The BRIEF

China critica filho de Bolsonaro por acusações sobre 5G

Deputado federal publicou diversas denúncias e apagou a publicação, mas pode abalar relação entre os países

Avatar do(a) autor(a): Nilton Cesar Monastier Kleina

25/11/2020, às 07:22

China critica filho de Bolsonaro por acusações sobre 5G

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Imagem de China critica filho de Bolsonaro por acusações sobre 5G no tecmundo

A Embaixada da China no Brasil criticou declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre a tecnologia do 5G de empresas chinesas. O político, que é filho do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, apagou a publicação feita originalmente na segunda-feira (23) em suas redes sociais.

Eduardo falou que o Partido Comunista da China é um "inimigo da liberdade", voltou a acusar o país de espionagem por meio da infraestrutura de internet móvel e defendeu o projeto Clean Network Initiative, proposto pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com padrões de segurança de dados do 5G que excluem atividades chinesas. Como o republicano perdeu as eleições presidenciais e deve entregar o cargo até janeiro de 2021, não se sabe o futuro da empreitada sob o governo do candidato eleito, o democrata Joe Biden.

Em resposta, o perfil oficial da Embaixada da China publicou na terça-feira (24) uma declaração do porta-voz sobre os comentários, considerados difamatórios. 

Além de repudiar o comportamento do parlamentar, a carta ainda cita que os Estados Unidos "fabricam mentiras sobre uma suposta espionagem cibernética chinesa", pedindo que algumas autoridades brasileiras deixem de "seguir a retórica da extrema direita norte-americana".

Parceria comercial

Caso as acusações continuem, a embaixada ameaça que o país terá que "arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil".

O texto reforça que, nos últimos 46 anos, os dois países mantêm relações diplomáticas estáveis e são parceiros comerciais com tradição em diferentes setores. "A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil há 11 anos consecutivos e é também um dos países com mais investimentos no Brasil", diz o comunicado.

Ainda sem saber se poderá ou não participar de editais para integrar a futura infraestrutura do 5G no Brasil, a Huawei afirma que é mais vantajosa financeiramente — e pode até recorrer a meios jurídicos para garantir a presença no país. O leilão de frequências para operadoras, parte essencial da implementação da tecnologia na região, só deve acontecer no segundo trimestre de 2021.


Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.