A revolução 3D começou em... 1838!

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Diversos modelos de estereoscópios (Fonte da imagem: Reprodução/Flickr-FarStarr)

O cenário tecnológico é realmente curioso. Além de evoluir em uma velocidade simplesmente inacreditável, é comum que invenções “revolucionárias” sejam descartadas e esquecidas após poucos anos de glória – ou então sejam completamente remodeladas e relançadas com um conceito parcialmente diferente.

Sejamos sinceros: pensar em imagens 3D significa pensar imediatamente em televisores de última tecnologia, óculos multicoloridos, salas de cinema colossais ou até mesmo alguns acessórios que utilizam realidade aumentada para imergir o usuário em algum cenário. O que você provavelmente não sabe é que seus tataravós já se divertiam com imagens tridimensionais muito antes da invenção da internet, dos computadores e até mesmo da televisão.

Isto era possível graças a um aparelho conhecido como estereoscópio, cuja ideia surgiu primeiramente em 1838, idealizado pelo cientista britânico Charles Wheatstone. Tratava-se de um equipamento modesto, utilizado para visualização das chamadas “imagens estéreas” – que nada mais são do que duas fotografias iguais, porém em ângulos ligeiramente diferentes, que quando vistas juntas pelo olho humano dão impressão de tridimensionalidade.

AmpliarUma fotografia estérea de 1901 (Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)

Ascensão e queda do antigo 3D

Embora a criação dos estereoscópios seja atribuída a Wheatstone, o invento só tomou grandes proporções em 1859, quando o físico e poeta Oliver Wendell Holmes, encantado com a fotografia estérea, pôs-se a trabalhar em uma forma de aprimorar e popularizar o aparelho.

Ironicamente, diferente do que acontece hoje em dia com os televisores 3D, os estereoscópios eram equipamentos bastante acessíveis e foram itens extremamente comuns em lares de famílias de classe média. Em 1890 já existia uma verdadeira indústria nos Estados Unidos e na Europa, e não era raro que empresas despachassem fotógrafos para todos os cantos do planeta a fim de competir na venda de livros ilustrados com imagens 3D.

O aparelho sobreviveu com glória por ao menos 70 anos – observando a Guerra Civil Americana e até mesmo um pequeno trecho da Grande Depressão – e é considerado por muitos historiadores como o precursor do que hoje conhecemos como fotojornalismo.

Isso porque a grande maioria dos livros que eram vendidos com pequenas imagens estéreas retrava acontecimentos em terras distantes e cidades estrangeiras, algo muito apreciado em uma sociedade que ainda nem sonhava com as maravilhas da globalização. Os estereoscópios representaram, inclusive, os violentos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial. Porém, com a invenção do rádio e de formas mais modernas de comunicação, eles acabaram caindo no esquecimento em meados de 1950.

AmpliarFotografia estérea da Brooklyn Bridge, de 1902 (Fonte da imagem: Reprodução/Xconomy)

Funcionamento e uso nos dias atuais

Um estereoscópio funciona de uma maneira muito simples: toda a sua estrutura é baseada em lentes e madeira (ou metal, no caso dos modelos mais modernos). Através de um jogo de espelhos, a imagem é levemente afastada e inclinada no sentido horizontal, fazendo com que ambas as partes da fotografia se fundam e dando origem ao aspecto de tridimensionalidade.

Hoje, os estereoscópios podem ser encontrados facilmente em antiquários ou (com um pouco de sorte) em lojas virtuais de artigos usados, como Mercado Livre e eBay. Há quem defenda que este método antiquado de visualizar imagens tridimensionais é extremamente superior às tecnologias atuais – assim como muitos afirmam que a fotografia digital não chega aos pés da boa e velha analógica.

Preferências à parte, é difícil não ficar impressionado com o nível de realismo que este simples aparelho consegue prover. Caso você já tenha tido a chance de colocar as mãos em uma dessas raridades, não deixe de contar nos comentários.

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