Afinal, será que o metaverso 'flopou'?

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Em 2021, a Meta revolucionou o mercado apresentando o metaverso. A proposta consiste em mundo virtual 3D onde os usuários poderiam realizar todos os tipos de atividades, como trabalhar ou fazer compras, através de avatares.

A ideia, porém, não é recente e já apareceu outras vezes na ficção científica, em especial no gênero cyberpunk. O filme Tron (1982), por exemplo, foi considerado a primeira representação do que seria um ambiente virtual similar a ideia propagada por Mark Zuckerberg.

Ainda no meio do entretenimento, jogos como Second Life e The Sims apresentaram a possibilidade de um mundo alternativo, com terrenos, casas, empregos, entre outras representações do que seria a vida virtual.

O metaverso consiste em um ambiente virtual onde os usuários podem interagir através de óculos de realidade virtual.O metaverso consiste em um ambiente virtual onde os usuários podem interagir através de óculos de realidade virtual.Fonte:  Getty Images 

Apesar de seu auge nos últimos dois anos, a iniciativa enfrentou uma queda igualmente grandiosa. O projeto da Meta virou tema de discussões sobre tendências no mercado tecnológico e uma pergunta permanece: será que o metaverso acabou ou ainda vamos falar dele?

Para te ajudar a encontrar as respostas, o TecMundo preparou um artigo para avaliarmos se o metaverso realmente “flopou”. Confira:

Do auge a queda, as pessoas ainda lembram do metaverso?

Em outubro de 2021, Mark Zuckerberg anunciou uma grande mudança em seu negócio trilionário. A holding, antes conhecida como Facebook, passou a se chamar Meta, em alusão ao seu novo projeto: o metaverso.

Com planos extravagantes, a nova tendência tecnológica rapidamente caiu no gosto do mercado e empresas de todos os tipos e tamanhos compraram a ideia. Investimentos milionários em equipes especializadas, dispositivos de realidade virtual e até mesmo venda de terrenos virtuais, geraram um hype estrondoso.

No entanto, na mesma intensidade em que alcançou seu auge, o metaverso enfrentou uma das quedas mais bruscas — principalmente com a chegada do revolucionário ChatGPT. Em 2022, a plataforma da Meta já apresentava um número mais baixo do que o esperado de usuários ativos, mas a ideia foi “enterrada” de vez com a mudança de foco para o chatbot.

Apesar de seu potencial, o metaverso não teve tanta adesão quanto esperado.Apesar de seu potencial, o metaverso não teve tanta adesão quanto esperado.Fonte:  Getty Images 

A inteligência artificial generativa era mais do que uma ideia e não precisava de ferramentas externas ou grandes investimentos para ser testada. Acessível para todos os tipos de públicos e regiões do mundo, o chatbot se espalhou rapidamente.

Com isso, grandes corporações, como Microsoft e Disney, fecharam suas divisões dedicadas ao metaverso e a Meta se viu obrigada a concentrar seus esforços em recursos que davam um retorno financeiro mais rápido para os investidores, como IA, monetização e criação de conteúdo.

Para muitos especialistas, porém, a promessa de que o metaverso será o futuro da internet permanece — só parece um pouco mais distante agora.

Por que o metaverso ainda não é um sucesso

Um artigo do Business Insider, intitulado “Descanse em paz, Metaverso”, lista alguns dos problemas do projeto de Zuckerberg e o porquê de seu declínio. Apesar de seus planos ambiciosos, a ideia era abrangente demais e se perdeu em suas infinitas possibilidades.

“Uma proposta de negócio funcional requer algumas coisas para prosperar e crescer: um caso de uso claro, um público-alvo e a disposição dos clientes em adotar o produto”, explica Ed Zitron para o Insider. “[Zuckerberg] não conseguiu articular os problemas básicos de negócios que o Metaverso resolveria”.

O mundo virtual planejado por Zuckerberg não teve apelo suficiente para o público atual.O mundo virtual planejado por Zuckerberg não teve apelo suficiente para o público atual.Fonte:  GettyImages 

Vale ressaltar que as promessas vazias do fundador do Facebook foram o suficiente para que a ideia se espalhasse no primeiro momento. Em poucos meses, empresas passaram a oferecer produtos para o metaverso ou aderiram ao mundo virtual — incluindo algumas que nem estavam no ramo tecnológico, como o Walmart.

No entanto, por não ter uma base forte e o mundo virtual da Meta, o VR Horizon Worlds, não ter apelo suficiente, a ideia foi se esvaindo. Previsões apontavam que milhares de usuários gastariam centenas de dólares no empreendimento, mas ninguém sabia explicar com o que ou por quê.

Especialistas acreditam que não é possível definir o metaverso em uma palavra, assim como não é fácil explicar o que é a internet. A previsão é que na Web 3.0, com blockchains e inteligência artificial generativa, o ambiente virtual será tão grande e amplo quanto a nossa atual perspectiva sobre a navegação online.

Quais as expectativas para o futuro

É importante entender que o metaverso não pode ser construído de um dia para o outro e muito menos se resume a um óculos de realidade virtual. Muitas tecnologias ainda precisam ser desenvolvidas para o mundo virtual ser possível de maneira satisfatória — incluindo novos modelos de sensores, câmeras, microfones e outros periféricos mais leves e práticos.

Arnobio Morelix, CEO da Faculdade Sirius, relembra o que aconteceu com o mercado da música. "Quando os CDs surgiram, eles não substituíram as fitas cassete imediatamente. As pessoas não tinham tocadores, fazer essa migração era caro e ainda havia uma questão cultural envolvida. Porém, sabemos que os CDs ganharam o público depois. Então vieram as plataformas de streaming e, da mesma forma, elas não foram adotadas pelo público de uma vez; foi um processo devagar, mas que, quando finalmente se popularizou, também tornou a tecnologia anterior obsoleta.  O metaverso parece estar trilhando o mesmo caminho. Aqui e lá, vemos alguns exemplos de como ele pode funcionar — como é o caso do Roblox —, mas ainda vai levar um tempo para que se torne algo dominante".

Desenvolvedores, projetistas, storytellers, entre outras categorias de profissionais serão fundamentais para o uso do metaverso ter sentido, sendo aplicado com um objetivo claro no cotidiano dos usuários. Acredita-se que com a IA generativa será mais fácil alcançar este patamar.

Especialistas afirmam que, na Web 3.0, o metaverso será o equivalente à navegação na internet como conhecemos hoje.Especialistas afirmam que, na Web 3.0, o metaverso será o equivalente à navegação na internet como conhecemos hoje.Fonte:  GettyImages 

Por fim, um ponto-chave que pode acelerar esse processo é o investimento de outras grandes empresas em produtos desenvolvidos para o ambiente virtual. Apple e Samsung, por exemplo, podem contribuir para a sua disseminação ao produzir tecnologias imersivas.

Zuckerberg pode não ter oferecido o melhor produto ou o mais atraente para te convencer a adotar o metaverso. No entanto, ele foi um pioneiro em apostar na ideia e, com certeza, ainda testemunhará o seu mundo virtual acontecendo.

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