Conhece 'jamais vu'? Saiba a outra peça que seu cérebro pode te pregar

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Imagem: Getty Images

A pesquisa ganhadora do Prêmio IgNobel de literatura de 2023, descreve um fenômeno no mínimo, curioso: jamais vu, o oposto do déjà vu. A pesquisa foi publicada na revista Taylor & Francis Online e traz reflexões interessantes sobre nossa memória e como nosso cérebro pode nos pregar peças, por um bom motivo.

Um grande número de pessoas já pode ter experimentado uma sensação incômoda de estar revivendo um momento. Para essa sensação de repetição, damos o nome de déjà vu. Mas esse intrigante truque do nosso cérebro, tem um oposto, o jamais vu.

Nesse caso, ao invés da sensação de reviver, quando passamos muito tempo observando, ou repetindo algo conhecido, ele vai gradualmente perdendo o sentido, ou dando a impressão de que está errado. Para os pesquisadores esses fenômenos podem estar ligados ao nosso processamento de memórias.

Não faz sentido

Aparentemente, a sensação de jamais vu não é tão comum, mas os pesquisadores descobriram um meio de estimular o fenômeno em laboratório. A equipe liderada por Akira O'Connor da Universidade de Saint Andrews, Escócia, e Christopher Moulin, Universidade Grenoble-Alpes, França, se debruçou por 15 anos em estudos experimentais, até realizar a publicação.

Já olhou ou repetiu tanto uma palavra que ela deixou de fazer sentido? Você pode ter tido um jamais vu.Já olhou ou repetiu tanto uma palavra que ela deixou de fazer sentido? Você pode ter tido um jamais vu.Fonte:  Getty Images 

Ocorreram dois experimentos. O primeiro foi realizado com 94 alunos e o segundo com 120. A primeira amostra deveria escrever repetidamente 12 palavras selecionadas, e a segunda apenas uma: "the".

Caso eles se sentissem "estranhos" e as palavras parassem de fazer sentindo, antes do fim do tempo estipulado de dois minutos, eles deveriam parar imediatamente e anotar quantas repetições haviam realizado.

Palavras mais familiares perdem o sentido em menos tempo do que as menos usuais.Palavras mais familiares perdem o sentido em menos tempo do que as menos usuais.Fonte:  Getty Images 

Ao menos 70% dos participantes realizaram uma pausa ou cessaram a escrita em decorrência do que os pesquisadores classificaram como jamais vu, no primeiro teste. Já no segundo, assim como no primeiro teste, mais da metade da amostra (55%) parou as repetições antes do fim do prazo.

Entretanto houve uma particularidade. No primeiro experimento, as pessoas paravam após 33 repetições, já no segundo, a taxa caiu para 27. Isso indicaria que quanto mais familiar a palavra ou vivência, mais rápido nosso cérebro "desliga" e para de processar a informação.

Além da curiosidade

A capacidade de realizar associações é extremamente importante para o nosso cérebro. É através dessas relações que conseguimos formar novas memórias. Porém e se não conseguíssemos processar tantas repetições usuais? Os cientistas refletem sobre como o mecanismo de jamais vu,  poderia estar ligado ao transtorno obsessivo compulsivo (TOC).

As repetições fariam com que o cérebro não armazenasse a informações tão corriqueiras, como se uma porta foi trancada ou não, dando o gatilho para as verificações. Quanto mais repetições de verificação, menor o processamento da informação, gerando ciclo sem fim.

Apesar de parecer uma pesquisa apenas curiosa, o mecanismo de jamais vu, pode dar uma pistas sobre como tratar e controlar o TOC e sobre mecanismos de associação de significado e memória.

Quer saber mais sobre o cérebro? Comece descobrindo se é mito ou verdade que o ser humano usa apenas 10% do cérebro. Para mais papos cabeça, continue acompanhando o TecMundo!

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