Canibalismo planetário pode ser mais comum do que pensávamos, diz estudo

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Imagem: Getty Images

A dinâmica orbital de dois corpos celestes segue regras da física compreendidas pelos cientistas, mas a adição de um terceiro, quarto, quinto planeta, e assim por diante, torna esse processo muito mais complexo. Nomeado como 'problema dos três corpos', o conceito foi amplamente explorado pelo escritor de ficção científica Liu Cixin. Recentemente, a obra até ganhou uma adaptação audiovisual para a Netflix.

Em uma publicação no site The Conversation, uma equipe de cientistas revela que coletou dados para compreender a imprevisibilidade que pode envolver o 'problema dos três corpos'. O estudo foi publicado na revista científica Nature.

Os investigadores do artigo realizaram um levantamento das estrelas gêmeas mais próximas e, após analisar os dados, descobriram que uma a cada uma duzia de pares de estrelas pode ter 'devorado’ um planeta.

Concepção artística de um planeta sendo capturado por uma estrela.Concepção artística de um planeta sendo capturado por uma estrela.Fonte:  Hubble/NASA 

Ao todo, aproximadamente 8% dos pares de estrelas pesquisadas apresentaram anomalias químicas, e esses dados sugerem que uma das estrelas desses pares 'engoliu' o material planetário que estava em sua órbita. O resultado do estudo só foi possível devido ao Telescópio Keck, nos Estados Unidos, e aos observatórios, Telescópio Magalhães e Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul, ambos no Chile.

"Observamos estrelas gêmeas viajando juntas. Elas nascem das mesmas nuvens moleculares e, portanto, deveriam ser idênticas. Graças a esta análise de altíssima precisão, podemos ver diferenças químicas entre as gêmeas. Isto fornece uma evidência muito forte de que uma das estrelas engoliu planetas ou material planetário e alterou a sua composição", disse o principal pesquisador do artigo, Dr. Fan Liu, e associado da Universidade Monash, na Austrália.

Canibalismo planetário

Os pesquisadores utilizaram dados espectroscópicos de 91 pares de estrelas gêmeas e, assim, descobriram que algumas das irmãs diferiam de suas gêmeas — além disso, nem todas são exatamente estrelas binárias.

O estudo também tem o objetivo de inspirar mais cientistas a estudarem o processo dos sistemas planetários e sua relação com as estrelas hospedeiras.O estudo também tem o objetivo de inspirar mais cientistas a estudarem o processo dos sistemas planetários e sua relação com as estrelas hospedeiras.Fonte:  Getty Images 

Em comparação com outros elementos, elas apresentaram um padrão químico com altas quantidades de ferro, níquel e titânio. São justamente esses fatores químicos que sugerem que uma das estrelas tenha engolido um planeta.

O artigo indica que o ‘engolimento’ de um planeta pode ter ocorrido devido a alguma instabilidade na dinâmica desse sistema. Os cientistas comentam que essas instabilidades são mais comuns nos primeiros 100 milhões de anos da vida de um sistema planetário, mas as evidências evidenciam que as amostras podem ser de períodos muito mais recentes.

"É complicado. A ingestão de todo o planeta é o nosso cenário preferido, mas é claro que também não podemos descartar que estas estrelas tenham ingerido muito material de um disco protoplanetário," Liu acrescenta.

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