Broadly cria galeria de imagens inclusiva para modelos trans e não binários

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O Broadly, portal de notícias da empresa de mídia digital canadense Vice Media LLC, criou uma biblioteca de fotos com mais de 180 imagens de modelos transexuais e não binários, com o objetivo de oferecer à mídia uma representação mais inclusiva e mais próxima do cotidiano dos membros dessas comunidades, quebrando estereótipos e confrontando preconceitos. Os registros foram feitos pelo artista e fotógrafo Zackary Drucker e disponibilizados gratuitamente ao público.

Fonte: Zackary Drucker/Broadly Gender Spectrum Collection

O interessante é que a necessidade da criação dessa galeria surgiu a partir de uma experiência vivida pela própria empresa. Em 2015, antes de o Broadly entrar em funcionamento, os editores estavam preparando uma publicação sobre um guia humorístico para mulheres trans não operadas e não conseguiam encontrar uma imagem ideal para ilustrar o artigo. Eles resolveram, então, usar uma foto que mostrava as pernas de um jovem vestindo meias-calças transparentes.

Diana Tourjée, responsável pela idealização do artigo, sinalizou a empresa, alertando-a sobre a falta de sensibilidade e o caráter prejudicial por trás do ato de representar uma mulher trans com uma foto de um homem cisgênero. A atitude da jornalista fez com que uma espécie de “ficha de consciência” caísse para os editores, que se desculparam e trocaram a imagem. Mesmo assim, a imagem substituta — uma mulher cisgênero vestindo shorts e com a cabeça cortada — ainda mostra que a representação dessas pessoas na mídia é deturpada.

Depois do ocorrido, o Broadly percebeu que, eventualmente, passaria de novo pela mesma situação. Ainda que tivessem redobrado o cuidado ao buscar fotos em bancos de imagens, o acervo disponível não era favorável — por esse motivo, a Gender Spectrum Collection (GSC) foi lançada.

Fonte: Zackary Drucker/Broadly Gender Spectrum Collection

Apenas 16% dos americanos dizem conhecer uma pessoa trans. A maioria reconhece os transgêneros apenas da forma como eles são representados na mídia; o problema é que, muitas vezes, essa reprodução é feita de maneira enganosa ou até mesmo destrutiva. No caso dos bancos de imagens, o Broadly constatou que os transgêneros vinham sendo representados apenas como símbolo de um movimento, no qual o orgulho por defendê-lo se coloca à frente de suas próprias personalidades e particularidades como seres humanos, aparecendo, geralmente, com a cabeça cortada ou corpos desfocados.

Com o GSC, o Broadly quer mostrar os transgêneros como eles são: pessoas comuns, que trabalham, amam, possuem uma vida social e se relacionam, e não como representantes de um grupo à parte da sociedade. A empresa também reconhece que a galeria de imagens, por si só, não é suficiente para acabar com o preconceito, e que a maior responsabilidade é dos editores, que têm o dever de retratar pessoas apenas como pessoas, porque, de fato, é isso que elas são.

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