentos com o padrão mais recente. A maioria dos modelos lançados depois do Samsung Galaxy S10 e do iPhone 11 já vêm com Wi-Fi 6.

Em 2020, os recursos e as capacidades do padrão foram estendidos para a banda de 6 GHz, no que foi conhecido como Wi-Fi 6E. A especificação pode utilizar até 14 canais adicionais de 80 MHz ou 7 canais adicionais super-wide de 160 MHz para aplicações como streaming de vídeo de alta definição e realidade virtual.

Quais são as tecnologias embutidas?

(Fonte: TP-Link/Reprodução)

O Wi-Fi 6 é o próximo passo para projetos de alta capacidade. O padrão otimiza o nível de desempenho de tal forma que deve mudar o modo como o mundo funciona. Tudo isso é garantido por um pacote de novas tecnologias que permitem maior eficiência nas redes wireless.

Acesso múltiplo por OFDMA

A multiplexação por divisão de frequências ortogonais (OFDMA) compartilha canais de forma eficaz para aumentar a capacidade da rede e diminuir a latência para o tráfego de uplink e downlink. A partir da atribuição de subcanais, o recurso permite a alocação de estações móveis dependendo das condições do canal e dos requisitos de serviço.

MU-MIMO

A tecnologia multiusuário, entrada múltipla, saída múltipla (MU-MIMO) foi criada para ajudar a aumentar o número de usuários simultâneos que um único ponto de acesso pode suportar. No Wi-Fi 5, a tecnologia é limitada a transmissões de downlink; já no Wi-Fi 6, o recurso inclui o uplink, permitindo que um ponto de acesso transmita e receba simultaneamente de vários transmissores.

TWT

O target wake time (TWT) reduz o consumo de energia e melhora a eficiência espectral, permitindo que os dispositivos determinem com que frequência ligar para enviar ou receber dados. Essa tecnologia permite que as implantações de 802.11ax forneçam consistentemente maior qualidade de serviço a muitos dispositivos diferentes com mínima contenção ou sobreposição.

1024-QAM

O 1024-QAM permite aumento de 25% na taxa de dados em pontos de acesso e dispositivos Wi-Fi 6. Variando tanto a fase quanto a amplitude das ondas de rádio, a tecnologia melhora a eficiência espectral ao incorporar mais dados em cada transmissão.

Transmit beamforming

Transmit beamforming é uma técnica versátil para transmissão de sinal de um conjunto de várias antenas para um ou vários usuários. Nas comunicações sem fio, o objetivo é aumentar a potência do sinal no usuário pretendido e reduzir a interferência em usuários não previstos.

BSS Coloring

O Basic Service Set (BSS) Coloring marca frequências compartilhadas para permitir que os pontos de acesso de Wi-Fi 6 determinem se o uso simultâneo do espectro é permitido. Essa tecnologia reduz a interferência devido ao congestionamento e garante um serviço consistente para vários dispositivos conectados em ambientes de alta densidade.

Para que serve o novo padrão?

(Fonte: Samsung/Reprodução)

O Wi-Fi 6 fornece a base para uma série de usos atuais e emergentes, desde streaming de filmes em 8K até a utilização de jogos que exigem alta largura de banda e baixa latência. Mesmo em redes grandes e congestionadas em estádios, aeroportos, estações de metrô e trem, a tecnologia garante uma conexão produtiva.

O padrão pode beneficiar corporações em que os funcionários acessam grandes arquivos de servidores de internos e da nuvem, permitindo colaboração de alta performance. O Wi-Fi 6 permite ainda que instituições de ensino expandam os sistemas de aprendizagem digital, aumentando a participação de treinamentos em realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA).

Na Saúde, a tecnologia possibilita o aumento da telemedicina, a transmissão de imagens em 3D em tempo real, as cirurgias remotas e o aprimoramento do acompanhamento a distância de pacientes críticos. O padrão oferece também a possibilidade de upgrade de softwares industriais para garantir segurança e operações mais eficientes das máquinas.

Quais são as diferenças na prática entre Wi-Fi 6 e Wi-Fi 5?

(Fonte: Shutterstock)

O Wi-Fi 6 permite velocidades de até 9,6 gigabits por segundo (Gbps), acima dos 3,5 Gbps do Wi-Fi 5. É bom lembrar que esses números são teóricos e provavelmente nunca serão alcançados, mas ainda é quase o triplo da largura de banda do Wi-Fi 5, o que significa mais velocidade para todos os dispositivos em uma rede.

O suporte multiusuário do OFDMA do Wi-Fi 6, comparado ao suporte de usuário único do OFDM do Wi-Fi 5, pode tornar o novo padrão mais eficiente e permitir tempos de resposta de solicitação rápidos e simultâneos.

O padrão anterior de wireless usa apenas a banda de frequência de 5 GHz para a transmissão de dados. A geração mais recente pode usar bandas de 2,4 GHz, 5 GHz e até 6 GHz, suportando melhor a taxa de transferência.

Vale a pena migrar agora?

O Wi-Fi 6 tem mais benefícios do que apenas a velocidade e é focado na implementação de IoT. Para quem tem mais de 20 dispositivos na rede doméstica inteligente ou planeja expandi-la, o upgrade vale a pena. No entanto, é preciso garantir que a maioria, se não todos, desses dispositivos tenha suporte a Wi-Fi 6, para que possam se beneficiar de wireless atualizada.

No caso de configurações de escritório ou públicas com muitos usuários, é mais provável que a migração para o Wi-Fi 6 seja um bom negócio. Contudo, o Wi-Fi 6 ainda é novo, portanto roteadores e outros hardwares custarão mais caros que os da geração anterior.

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