Cientistas projetam biocomputadores com células cerebrais humanas

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Imagem: Getty Images

Para quem pensou que a inteligência artificial (IA) seria o avanço definitivo no campo da informática, uma outra ferramenta está surgindo: a IO, ou inteligência organoide. O novo campo de estudo, proposto por cientistas de várias disciplinas, pretende aproveitar minicérebros humanos criados em laboratório como uma espécie de “hardware biológico” na montagem de biocomputadores.

Usuários dos atuais chatbots que atuam de forma conversacional percebem que o sucesso dessa IA depende de quanto ela se aproxima do funcionamento de um cérebro humano. E por mais próximo que chegue, o modelo original continua deixando para trás os mais sofisticados softwares existentes.

Imagem ampliada de um organoide cerebral cultivado em laboratório com um marcador florescente indicando os diferentes tipos de células; em rosa, os neurônios; os oligodendrócitos em vermelho; os astrócitos em verde; núcleos de células em azulImagem ampliada de um organoide cerebral cultivado em laboratório com um marcador florescente indicando os diferentes tipos de células; em rosa, os neurônios; os oligodendrócitos em vermelho; os astrócitos em verde; núcleos de células em azulFonte: Thomas Hartung/Johns Hopkins University

O caminho, teorizam os cientistas, talvez não seja fazer a IA parecer com um cérebro humano, mas sim usar o poder dos neurônios em uma forma de computação biológica. O roteiro desse novo campo disciplinar, publicado dia 27 de julho na revista Frontiers in Science, apresenta um programa de pesquisa colaborativa com o uso de organoides.

Por que organoides resultariam em bons computadores?

Os organoides são pequenos aglomerados de células-tronco cultivadas em laboratório. Embora não sejam tecnicamente "minicérebros", eles compartilham características da função e da estrutura de um cérebro humano, como neurônios e algumas células especializadas em habilidades cognitivas, como aprendizagem e memória.

Sobre o motivo da escolha dos organoides cerebrais para equipar os futuros biocomputadores, o autor sênior do estudo, John Hartung, professor da Universidade John Hopkins, explicou em comunicado: "Embora os computadores baseados em silício certamente sejam melhores com números, os cérebros são melhores em aprender."

Como serão construídos os biocomputadores organoides?

De acordo com Hartung, “Os cérebros têm uma capacidade incrível de armazenar informações, estimada em 2.500 terabytes”. Enquanto os computadores de silício estão atingindo os seus limites físicos, afirma o professor, o cérebro humano é conectado "com cerca de 100 bilhões de neurônios ligados por mais de 1.015 pontos de conexão."

Para viabilizar a construção dos biocomputadores organoides que planejam, os pesquisadores estão adaptando ferramentas de bioengenharia e aprendizado de máquina de forma a ativar e registrar atividade neural nos organoides cerebrais. A ideia é que eles passem a enviar e receber informações, além de se unirem, criando redes neurais capazes de resolver cálculos mais complexos.

Mas a tecnologia para construir biocomputadores, que está ainda em sua fase embrionária, logo irá bater de frente com uma questão ética: o que é a consciência? Será que os organoides serão capazes de desenvolvê-la?

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