Isambard Brunel: o engenheiro que revolucionou a tecnologia do transporte

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Imagem de: Isambard Brunel: o engenheiro que revolucionou a tecnologia do transporte

(Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia)

Você sabe quem foi Isambard Brunel? Este engenheiro foi o responsável por construir inúmeras pontes, túneis e trilhos de trem durante a Revolução Industrial britânica, além de navios que conquistaram recordes e inovaram o mercado da época.

O problema é que, durante a sua vida profissional, os grandes sucessos acabaram sendo encobertos por uma série de erros, problemas durante a execução de projetos mais ousados e até controvérsias que só seriam resolvidas depois da sua morte.

Brunel é, no entanto, lembrado até hoje no Reino Unido como um revolucionário engenheiro, já que muitos dos seus feitos acabaram de fato mudando para sempre a tecnologia dos meios de transporte. Por exemplo, ele foi o primeiro a construir um navio de passageiros movido a carvão que conseguia levar apenas 15 dias para viajar da Europa para os Estados Unidos.

Primeiros projetos

Isambard Brunel em 1857 (Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia)

Isambard Brunel era filho de um engenheiro, o que acabou contribuindo para a sua escolha de profissão. Com apenas 17 anos, em 1823 ele foi trabalhar com o pai no projeto do túnel Thames, na estrada que ia de Rotherhithe para Wapping, próximo a Londres. No entanto, em 1828 uma inundação acabou destruindo quase tudo e a obra foi suspensa.

Esse foi o primeiro fracasso do novo engenheiro, que também se machucou seriamente no episódio. A verdade é que os primeiros projetos de Brunel tiveram muitos outros problemas semelhantes e um dos possíveis motivos para isso é que a tecnologia na época ainda não estava pronta para os ousados planos que ele tinha.

Great Western Railway

Trem em uma estação da Great Western Railway por volta de 1910 (Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia)

Um dos maiores sucessos — porém, também uma das maiores controvérsias — na história de Brunel foi esta estrada ferroviária, construída para ligar Bristol a Londres. Para tentar aumentar a velocidade dos trens sem comprometer a segurança da ferrovia, Brunel propôs aumentar o espaço entre os trilhos (bitola) de 1.435 mm para 2.140 mm, tornando a via mais larga.

Dessa forma, os trens acabariam tendo o centro de gravidade mais bem distribuído e seriam mais estáveis — o problema, no entanto, é que isso exigiria vagões especialmente desenvolvidos para aquela via, com o vão entre as rodas sendo maior do que o normal para a época. Veja a tabela comparativa de tamanho na imagem abaixo:

Tabela de comparação dos tamanhos de bitola (Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia)

Depois de muita discussão, Brunel acabou realmente construindo a ferrovia dessa forma, mas a controvérsia seguiu-se até depois da sua morte. O novo tamanho nunca foi adotado nacionalmente, já que encarecia demais os projetos. Este vão é atualmente o maior entre os padrões, sendo que a maior parte das vias de trem atualmente continua usando a bitola de 1.435 mm, que é economicamente mais viável.

A construção da ferrovia Great Western, no entanto, trouxe credibilidade e fama para Brunel, que conseguiu deixar os fantasmas de fracassos para trás e resolveu investir em um novo ramo de transporte: os navios de passageiros movidos a carvão. Na época, essa era uma tecnologia que estava engatinhando e os desafios foram grandes.

Ponte Clifton, construída por Brunel e que ainda está em pé (Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia)

The Great Steamship Company

A companhia de navios foi aberta para construir o SS Great Western, o maior navio de passageiros da época, que ligaria Bristol e New York em uma série de mais de 60 viagens ao longo dos anos. Isambard Brunel foi diretamente responsável pelo avanço da tecnologia nesse ramo, já que na época até os melhores engenheiros duvidavam do sucesso do projeto.

O problema é que, para carregar carvão o suficiente para cruzar da Europa até a América em 15 dias e ainda conseguir espaço para levar passageiros, o navio precisava ser muito maior do que qualquer barco já construído até então. O que Brunel descobriu, no entanto, é que, quanto maior fosse o barco, menor seria o consumo de combustível, o que acabou contando bastante a seu favor.

SS Great Western, o primeiro navio construído por Brunel (Fonte da imagem: Reprodução/Domínio Público)

Depois de tantos problemas, atrasos e desastres nas obras anteriores de Isambard Brunel, o SS Great Western (inaugurado em 1837) finalmente provou que este engenheiro era realmente um visionário. A contribuição dele para a tecnologia dos meios de transporte foi importantíssima para que, no futuro, navios ainda maiores fossem construídos.

SS Great Britain e SS Great Eastern

A sua própria companhia, depois do estrondoso sucesso do Great Western, montou mais duas imensas embarcações. O SS Great Britain  teve a sua viagem inaugural em 1843 e tinha capacidade para quase 400 pessoas, sendo novamente o maior navio da época. Depois de uma reforma, no entanto, ele passou a transportar mais de 700 passageiros.

O SS Great Britain foi reformado e está em exposição em Bristol (Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia)

Brunel novamente mostrou que era um gênio, sendo o primeiro engenheiro a construir uma embarcação deste tamanho e que funcionava por propulsão híbrida com uma hélice de seis pás (que posteriormente foi substituída por uma de quatro pás) e um casco de ferro. A sua viagem inaugural para New York levou 14 dias, um a menos do que o seu "irmão mais novo".

Depois de tamanho sucesso, no entanto, o terceiro transatlântico construído por este inovador engenheiro não teve o mesmo destino dos dois primeiros: com uma rota marcada para a Índia, o SS Great Eastern acabou tendo problemas no meio do caminho e nunca chegou ao seu destino, ficando por muitos anos parado no oceano.

O navio SS Great Eastern nunca chegou ao seu destino (Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia)

Alguns dias depois da explosão que deixou o SS Great Eastern inoperante, Isambard Kingdom Brunel sofreu um ataque do coração e acabou morrendo. Ele deixou, no entanto, mais de 1.900 km de ferrovias construídas em vários países, além de pontes, túneis, viadutos, estações ferroviárias e várias inovações tecnológicas que ajudaram os engenheiros a construírem embarcações transatlânticas cada vez maiores e mais velozes.

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