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Como a inteligência artificial pode influenciar as eleições de 2026

Entenda como a inteligência artificial pode influenciar campanhas, desinformação e o voto nas eleições de 2026.

Avatar do(a) autor(a): Equipe TecMundo

schedule05/12/2025, às 09:15

Chatbots e outras plataformas de inteligência artificial (IA) generativa crescem a um ritmo acelerado em qualidade na criação de materiais. Essas melhorias constantes farão com que as eleições de 2026 no Brasil sejam as primeiras em que haverá uma provável maior utilização dessas ferramentas.

Por mais que ChatGPT e outros rivais já existam há mais tempo, a geração de imagens, áudios e até vídeos chegou a um ponto mais impressionante e perigoso só recentemente. Isso traz questionamentos sobre como inteligências artificiais podem impactar eleições de 2026.

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A seguir, refletimos sobre o como a inteligência artificial vai impactar a sociedade ao avaliar casos recentes nas redes sociais e aborda temas como usos ilegais de manipulação e desinformação em larga escala.

Como a inteligência artificial pode influenciar eleições em 2026?

A IA pode ter um peso grande nas eleições de 2026 na medida em que é capaz de criar conteúdos artificiais altamente realistas, mas que representam situações falsas e enganosas.

Em especial, ela pode ser utilizada para criar materiais artificiais a partir de mídias como texto, áudio imagem e vídeo

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Chatbots criadores de conteúdo tendem a melhorar ainda mais com o tempo. (Imagem: Getty Images)

Esses conteúdos falsos podem permanecer muito tempo no ar ou até ser espalhados por outros serviços mais difíceis de serem monitorados, como é o caso do mensageiro WhatsApp.

Além disso, plataformas como o ChatGPT podem ser adotadas como conselheiros de eleitores e, caso apresentem algum viés político, ajudarem na decisão de voto de uma pessoa.

Apesar de dificilmente conseguirem influenciar sozinhas a definição de uma eleição, já que há muitos outros fatores em jogo, essas montagens fraudulentas podem prejudicar a imagem de candidatos e direcionar esforços de órgãos eleitorais que poderiam se concentrar em outras atividades no período.

Deepfakes e manipulação de imagens

A atual preocupação mais grave envolve a criação de imagens e vídeos a partir tanto de técnicas generativas quanto pelo uso de deepfakes. Essas são as formas atualmente mais sofisticadas de criar conteúdos e, portanto, têm potencial desinformativo igualmente alto.

Deepfakes são vídeos criados a partir de uma ferramenta capaz de simular o rosto ou voz de alguém, inserindo esse elemento no corpo de outra pessoa ou adicioná-lo em um contexto totalmente falso.

Pesquisas indicam que ataques de deepfake cresceram 126% no Brasil, em fraudes que envolvem roubar a identidade de famosos para aplicação de golpes, chantagear vítimas ou espalhar desinformação com montagens.

Na política, isso pode ser feito ao colocar adversários políticos em situações polêmicas ou controversas, por exemplo, criar apoios falsos a um candidato ou até gerar falsas denúncias envolvendo a campanha do oponente ou o próprio sistema de votação.

O efeito contrário também é possível, como posicionar um candidato em um local em que ele não estava, rodado de falsos eleitores e realizando ações positivas que nunca foram feitas.

Exemplos de deepfakes na política

O segundo governo de Donald Trump já acumula usos de IA para fins políticos, a maioria deles para enaltecer a figura do presidente por meio de montagens em imagem ou então para representar uma possível reação do empresário a ataques da oposição.

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Uma montagem positiva de Trump em meio a eleitoras negras, grupo em que ele ainda buscava maior popularidade. (Imagem: Reprodução/X)

No Brasil, foram registrados deepfakes eleitorais já em 2024, com áudios manipulados por IA que copiaram a voz de políticos em campanha. 

Além disso, neste ano, um vídeo que mostra o ministro Alexandre de Moraes apoiando Jair Bolsonaro viralizou no TikTok e era claramente uma criação artificial.

Bots, redes sociais e desinformação eleitoral

Contas automatizadas, criadas em alta quantidade e talvez até com conteúdos (como foto de perfil e textos) gerados artificialmente também são encarados como problemas nas campanhas eleitorais.

Esses robôs podem ser usados para espalhar conteúdos falsos ou criar campanhas massivas de desinformação ou espalhamento de mensagens de apoio artificiais. 

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Chatbots já têm uma forma de conversa natural e dinâmica.  (Imagem: ArtistGNDphotography/Getty Images)

Além disso, há a possibilidade de criação de perfis falsos realistas, que representem eleitores que não existem ou sejam usados para disseminação de conteúdos fraudulentos.

Notícias falsas criadas por uma IA de texto ainda podem ser espalhadas por boatos sem fundamentação, com um tom exagerado de urgência e sem evidências consistentes.

Como governos estão se preparando?

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já regulamentou desde 2024 que é proibida a utilização de deepfakes em ataques "para prejudicar e desacreditar pessoas". As empresas de tecnologia serão as responsáveis por tirar esse tipo de conteúdo do ar.

Além disso, qualquer adoção de IA deve ser sinalizada na campanha e há restrições no uso de chatbots para interagir com eleitores. Mais detalhes e atualizações dessas normas devem ser compartilhados meses antes da campanha de 2026.

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Primeiro turno das eleições acontece em 4 de outubro de 2026. (Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O país também está desenvolvendo políticas variadas de IA para não exatamente combater possíveis crimes, mas auxiliar em processos públicos e desenvolver até mesmo um grande modelo de linguagem (LLM) brasileiro.

Como identificar conteúdos manipulados por IA

Apesar do alto grau de realismo dos materiais produzidos atualmente por IA, há algumas formas de identificar ou ao menos aumentar as suspeitas de que um conteúdo foi ou não manipulado por essas ferramentas.

  • Fique atento a imperfeições em áudios, vídeos e imagens. Esses sinais incluem problemas de texturas, cores ou iluminação, além de problemas de dicção no caso de áudios;
  • A sincronia labial ainda é uma dificuldade em vídeos de IA e dificilmente a boca das pessoas envolvidas casa perfeitamente com uma fala;
  • Ainda no caso de vídeos, a quantidade de cortes de cena pode ser uma evidência: os serviços hoje são capazes de gerar clipes de poucos segundos, o que exige um novo prompt que pode trazer erros de continuidade, por exemplo;
  • No caso de textos, a utilização de um vocabulário já conhecido por chatbots, subtítulos com emojis, divisão por tópicos e erros factuais ou culturais podem entregar que o material é falso;
  • Busque pelas logos de plataformas de IA no canto das telas. Ferramentas como o Gemini atualmente indicam por meio do símbolo da ferramenta se o conteúdo foi criado por ele.

Apesar de algumas iniciativas em andamento por empresas como a Google, ainda não há métodos totalmente comprovados para detectar um conteúdo feito por IA. Análises de metadados invisíveis ao usuário são esperados para auxiliar nesse tipo de avaliação.

Dicas para não cair em deepfakes e fake news

Para além das possibilidades que apontamos acima, há outros que devem ser considerados para uma pessoa tome cuidado com desinformação nas eleições de 2026 nas rede sociais.

Inicialmente, questione conteúdos recebidos, mesmo de pessoas de confiança. Materiais muito fiéis à realidade ou bem produzidos podem enganar até mesmo parentes, amigos e pessoas sem um interesse eleitoral por trás do compartilhamento.

Ainda neste ponto, analise os materiais com cautela, seguindo as orientações citadas anteriormente, e use ferramentas como a pesquisa reversa para achar a origem de um material.

Procure também acessar as fontes primárias ou especializadas em informações, como portais de notícia de confiança, instituições públicas ou até agências de checagem. Esses ambientes podem até mesmo desmentir materiais falsos que estejam circulando.

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