Descubra como era ficar online na década de 80

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Você aí que costuma reclamar que a internet está lenta, que os vídeos no YouTube travam e que não dá para carregar um player junto com o navegador, saiba que não tem noção de como a web e os computadores já foram mais simples, limitados e lentos. Nos anos 80, o geeks nem ao menos sonhavam com a interação via rede social ou postagens diretas via smartphone.

Naquela época, o barulho do discador de telefone era como música para os internautas e o pornô era restrito a asteriscos e barras. Brincadeiras à parte, o site Quora fez uma pesquisa com dois especialistas em informática, os quais relembraram algumas das parafernálias do princípio da web.

No meu tempo...

David S. Rose, CEO da startup Gust, informou que está online desde 1979, sendo que seu primeiro contato com os computadores aconteceu por meio dos terminais estudantis. Um dos jogos mais populares na época era o simulador de aterrissagem lunar. Nele, os jogadores deveriam calcular a rota de pouso e informar as coordenadas apenas por linhas de comando.

O primeiro computador de David utilizava uma fita cassete para armazenar os dados, ou seja, nada de HDs externos, pendrives ou SD cards. Na época, Steve Wozniak ainda não tinha desenvolvido o software de controle para o primeiro floppy disc da Apple. Já a conexão de internet era feita por meio de um micro modem Hayes, que rodava na supervelocidade de 300 bits por segundo – muito mais que seu antecessor, de apenas 110 bps.

Embora o nome Hayes não seja tão conhecido atualmente, na década de 80 a empresa era tão onipresente quanto a Apple é hoje em dia, possuindo grande parte do mercado. Por sua vez, a empresa da Maçã era apenas mais uma no ramo de computadores pessoais.

O som da nostalgia

Antes de internet banda larga, fibra ótica e 3G, os internautas navegavam utilizando o telefone e discando para a prestadora de serviços de acesso online. Durante cerca de 28 segundos, uma série de ruídos estranhos indicavam que o modem estava negociando a velocidade de conexão com a prestadora – o pior é que isso ocorria toda vez que você tentava se conectar.

“Eu sempre fui próximo à tecnologia ‘de ponta’”, informa Rose. “Logo, os últimos 35 anos foram como um continuum... Enquanto para outros, os quais foram apresentados gradativamente às novas tecnologias, o tempo passou por etapas”.

“Lembro que, na metade dos anos 90, estava negociando com o Lycos – um dos primeiros portais a apostarem na tecnologia de busca web, provavelmente equivalente ao Yahoo! de hoje em dia. Nisso, um dos executivos se gabou de que eles possuíam o maior data center do mundo, o qual era capaz de armazenar quase oito terabytes de dados!”

“Hoje em dia, você consegue ter um drive de 8 TB por US$ 600 (aproximadamente R$ 1,4 mil) e carregá-lo junto com seu laptop. Enfim, para mim as diferenças entre agora e antes tiveram muito menos impacto do que para um estranho à comunidade”, concluiu o CEO.

Interface por comandos de linha

Makiko Itoh, editora chefe dos sites Just Hungry e Just Bento, informou que sua alternativa online doméstica no fim dos anos 80 e começo dos 90 era um CompuServe ou CIS (o acrônimo correspondente a CompuServe Information Service.

“Foi pura coincidência que eu o tenha escolhido. Na verdade, eu ganhei um computador Tandy T2000 da Radio Shack, em 1987, que veio com diversos disquetes com softwares, incluindo um pacote completo com o CompuServe. Além disso, o PC tinha um modem de 300 bps embutido”, relatou a editora. “Provavelmente, se eu tivesse ganhado um computador algum tempo depois, minha primeira experiência online poderia ter sido com o AOL”.

O CompuServe era um programa um tanto intimidador. Uma vez que você estivesse logado, era recebido com uma tela semelhante a esta mostrada abaixo – mas ainda mais básica, uma vez que a screenshot mostra uma versão mais atual, a qual fornecia acesso por um software chamado Procomm Plus.

Fóruns e bate-papo online

Tudo no CompuServe era baseado em comandos de texto, é obvio. A maioria das interações online envolvia fóruns e grupos de interesse. Na época, eles eram conhecidos como SIGs – Special Interest Groups. Neles, as pessoas participavam de discussões e criavam um depositório repleto de programas, arquivos de texto e imagens. Além disso, também era possível conversar em tempo real e mandar mensagens instantâneas básicas.

Para encontrar fóruns que atendiam seus interesses, você poderia passar horas navegando, sendo que a internet era cobrada por minuto de tempo online – sem contar a conta de telefone no final do mês. Na época, também era possível procurar por listas de papel com os nomes “Diretórios do CompuServe” ou “Páginas amarelas do CompuServe”.

“Durante 5 ou 6 anos, eu passei boas horas do dia no CompuServe. Naquela época, eles cobravam por minuto online. Em meu pior mês, a conta chegou a US$ 800 (quase R$ 2 mil), sendo que na época eu ganhava cerca de US$ 220 (R$ 538). As coisas apertaram, mas depois descobri como conseguir uma conta grátis.”

“Na época, o uso do nome verdadeiro era indispensável. Como sabemos, isso caiu com o tempo, dando lugar ao anonimato e o pseudônimo como norma. Entretanto, sites como Facebook, LinkedIn e Quora resgatam um pouco dessa tradição dos primórdios da internet. No fundo, o mundo online era – assim como ainda é agora – um local para conectar pessoas e coletar informações”, concluiu Itoh.

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